Greve da Função Pública: Muitos hospitais com 100% de adesão
No balanço do meio-dia, Ana Avoila afirmou que, especialmente nos campos da saúde e da educação, a adesão à greve tem sido alta, sinal de que "os trabalhadores acreditam que é preciso mudar.
A greve nacional da Função Pública está a ter especial impacto na saúde, afirmou esta sexta-feira a dirigente sindical Ana Avoila, numa conferência de imprensa transmitida em direto pela RTP, ao meio-dia. Em vários hospitais a adesão é de 100% ou muito próxima por todo o país, e nas escolas a adesão ronda os 80%, acrescentou. Adesão essa que subiu com o turno da manhã, numa greve que continua até à meia-noite.
Ana Avoila, da Frente Comum, afirmou ainda que em vários distritos, incluindo os de Évora e Beja, todas as escolas estavam encerradas. “Nos serviços desconcentrados da Segurança Social, da Justiça, da Cultura e de outras áreas da Administração Central do Estado, registam-se encerramentos de serviços ou funcionamentos deficientes devido à adesão à greve da totalidade ou quase totalidade dos trabalhadores”, lê-se ainda no comunicado enviado pela Frente Comum às redações.
No Porto, o balanço também era positivo, afirmou outro responsável: “Temos 160 agrupamentos de escolas no distrito do Porto, ainda é um pouco cedo para sabermos o número em concreto de escolas encerradas, mas, pelo que já pudemos confirmar, há pelo menos dez estabelecimentos encerrados”, afirmou Orlando Gonçalves, coordenador dos Sindicatos dos Trabalhadores da Função Pública, que falava junto à Escola Clara de Resende, uma das que encerrou.
Segundo Orlando Gonçalves, há casos de escolas que, não estando encerradas, funcionam só parcialmente, como é o caso da Fontes Pereira de Melo, onde apenas os alunos do 7.º ano e cursos profissionais estão a ter aulas.
A norte, o hospital Pedro Hispano (Matosinhos) tem uma adesão de 70% nos primeiros turnos, o hospital de São João (Porto) 60% e o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa de 65%, enquanto nos restantes hospitais da região do Porto a adesão ronda “80 a 90%”, afirmou a mesma dirigente sindical. Já em outros centros hospitais do país, como em Coimbra, Aveiro, Leiria, Figueira da Foz, os dados indicam que “está tudo a 100%, só com serviços mínimos”.
Para Ana Avoila, da federação afeta à central CGTP, esta adesão no arranque da greve “responde às expectativas” que havia face ao “descontentamento dos trabalhadores” perante o congelamento dos salários e carreiras.
Para a dirigente sindical, com o país a melhorar “não há razão para os trabalhadores da Administração Pública continuarem com rendimento reduzido e com cada vez mais dificuldades”.
Nos hospitais, esta greve abrange assistentes operacionais, funcionários administrativos, técnicos de diagnóstico e de laboratórios, entre outros. “Não é greve de médicos e enfermeiros, mas as equipas têm de funcionar em coletivo e a greve tem o mesmo efeito como se parassem todos”, explicou Ana Avoila.
"Não é greve de médicos e enfermeiros, mas as equipas têm de funcionar em coletivo e a greve tem o mesmo efeito como se parassem todos.”
Para o setor da educação, a coordenadora da federação dos sindicatos da função pública disse que a expectativa para hoje é que estejam “encerradas centenas de escolas”.
Também serviços da Segurança Social deverão estar fechados hoje face à paralisação de trabalhadores, assim como serviços de finanças e equipamentos de cultura, afirmou, antecipando “uma grande greve”. A greve nacional da Função Pública convocada para sexta-feira pela Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSTFPS) arrancou hoje às 00:01.
O protesto foi anunciado no início de abril para reivindicar aumentos salariais, pagamento de horas extraordinárias e as 35 horas de trabalho semanais para todos os funcionários do Estado. O regime das 35 horas foi reposto em julho de 2016, deixando de fora os funcionários com contrato individual de trabalho, sobretudo os que prestam serviço nos hospitais EPE. A FNSTFPS, afeta à CGTP, é composta pelos sindicatos do norte, centro, sul e consulares e representa 330 mil funcionários. A última greve geral convocada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais com vista à reposição das 35 horas semanais realizou-se em janeiro do ano passado e teve, segundo a estrutura, uma adesão média entre 70% a 80%, incluindo os hospitais.
Notícia atualizada às 13h00 com mais informações.
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