Portugal precisa de 75 mil imigrantes por ano para manter população ativa
Se não houver entradas de imigrantes, Portugal enfrentará uma "crise demográfica grave" e, em 2060, terá menos 2,6 milhões de pessoas.
Portugal precisa de receber 75 mil imigrantes adultos por ano para manter a atual população ativa. Ao mesmo tempo, terá de travar a emigração, sobretudo dos jovens. As conclusões constam do estudo “Migrações e sustentabilidade demográfica”, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que será apresentado esta tarde e que é citado na edição desta segunda-feira do Diário de Notícias.
O estudo foi elaborado por sociólogos, demógrafos e economistas e parte de uma pergunta de partida: “Quantos imigrantes seriam necessários para compensar a falta de nascimentos?”.
Os investigadores chegam a várias conclusões. Desde logo, se não houver entradas de imigrantes, Portugal enfrentará uma “crise demográfica grave” e, em 2060, terá menos 2,6 milhões de pessoas. Para manter os atuais 10,4 milhões de residentes atuais, Portugal terá de receber 47 mil imigrantes por ano.
Já para manter a população ativa, terá de receber 75 mil imigrantes por ano, um número pouco realista, tendo em conta que nem nos anos de maior fluxo migratório se atingiram esses valores. Os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) dão conta de que, em 2015, foram concedidas 37.851 novas autorizações de residência, mais 7,3% do que no ano anterior. As associações de imigrantes apontam, contudo, para que haja outros 30 mil imigrantes à espera de autorização de residência.
Resta uma alternativa: evitar que os portugueses emigrem e implementar medidas para que os que já emigraram voltem. Este poderá ser um cenário mais exequível: um estudo da Fundação Associação Empresarial de Portugal (AEP), realizado recentemente, indica que 70% dos jovens portugueses qualificados e emigrados nos últimos querem regressar ao país. Entre 2013 e 2015, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), saíram, em média, 100 mil residentes de Portugal por ano.
O estudo indica ainda que, até 2020, Portugal não precisa de mais mão-de-obra, mas, a partir desse ano, passará a ser deficitário. O défice de trabalhadores verificar-se-á a todos os níveis, mas será nos trabalhados altamente qualificados que se sentirá mais este défice.
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