Granadas roubadas, redes em Tancos. O que já se sabe
O roubo de armamento militar em Tancos continua a dar que falar. O Exército diz que houve fuga de informação, o ministro assume responsabilidade política e as armas continuam em parte incerta.
Um sistema de videovigilância que não funciona há dois anos, uma eventual fuga de informação, e um conjunto de material militar que desapareceu dos Paiós de Tancos. Um “evento grave”, que aumenta o receio em torno de eventuais ataques terroristas, que levou já o ministro da Defesa a assumir responsabilidade política. Não especifica, contudo, se isso quer dizer que vai demitir-se ou não.
Granadas de mãos ofensivas e munições 9 milímetros desapareceram de dois paiolins nas instalações militares dos Paióis Nacionais de Tancos. Foi desta forma que o Exército deu a conhecer o desaparecimento de material militar. Mas depois começaram a ser conhecidos os números: 44 lança-granadas, quatro engenhos explosivos, 120 granadas ofensivas, 20 granadas de gás lacrimogéneo e 1.500 munições de calibre 9 mm.
Os autores do roubo terão cortado a rede para entrar na zona militar — até agora, não há qualquer indicação sobre quem possa ter sido o autor, ou autores, deste roubo –, tirando partido da ausência de sistemas de vigilância. É que o sistema de videovigilância das instalações militares dos Paióis de Tancos que está avariado há dois anos. Este cobria apenas “uma área dos PNT onde estariam os materiais mais relevantes” e que se encontra inoperacional, diz o Exército.
Uma falha na segurança que originou um “evento grave”, sendo que o Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, admite que houve fugas de informação internas no caso do roubo de armamento. Em entrevista à SIC o Chefe-Maior do Exército diz que quem roubou o material “tinha conhecimento do conteúdo dos paióis”. Ainda assim, o general Frederico Rovisco referiu que um incidente desta natureza “poderia ter acontecido em qualquer parte do mundo”.
Mais proteção, mas com atraso
Os Paióis Nacionais de Tancos encontram-se cercados por duas redes com cerca de 2.500 metros de extensão. Sabe-se agora que a vedação periférica exterior no perímetro poente foi reconstruída no final do ano passado, numa obra que terá custado cerca de 138 mil euros.
A este montante acresceria a verba de 316 mil euros, um despacho autorizado pelo ministro da Defesa, Azeredo Lopes a 5 de junho e que seria publicado no passado dia 19, e que teria como objetivo reforçar o perímetro de segurança através de uma vedação nos perímetros norte, sul e este. Exatamente a zona que agora foi assaltada.
Fazendo jus ao ditado “casa roubada, trancas na porta” o Exército reforçou no imediato a vigilância nesses paióis com mais operacionais. “Materializando uma preocupação do Exército em reforçar e complementar a segurança física proporcionada pela presença de uma força militar, os PNT estão também contemplados no plano de implementação de vigilância e controlo de acessos eletrónico”, refere o Exército.
Responsabilidade política. Ministro sai?
O ministro da Defesa, Azeredo Lopes veio entretanto garantir que assume “responsabilidades políticas” pelo “simples facto de estar em funções”, sem contudo especificar o que quer isto dizer. Apesar de considerar o roubo de “extrema gravidade”, Azeredo Lopes nega que este não corresponde à maior quebra de segurança do século contrariamente ao que defendeu o tenente-coronel João Paulo Alvelos, do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo.
Azeredo Lopes admitiu ainda este sábado que o material roubado pode ter o terrorismo como destino. As autoridades temem agora que o armamento roubado possa ser vendido a associações criminosas e organizações terroristas tendo já sido avisados os aliados de Portugal na União Europeia e da Aliança Atlântica. O caso está já a ser investigado pela Polícia Judiciária Militar que entretanto terá informado o Ministério Público e a Polícia Judiciária.
Lista de material roubado:
O jornal El Espanhol está este domingo a dar a lista do material roubado em Tancos. Segundo aquela publicação esta será a listagem que terá sido entregue às forças antiterroristas de Espanha.
- 1450 cartuchos de 9 mm
- 22 bobinas de fio para ativação por tração
- 1 disparador de descompressão
- 24 disparadores de tração lateral multidimensional inerte
- 6 granadas de mão de gás lacrimogéneo CS/ MOD M7
- 10 granadas de mão de gás lacrimogéneo CM Anti-motim M/968
- 2 granadas de mão de gás lacrimogéneo triplex CS
- 90 granadas de mão ofensivas M321
- 30 granadas de mão ofensivas M962
- 30 granadas de mão ofensivas M321 (em corte para instrução)
- 44 granadas foguete antitanque carro 66 mm com espoleta M4112A1 com lançamento M72A3- M/986 LAW
- 264 unidades de explosivo plástico PE4A
- 30 CCD10 (carga de corte)
- 57 CCD20 (carga de corte)
- 15 CCD30 (carga de corte)
- 60 iniciadores IKS
- 30,5 lâminas KSL (Lâmina explosiva)
(notícia atualizado às 18h40 com lista completa de material roubado)
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