Devin Nunes: Presença de estrangeiros perto da Base das Lajes é inaceitável
"É um local estratégico e não precisamos de ter ninguém por perto", indicou o congressista norte-americano Devin Nunes.
O congressista norte-americano Devin Nunes disse esta segunda-feira que a presença de entidades estrangeiras perto da Base das Lajes, nos Açores, é inaceitável, e vincou que a base açoriana “é um dos locais mais estratégicos no mundo”.
“Qualquer estrangeiro perto dessa base não é boa ideia. É um local estratégico e não precisamos de ter ninguém por perto”, vincou o republicano em entrevista à Lusa, no âmbito de uma visita às instalações de defesa naval portuguesa, que se segue à participação num encontro de legisladores luso-americanos, no fim de semana.
“Há 70 anos que as Lajes têm sido um local estratégico, não só para projetar as forças de segurança norte-americanas, mas também para proteger os Estados Unidos, e esse continua a ser o caso, e será sempre o caso, a não ser que as ilhas desapareçam por qualquer razão”, acrescentou o membro do Partido Republicano dos EUA.
A resposta de Devin Nunes sobre os estrangeiros perto das Lajes surge na sequência de declarações críticas da expansão da China a nível económico em várias partes do mundo, nomeadamente nas ilhas açorianas.
Em outubro, durante uma visita oficial à China, o primeiro-ministro português, António Costa, disse que “a base nos Açores é muito importante em termos militares, mas também em termos de logística e tecnologia e pesquisa nas águas profundas e de alterações climáticas”. Perante a insistência do jornalista da agência financeira Bloomberg, que o entrevistava em Macau, sobre a utilização da base aérea pela China, Costa admitiu: “Claro que é uma boa oportunidade para criar uma plataforma de pesquisa científica e estamos abertos a cooperação com todos os parceiros, incluindo a China”.
António Costa vincou, no entanto, que “o uso militar da base não está em cima da mesa, o que está em cima da mesa é reutilizar a infraestrutura para fins de pesquisa” e concluiu: “Seria uma enorme pena não usar a infraestrutura, e se não para fins militares, porque não para pesquisa científica“, questionou.
“Estou muito preocupado sobre qualquer envolvimento externo não só nessa base, mas em qualquer outra do mundo”, disse hoje Devin Nunes, criticando a política norte-americana sobre este tema nos últimos oito anos.
Durante a entrevista, o congressista criticou ainda a atuação da China em termos globais, nomeadamente em África, por não levar benefícios às populações dos países onde investe e militarizar as regiões.
“A China espalha influência pelo mundo; em África trazem pessoas, constroem estruturas, que muitas vezes não funcionam bem, colocam militares, não se misturam com as pessoas e só se preocupam com eles”, disse.
Para Devin Nunes, os chineses frequentemente argumentam com razões económicas quando têm fins militares: “Quando vão para esses sítios, e dizem que vão para pesquisa científica ou razões económicas e depois aparecem os militares, isso é inaceitável”, vincou.
Questionado sobre as relações entre a Rússia e as eleições norte-americanas, que ditou o afastamento de Devin Nunes da investigação, apesar de se manter como presidente da comissão parlamentar sobre informações, o republicano lembrou que “a Rússia tem estado fortemente envolvida nas eleições [norte-americanas] há décadas, mas dantes não se falava nisso”.
Os russos, considerou, “são muito bons em propaganda” e estão envolvidos também nas eleições europeias, “é o velho KGB a funcionar, há televisões russas em toda a Europa, incluindo a RT em Portugal, e são muitos bons a promover o seu regime”.
“O desafio é saber se a Rússia sai da Crimeia, da Ucrânia, e trabalha connosco contra o ‘jihadistas’, isso seria positivo, mas acho que não”, disse.
Sobre a União Europeia e a recente decisão do Reino Unido de abandonar esta entidade, e o ressurgimento de nacionalismos que têm colocado os partidos de extrema-direita mais perto do topo das intenções de voto, Devin Nunes preferiu não se alongar na análise.
“É muito importante ter uma União Europeia forte, e o desafio é o nível de burocracia em Bruxelas, saber quanta burocracia é demasiada, porque há uma linha ténue entre ter uma enorme burocracia que dificulta a vida diária das pessoas, versus dar-se bem com os vizinhos e ter uma boa relação; nós só queremos ser úteis e fortalecer a relação com os nossos aliados”, concluiu.
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