Recibos verdes vão pagar mais impostos? Governo diz que não

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 16 Outubro 2017

As mudanças vão ter impacto a partir dos 1.600 euros. Para conseguir uma dedução além dos 4.104 euros será preciso apresentar despesas. Mas o Executivo entende que os recibos verdes não saem a perder.

As alterações ao regime simplificado de IRS estão no centro das atenções. Fonte oficial do Ministério das Finanças explica ao ECO que as mudanças só têm impacto em rendimentos mensais superiores a 1.600 euros, mas acredita que os contribuintes a recibos verdes não sairão a perder. Por outro lado, entende que o número de faturas no circuito vai aumentar.

Depois de Mário Centeno ter deixado a garantia, em entrevista à Antena 1, de que os trabalhadores independentes também sentiriam um alívio de impostos, fonte oficial do Ministério das Finanças reiterou a ideia ao ECO, depois de vários fiscalistas terem defendido precisamente o contrário. Para isso, salientou que estes contribuintes também vão ser abrangidos pelo impacto decorrente, nomeadamente, das novas tabelas de IRS e do mínimo de existência.

Já contando com as novas regras previstas no Orçamento do Estado, as mudanças no regime simplificado — que abrange 600 mil agregados — só vão ter impacto em rendimentos acima de 1.600 euros mensais, avança a mesma fonte oficial. Mas mesmo assim, o Governo acredita que a medida não vai penalizar rendimentos mais altos.

Em causa está a regra prevista no Orçamento do Estado para 2018, que define que, da aplicação dos coeficientes previstos no regime simplificado, não pode resultar um rendimento tributável menor do que seria obtido:

  • Pela dedução de 4.104 euros ou, se inferior,
  • Pela dedução ao rendimento bruto de um conjunto de despesas relacionadas com a atividade, onde constam prestações de serviços e aquisições de bens, encargos com imóveis, despesas com remunerações e importações.

No regime simplificado, o Fisco assume que 25% do rendimento dos recibos verdes é despesa, incidindo imposto sobre os restantes 75% (os coeficientes variam para outras situações). Num rendimento de 20.000 euros, 5.000 (25%) seriam então considerados despesa. Mas agora, com a mudança que se avizinha, é preciso apresentar faturas que cubram a diferença entre 4.104 e 5.000 euros para poder beneficiar deste último valor, aponta a mesma fonte oficial. Uma interpretação que não é uniforme.

E que tipo de faturas podem entrar? “Todas, desde que estejam relacionadas com a atividade”, avança ainda. Isto inclui, por exemplo, o fato que um advogado compre para trabalhar, ou despesas de água e luz no caso de um tradutor que exerça essa função em casa. O contribuinte não poderá, porém, usar as mesmas faturas na categoria de despesas gerais familiares.

Portanto, de acordo com a mesma fonte, ninguém sai a perder desde que peça número de contribuinte nas faturas relacionadas com a sua atividade e atinja o valor necessário, o que, no seu entendimento, não será difícil alcançar. Uma leitura que, ainda assim, não é consensual.

Com esta medida, o Governo conta que entrem mais faturas no circuito. O regime simplificado foi criado em 2001, quando não havia e-fatura: “O Estado teve de arranjar uma presunção de quais eram os custos relacionadas com os trabalhadores independentes e presumiu que fossem 25%”, explica fonte oficial. Mas hoje já é possível conhecer as despesas, o que justifica esta mudança, continua.

Portanto, para garantir que não são só os 4.104 euros que escapam à tributação, é preciso apresentar faturas. Mas também não é possível ir além dos 25%: no caso dos recibos verdes, a tributação incide, na melhor das hipóteses, sobre 75% do rendimento.

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Um domingo de incêndios. Mortes e estradas fechadas

  • ECO
  • 15 Outubro 2017

No pior dia de incêndios do ano, há mais de seis mil operacionais no terreno, morreram cinco pessoas e há mais de 20 estradas cortadas. Ainda estão 108 fogos ativos.

