Pereira Gomes renuncia às “secretas”

O embaixador Pereira Gomes enviou uma carta ao primeiro-ministro mostrando a "indisponibilidade" para aceitar o cargo de secretário-geral das "secretas" portuguesas.

O embaixador José Júlio Pereira Gomes comunicou ao primeiro-ministro, António Costa, a sua indisponibilidade para aceitar o cargo de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP).

“Importando salvaguardar a dignidade do cargo de secretário-geral do SIRP de toda e qualquer polémica, que naturalmente se repercutiria negativamente no exercício das suas funções, resolvi comunicar a S. Exa. o primeiro-ministro a minha indisponibilidade para aceitar o cargo para que me havia convidado, agradecendo-lhe a confiança em mim depositada”, lê-se na carta enviada esta quarta-feira a António Costa.

A polémica está relacionada com a atuação do embaixador em Timor, que levou a que várias figuras se tenham insurgido conta a nomeação. Uma dessas vozes tem sido a da eurodeputada Ana Gomes e, recentemente, num artigo de opinião no Público [acesso condicionado], o jornalista Luciano Alvarez chegou mesmo a acusar Pereira Gomes de mentir, fazendo referência a “alguns episódios pouco abonatórios” quando Pereira Gomes “chefiou a missão portuguesa em Timor”.

De acordo com o artigo, um desses episódios tem a ver com o abandono daquele território por parte da missão portuguesa a 9 de setembro de 1999, “por insistência” do embaixador, alegadamente “contrariando diretivas do Governo português”, na altura chefiado por António Guterres.

O primeiro-ministro manifestou entretanto o seu respeito pela forma “digna” como o embaixador Pereira Gomes decidiu renunciar ao cargo de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) e defendeu o seu comportamento em Timor-Leste. Em comunicado, António Costa elogiou também “o sentido de Estado” dos partidos da oposição neste caso, destacando o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho.

Teresa Morais chumbada para conselho de fiscalização do SIRP

Ao mesmo tempo, a deputada e vice-presidente do PSD, Teresa Morais, falhou os dois terços necessários para ser eleita para o Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações da República Portuguesa (CFSIRP), conseguindo 112 votos em 212 votantes. Segundo disse à agência Lusa o secretário da mesa, o social-democrata Duarte Pacheco, registaram-se 75 votos em branco e 25 nulos.

A deputada conseguiu mais votos do que a totalidade das bancadas do PSD (89) e CDS-PP (18), que somariam apenas 107 votos, se todos tiverem votado. A eleição para o CFSIRP exige uma maioria de dois terços dos deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções. Neste caso, tendo votado 212 teriam sido necessários 142 votos para conseguir os dois terços.

O PS manifestou a sua oposição à escolha de Teresa Morais antes até da formalização da sua candidatura por parte do PSD, tendo a própria admitido, na terça-feira, que a sua eleição seria difícil.

(Notícia atualizada às 18h11 com a reação do primeiro-ministro.)

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