“A diversidade é a nossa maior mais-valia. Capitalizemo-la”
Qual o impacto da entrada de refugiados e migrantes num país, e como afetam, também, o país que deixaram? Para o economista Philippe Legrain, estas movimentações aumentam a justiça e a riqueza.
As migrações são uma força positiva no mundo, afirma o economista britânico Philippe Legrain, e não apenas para os países que recebem os refugiados e imigrantes, mas também para os países de origem. Na sua intervenção nas Conferências do Estoril esta terça-feira, que este ano têm como tema a migração, o economista referiu que a diversidade ajuda as sociedades e é a sua “maior mais-valia”, que deve ser capitalizada.
Nos países de origem, referiu o autor do livro Immigrants: Your Country Needs Them, as remessas enviadas pelos migrantes ultrapassam em muito os fundos enviados pelos países desenvolvidos sob a forma de ajuda monetária externa — as remessas atingem os 432 mil milhões de dólares formalmente, e muito mais do que isso formalmente, referiu — além de “serem mais bem gastas”. Segundo Philippe Legrain, as remessas “vão para os bolsos das pessoas”, em vez de irem para contas na Suíça ou para comprar armas. “Pagam pela alimentação, pela água limpa, pelos medicamentos, ajudam crianças a permanecer na escola, financiam pequenas e médias empresas e beneficia a economia local de forma mais abrangente”, acrescentou.
E nos países de chegada? Desde logo, afirmou o economista, as pessoas que chegam já são “autosselecionadas”: são aquelas que são “aventurosas, dinâmicas ou desesperadas o suficiente para se deslocarem”, e têm por isso muito a contribuir para a sociedade e incentivos para se esforçarem. Os imigrantes, referiu, não “tiram empregos às pessoas locais”, porque ao gastarem dinheiro e arranjarem empregos também criam novos empregos e aumentam a produtividade.
Mas esse não é o benefício principal. “O principal benefício económico da migração, para o país que recebe, é que os migrantes são diferentes, e essas diferenças servem de complemento às nossas falências. Podem ter capacidades que os locais não têm, podem ter contactos que abrem novas oportunidades, podem querer fazer trabalhos que os jovens locais não querem fazer”, referiu Philippe Legrain. “Ou podem ser apenas jovens e esforçados, uma grande vantagem para estas sociedades envelhecidas”.
Finalmente, acrescentou o orador, “a exposição a outras culturas alarga horizontes”, e beneficia a inovação. “A nossa diversidade é a nossa maior mais-valia”, afirmou. “Devíamos capitalizá-la”.
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