Lone Star vai vender IKB, o “Novo Banco” alemão
O fundo vai vender o banco alemão que 'resgatou' à Alemanha há cerca de nove anos, antes de comprar o Novo Banco. O Lone Star já tinha tentado vender o IKB, mas nunca conseguiu atrair investidores.
O fundo norte-americano Lone Star prepara-se para vender o o IKB, o “Novo Banco” alemão, antes de comprar o banco que resultou da resolução do Banco Espírito Santo. A instituição financeira foi comprada em 2008 à Alemanha, depois de ter recebido ajuda estatal. O IKB tem sido utilizado pelo fundo como um dos exemplos para mostrar que não pretende retalhar o Novo Banco, mas sim mantê-lo durante algum tempo no portefólio até que recupere a sua rentabilidade.
Há vários interessados. Um deles é o banco ABN Amro. A instituição financeira é um dos potenciais compradores do IKB, numa altura em que o banco controlado pelo Governo alemão tenta expandir a sua atividade junto de clientes empresariais na Europa, de acordo com fontes próximas do assunto citadas pela Bloomberg. O ABN Amro sinalizou o seu interesse na semana passada e está agora a realizar a due diligence antes de os interessados na instituição terem de entregar ofertas vinculativas, avançam fontes. Responsáveis do ABN Amro, Lone Star e IKB recusaram fazer comentários.
Segundo a Bloomberg, alguns banqueiros dizem que o IKB não é uma venda fácil, considerando a estrutura de financiamento complexa do banco, que inclui títulos equivalentes a capital que implicam custos elevados. Um acordo pode avaliar o banco entre 300 a 400 milhões de euros, ou seja, cerca de duas vezes mais do que pagou há nove anos.
O Lone Star, que tem na sua carteira outras participações no setor financeiro a nível internacional, comprou em 2008 uma participação de 90,8% no banco alemão que tinha sido resgatado pelo Estado — posição que mantém e até aumentou. Mas custou-lhe apenas 137 milhões de euros, um valor que ficou muito abaixo dos 800 milhões pedidos pela Alemanha. Depois de várias tentativas, parece que é desta que o fundo norte-americano vai conseguir vender o IKB, antes de comprar o Novo Banco — a data limite indicada por Mourinho Félix é 4 de novembro.
Comprado e vendido… quase por inteiro
O Lone Star já existe há mais de duas décadas. O fundo sediado em Dallas, no Texas, EUA, foi fundado por John Grayken em 1995, com atenções viradas para o setor imobiliário. Em Portugal, o fundo tem o empreendimento de Vilamoura e centros comerciais. E é por se dedicar sobretudo a este setor, com a compra de ativos a preços reduzidos, a reestruturá-los e, depois, vender, com ganhos elevados, que tem sido apelidado por muitos de fundo ‘abutre’.
Fonte próxima do processo disse que o “termo abutre é totalmente errado”, porque os abutres alimentam-se de seres mortos. O termo mais correto? “Fundo ‘Lázaro'”, adiantou a mesma fonte. Ou seja, um fundo que ressuscita e dá vida, numa referência à personagem bíblica de Lázaro de Betânia, descrito como um amigo que Jesus teria ressuscitado.
Depois de ter ajudado o Merrill Lynch na crise financeira dos EUA — ao comprar 6,2 mil milhões de dólares em instrumentos de dívida — o fundo norte-americano foi em socorro desta outra vítima da crise do subprime: o banco alemão IKB. Missão? Reduzir o balanço, restruturando as suas operações com a venda de ativos mais arriscados para colocá-lo novamente a dar lucro. E, agora, depois de o ter comprado ‘inteiro’ há nove anos, vai vendê-lo praticamente nas mesmas condições: chegou a acordo para alienar o negócio de leasing.
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