O pior dia de incêndios do ano. No domingo, dia 15 de outubro, mais de 300 fogos florestais, mais de 20 estradas cortadas, dezenas de pessoas encurraladas, como sucedeu na IP3, mais de seis mil operacionais envolvidos e pelo menos já contabilizadas cinco mortes, duas em Penacova, no Distrito de Coimbra, duas em Oliveira do Hospital e uma na Sertã, em Castelo Branco. Há também, pelo menos 25 feridos.

O Jornal de Notícias dava também conta de uma sexta vítima mortal, indireta, por ter entrado em contramão na autoestrada A25, na tentativa de fugir às chamas.

Ao fim da tarde deste domingo, a adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) Patrícia Gaspar já tinha afirmado que este domingo “foi o pior dia do ano em matéria de incêndios”, tendo sido ultrapassados os 300 fogos florestais. “Já ultrapassámos os 303 incêndios desde a meia-noite”, afirmou Patrícia Gaspar, no ‘briefing’ das 17h30 aos jornalistas, sublinhando que estavam àquela hora “todos os meios disponíveis empenhados no combate aos incêndios”. E piorou.

No segundo ‘briefing’ à comunicação social, que ocorreu pelas 22h00, a adjunta de operações nacional disse que ainda estavam 108 fogos ativos e, desses, 33 eram de “importância elevada”, pela sua duração, pelos meios que concentram e “pela complexidade no terreno”. “Estamos perante um cenário operacional de elevada complexidade. Temos todos os meios do terreno para fazer os possíveis e impossíveis [para apagar as chamas]. Lançava novamente um apelo: estamos ainda durante o período crítico da defesa de floresta. O uso do fogo [nesta fase] é proibido“, disse Patrícia Gaspar, na sede na ANPC, em Oeiras, distrito de Lisboa.

O incêndio da Lousã é o que mobiliza nesta noite de domingo mais meios no país (mais de 500 operacionais), estando os fogos de Alcobaça, Seia e Vale de Cambra a ser combatidos por mais de 300 operacionais cada um.

De acordo com a página oficial da Autoridade Nacional da Proteção Civil, às 20h15, o fogo que teve início pelas 08h40 na localidade de Vilarinhos, concelho da Lousã, distrito de Coimbra, era o que mobilizava mais operacionais – um total de 514, apoiados por 140 veículos e um helicóptero. Doze horas depois de ter deflagrado, tinha ainda duas frentes ativas.

Os dois fogos no concelho de Seia, no distrito da Guarda, eram combatidos por um total de 446 operacionais, apoiados por 138 veículos. Neste concelho um incêndio teve início em Sandomil às 10h26 e outro no Sabugeiro às 06h00 (sendo este o que tem maior número de operacionais). Continuavam, cada um, com quatro frentes ativas.

No concelho de Alcobaça (distrito de Leiria), destaque para dois incêndios (que tiveram início às 13h50 e às 14h30 em Praia da Légua e Burinhosa, ambos na freguesia de Pataias e Martingança). Estes fogos tinham duas frentes ativas e eram combatidos por um total de 307 operacionais, 89 veículos e um helicóptero.

Em Vale de Cambra, distrito de Aveiro, as chamas eram combatidas por 300 operacionais, apoiados por 93 veículos. Este fogo teve início às 07h15 e tinha ainda duas frentes ativas.
O incêndio da Sertã, distrito de Castelo Branco, estava a ser combatido por 278 operacionais, apoiados por 83 veículos.

Destaca-se ainda o fogo em Tomar, distrito de Santarém, que pelas 20h15 estava a ser combatido por 187 operacionais, apoiados por 51 veículos e um meio aéreo.

A essa hora, eram 22 os grandes fogos ativos no país, segundo a ANPC, e no terreno estavam mais de 3.200 operacionais, quase 1.000 veículos e três meios aéreos.
Mais de 20 estradas foram cortadas, várias localidades foram evacuadas e muitas habitações foram já destruídas. O último balanço da ANPC dava conta ainda de 23 feridos, todos ligeiros.

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Portugal pede ajuda internacional por causa dos incêndios

  • Lusa
  • 15 Outubro 2017

Perante o pior dia do ano em termos de incêndios, Portugal acionou o mecanismo europeu de proteção civil.

Portugal acionou este domingo o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos, por causa do elevado número de incêndios, disse à agência Lusa fonte do Ministério da Administração Interna.

