Sinais bons da economia? CDS, BE e PCP pedem mais a Costa
A líder do CDS quer que o Governo utilize os frutos do crescimento económico para beneficiar os serviços públicos na saúde, educação e transportes. BE e PCP pedem o mesmo.
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, saudou esta sexta-feira todas as notícias positivas para a economia portuguesa e desafiou o primeiro-ministro, António Costa, a aproveitar os sinais positivos para “coisas essenciais para as populações”.
“Tudo o que sejam notícias positivas para a economia portuguesa, entendemos que é bom. É bom lembrar e saudar os empresários portugueses, as muitas pequenas, médias, micro empresas em Portugal que com o seu esforço, o seu trabalho, o seu esforço de exportações, nomeadamente, estão a contribuir para estes resultados”, afirmou Assunção Cristas.
Reagindo à divulgação do défice orçamental em 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), a líder centrista desafiou o Governo para que “estes sinais positivos sejam bem aproveitados, em coisas que são essenciais para as populações e que transformam o quotidiano”, apontando a “degradação dos serviços públicos” na saúde, educação e transportes.
"Tudo o que sejam notícias positivas para a economia portuguesa, entendemos que é bom.”
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o défice orçamental foi de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, uma diminuição face aos 3,1% registados no período homólogo.
Jerónimo de Sousa vê no défice razões para mais direitos e rendimentos
O secretário-geral comunista considerou esta sexta-feira os dados sobre o défice uma “evolução positiva” que confirma os benefícios da devolução de rendimentos e direitos aos portugueses, defendendo que o Governo socialista tem de continuar e não travar tais políticas.
“É uma evolução positiva que registamos, mas que confirma outro facto relevante: esta política de reposição de rendimentos e direitos aos trabalhadores e ao povo português teve consequências diretas nesse resultado, tendo em conta a possibilidade de algum aumento do poder de compra e as famílias estarem mais tranquilas em relação ao seu futuro”, disse Jerónimo de Sousa.
"Foi a reposição de rendimentos e direitos que permitiu uma evolução positiva na economia, então há que aprofundar e desenvolver e não parar ou abrandar em nome de um rigor.”
Entre “arruadas” autárquicas em Alcácer do Sal e Grândola, dois municípios presididos pela CDU, que junta comunistas, ecologistas e cidadãos independentes, o líder do PCP voltou-se contra a “ditadura do défice” e a “pouca flexibilidade” de um Governo que tem um “amarramento” aos “ditames” da União Europeia.
“Daqui pode-se tirar uma conclusão: este é o caminho a prosseguir e a aprofundar e não parar e recuar”, afirmou Jerónimo de Sousa. “Há aqui uma contradição que tem de ser resolvida: todos consideramos, o próprio Governo também, que foi a reposição de rendimentos e direitos que permitiu uma evolução positiva na economia, então há que aprofundar e desenvolver e não parar ou abrandar em nome de um rigor”, insistiu o secretário-geral comunista.
Sobre as negociações do Orçamento do Estado para 2018, Jerónimo de Sousa descreveu que o seu partido está nas reuniões com o executivo de António Costa “sem nenhuma linha vermelha”, mas a bater-se pelas próprias propostas, “fundamentando-as, demonstrando que é possível este avanço e este progresso”.
Passos diz que números são “os esperados” e saúda crescimento revisto em alta em 2015
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, considerou que os números divulgados esta sexta-feira sobre o défice e o crescimento são “os esperados”, desejou que possam ser melhores e saudou a revisão em alta do crescimento em 2015.
“Os dados que foram agora divulgados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] não trazem grande novidade, não trazem um dado que não fosse esperado”, considerou Passos Coelho, em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de campanha autárquica na Batalha. Por outro lado, salientou, os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que a economia em 2015 – último ano do Governo que liderou – foram de 1,8% em vez do 1,6% até agora registados.
"Estamos a crescer bastante mais porque fizemos no passado, por isso, todos, se queremos crescer mais em 2018, 2019, 2020, temos de ter mais captação de investimento e políticas reformistas.”
“O desempenho da economia em 2015 foi ainda mais robusto e isso ainda deu uma ajuda para 2016”, defendeu Passos Coelho. O líder do PSD alertou, por outro lado, que os números do INE trouxeram “outra incógnita”, qual vai ser o impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) no valor do défice. “O primeiro-ministro disse reiteradamente que o impacto seria nulo”, alertou, admitindo que esses impactos são habitualmente apenas para o passado.
Para o futuro, Passos Coelho disse esperar que a economia possa crescer mais, mas alertou que o Governo terá de fazer diferente para que tal aconteça. “Estamos a crescer bastante mais porque fizemos no passado, por isso, todos, se queremos crescer mais em 2018, 2019, 2020, temos de ter mais captação de investimento e políticas reformistas”, defendeu.
O presidente do PSD defendeu ainda que até a receita socialista “de pôr o Estado a gastar mais” está a falhar, alertando que o crescimento do investimento público no primeiro semestre está muito aquém da meta orçamental. “Nos primeiros seis meses do ano, metade do ano, só cresceu 1,2% em relação ao ano anterior. Sabem quanto é que no Orçamento do Estado se prevê que cresça em relação ao ano passado? Mais de 21%“, alertou.
“Alguém acredita que vai crescer nestes meses que sobram o suficiente para que esta meta seja atingida? Não”, acrescentou. Para o líder do PSD, estes números significam que “a própria receita socialista, que é gastar mais, desde logo em investimento”, implicava “um outro desempenho do Estado”. “Quem ouça os membros do Governo, parece que agora é que o investimento vai arrancar. Mas já lá vai tanto tempo e os projetos não saem do papel“, acusou.
Catarina Martins: agora é o momento de executar o investimento público previsto
A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou esta sexta-feira que, depois das “boas notícias” da execução orçamental, este é momento de realizar “o investimento público que estava previsto” e que, apesar de cabimentado, está parado.
“Os dados da execução orçamental mostram que a meta do défice é alcançada mais rapidamente do que estava previsto porque houve crescimento económico, ou seja, aumentam os impostos de receita de consumo e aumentam as contribuições para a Segurança Social”, disse Catarina Martins aos jornalistas à margem de uma ação de campanha em Famalicão, distrito de Braga. “Este é o momento de retirar a consequência e de executar a despesa que está prevista em investimento público. As contas públicas mostram que isso é possível, é desejável. Se temos boas notícias, façamos mais pelo país”, apelou.
"Se temos boas notícias, façamos mais pelo país.”
Questionada sobre a reação do líder do PSD, que considerou que os números divulgados esta sexta-feira sobre o défice e o crescimento são “os esperados” e saudou a revisão em alta do crescimento em 2015, Catarina Martins ironizou: “eu lembro que Passos Coelho afirmou que se esta estratégia orçamental resultasse, apelaria ao voto nas esquerdas. Estamos nas eleições autárquicas, não sei se pretende cumprir esse compromisso“.
Os dados da execução orçamental, na opinião da líder bloquista, “vêm dar razão ao que o BE sempre defendeu”, ou seja, que “recuperação de salários e pensões significa a economia a crescer, mais emprego e o país em melhores condições”.
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