Ciberataque estará contido. Perito afasta “motivações financeiras”
O ataque informático desta terça-feira gerou quase 10.000 dólares aos burlões, mas um especialista garante que não terá tido "motivações financeiras". Não deverá "espalhar-se muito mais".
Vicente Díaz, principal security researcher da unidade de investigação da empresa da empresa russa Kaspersky, não acredita que o ataque informático desta terça-feira tenha tido motivações financeiras. “O que sabemos neste momento é que é um ataque de ransomware que não acreditamos que tenha tido motivações financeiras”, disse numa conversa telefónica com o ECO a partir de Espanha.
Um ataque de ransomware é aquele em que os dados do sistema são bloqueados e é pedido um resgate para que a chave seja fornecida — essa não terá sido, assim, o principal objetivo dos atacantes: “Normalmente, quando se fazem ataques de ransomware, o que se quer é o dinheiro das vítimas. Mas, neste caso, o malware [programa malicioso] está muito bem desenvolvido e tecnicamente avançado mas o método de pagamento era muito fraco. Tinham apenas um endereço de bitcoin e tinham apenas um e-mail”, justificou, acrescentando que a empresa ainda está a “analisar e a tentar perceber todos os detalhes” deste programa malicioso.
"Não acreditamos que [o vírus informático] se vá espalhar muito mais.”
“O problema é que o endereço de e-mail era necessário para enviar informação sobre a vítima aos atacantes para eles fornecerem a chave mas, obviamente, o endereço foi rapidamente bloqueado. Portanto, estavam a usar um método muito fraco. Isso parece indicar que os atacantes não estavam preocupados com o dinheiro, porque o vírus está muito bem implementado mas a parte do dinheiro, o pagamento, era muito, muito fraca”, sublinhou o especialista em segurança informática.
O que sabemos neste momento é que é um ataque de ransomware que não acreditamos que tenha tido motivações financeiras.
Vicente Díaz explicou, então, que acredita ter-se tratado de um ataque direcionado à Ucrânia, onde foram registadas as “vítimas originais”, com o propósito de causar “danos” e “disrupção de serviços”. Recorde-se que bancos ucranianos enfrentaram sérios problemas esta terça-feira com o ataque, tal como o governo do país e a distribuidora energética estatal, Ukrenegro.
Por fim, para o perito, este ataque teve uma escala menor do que o ataque com o vírus WannaCry que se registou em meados de maio deste ano. “Não acreditamos que se vá espalhar muito mais”, concluiu o investigador da Kaspersky ao ECO.
O facto de o endereço de e-mail dos atacantes estar desativado poderá indicar que já não é possível obter a chave para desbloquear os dados, mesmo que o pagamento do resgate seja feito. Os últimos dados apontam para 43 pagamentos realizados até ao momento, num total de 9.788,64 dólares de receita para os burlões. As autoridades não recomendam o pagamento dos resgates.
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