A mesma fonte adiantou que o executivo aguarda por uma resposta aos pedidos.
Devido aos incêndios que lavram no país, foi marcada uma reunião extraordinária do Centro de Cooperação Operacional Nacional, presidida pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

A adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) Patrícia Gaspar afirmou que hoje “foi o pior dia do ano em matéria de incêndios”, tendo sido ultrapassados os 300 fogos florestais, contabilizados a partir das 00:00. Há, em diferentes zonas do país, habitações ardidas, várias aldeias evacuadas e mais de 20 estradas cortadas (inclusive autoestradas, estradas nacionais e itinerários principais) em diferentes zonas do país

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Rui Rio: “Se o PSD estivesse à frente do Governo já teríamos conseguido um défice zero”

O ex-autarca do Porto não poupa as críticas ao Orçamento que considera ser um documento apenas preocupado como presente. E defende pactos de regime, mas só depois de 2019.

“Se o PSD estivesse à frente do Governo já teríamos conseguido um défice zero e com os mesmo ganhos que as pessoas tiveram”, garantiu Rui Rio na sua primeira entrevista televisiva à TVI desde que anunciou que é candidato à liderança do PSD.

O ex-autarca do Porto não poupa as críticas ao Orçamento apresentada ao Parlamento esta sexta-feira que considera ser um documento apenas preocupado como presente. “Este Orçamento pensa mais no presente do que no futuro. Deveria preparar melhor o país para situações de menor crescimento económico. Preparar o país para trabalhar com o mar encarpado e não calmo como está agora”, disse Rui Rio. Quando questionado se o Orçamento estaria redigido numa lógica eleitoralista, para garantir uma vitória do PS nas legislativas em 2019, Rio respondeu: “Nem isso. Está a pensar em 2018 e depois logo se vê”.

Para o candidato à liderança do PSD, com a atual solução governativa o PS “não consegue fazer melhor porque está preso”, ao apoio parlamentar que os partidos mais à esquerda lhe dão na Assembleia da República. O antigo edil do Porto considera que podia fazer-se mais em termos de redução do défice, até porque o país tem vindo a beneficiar de uma trajetória descendente dos juros da dívida.

Rui Rio aponta ainda o dedo ao facto de a despesa total sobre o PIB aumentar. “Neste Orçamento a despesa total sobre o PIB aumenta de 44,5% para 44,8%. É pouco”, admite, “mas tinha de ser ao contrário”. “Temos de baixar o défice”, acrescenta, sublinhando que “se o PSD estivesse à frente do Governo já teríamos conseguido um défice zero”.

Para o responsável, que disputa o lugar de primeiro-ministro em 2019, este Orçamento “não é amigo das empresas e do investimento”. “Não gosto de falar sobre o que não sei”, diz numa ressalva por ainda não ter lido a totalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2018, “mas não vejo medidas para acarinhar a poupança e o investimento”, quando tanto o investimento privado e as exportações são fundamentais para o desenvolvimento do país. “O Estado não vai investir, mas tem de criar as condições necessárias para isso acontecer”, acrescenta.

“Nunca disse que faria um bloco central”

Rui Rio é perentório: “Nunca disse que faria um bloco central”. E para deixar claro o que quis dizer quando apresentou a sua candidatura à liderança do PSD, o responsável explicou que “os partidos têm de pôr os interesses partidários de lado” e construir entendimentos para as reformas estruturais.

“Não disse: vamos todos para o Governo. Onde é que eu disse que o PSD joga para ser segundo? Uma coisa é o Governo, outra coisa é o sentido de responsabilidade”, acrescenta. “Não é mais importante ter um pacto para criar um programa para acabar com isto dos incêndios?”, questionou. “Portugal tem de estar à frente”. A opção não passa por dizer que não a tudo o que é sugerido pelo PS: “Não é PS nada, nada, nada”. “Temos de pôr os interesses do país à frente para fazer as reformas estruturais de que Portugal precisa”.

Mas apesar de ser um acérrimo defensor de pactos de regime admite que, “antes de 2019, é difícil”. Isto porque, na cabeça de Rui Rio, esta legislatura chegará ao fim e, de acordo com o calendário do PSD, “só lá para março é que haverá presidente do partido”, ou seja, pouco mais de ano e meio para as legislativa. “Não há clima para fazer pactos de regime”, defende.

E num cenário traçado pelo próprio, em que vença as eleições legislativas com “uma maioria absoluta de 52%, que nunca ninguém teve”, defende a importância do líder da oposição “seja ele qual for” para criar esses pactos de regime em áreas com a Segurança Social, a Justiça, a Educação, etc.

“Não teria almoçado com Marcelo”

Rui Rio garante que são muitas as questões que o diferenciam de Pedro Santana Lopes com quem disputa a liderança do PSD. Desde logo o facto de “honrar” os seus compromissos, quando o ex-presidente da Santa Casa da Misericórdia “gosta de deixar as coisas a meio”.

Rui Rio justificou a razão pela qual não avançou ais cedo para disputar a liderança do partido com a necessidade de cumprir o terceiro mandato à frente da Câmara do Porto, porque fora esse o compromisso que assumira com os eleitores. “Quando me pediram que fosse estava no meio do terceiro mandato. Não fui porque cumpro até ao fim os meus compromissos. Santana não é assim, deixa as coisas a meio”, atira numa primeira farpa contra o seu adversário.

A demora na decisão de Santana Lopes em concorrer ou não à liderança da Câmara de Lisboa pelo PSD “criou um problema” ao partido, acusa Rio, ironizando que Santana “estava apaixonado com o trabalho” que estava a desenvolver na Santa Casa da Misericórdia, “mas quatro ou cinco meses depois já estava disponível para sair“.

Mas as críticas ao adversário não se ficaram por aqui. Questionado se gostaria de ter almoçado com o Presidente da República antes de ter apresentado a sua candidatura, à semelhança do que aconteceu com Pedro Santa Lopes, Rui Ri foi claro: “No quadro de uma eleição partidária não teria almoçado com Marcelo”.

Rui Rio garante ser amigo de Marcelo, mas lembra que o “Presidente da República tem de ser um elemento de equilíbrio na sociedade portuguesa. Temos de ter sempre a compreensão que a colaboração dos órgãos de soberania é vital”, disse, recordando o mal-estar que se viveu quando Mário Soares foi Presidente da República e Cavaco Silva primeiro-ministro.

Na “tanta coisa que o separa” de Santana, Rui Rio garante que o adversário “está mais à direita”. “Prova disso é o apoio que o candidato nas últimas eleições em Loures já lhe veio prestar, enquanto eu serei mais de centro-esquerda”, concluiu.

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Prova dos 9: O Governo dá com uma mão e tira com a outra?

  • Margarida Peixoto
  • 15 Outubro 2017

Assunção Cristas acusou o Executivo de, por um lado, baixar o IRS, mas, por outro, aumentar os impostos indiretos, acabando por retirar com uma mão o que deu com a outra. Será?

O Governo apresentou na sexta-feira a sua proposta de Orçamento do Estado para 2018 e comprometeu-se a baixar o IRS para os escalões de rendimento mais baixos. Contudo, também houve subida de impostos e criação de novas taxas. O Governo garante que os contribuintes saem a ganhar, prometendo uma redução — ainda que ligeira — da carga fiscal. Mas a oposição, pela voz da líder do CDS-PP Assunção Cristas, diz que no final das contas ficam na mesma. Quem tem razão? O ECO fez a prova dos nove.

A frase

O Governo dá com uma mão e tira com a outra. A par do agravamento do imposto de selo, do imposto único de circulação, do imposto automóvel, do imposto sobre a cerveja e bebidas alcoólicas, do imposto sobre bebidas refrigerantes, ainda cria mais dois impostos: o imposto sobre alimentos com sal e o imposto sobre dispositivos médicos. São dois impostos novos e cinco impostos agravados, já para não falar em medidas como o fim dos vales educação em sede de IRS que muito afetarão as famílias,” defendeu Assunção Cristas, líder do CDS-PP.

Os factos

Para testar se a ideia que Cristas passou — isto é, que feitas as contas, é indiferente para os contribuintes a descida do IRS porque vão pagar os mesmos valores nos impostos indiretos — está correta, é preciso responder a algumas perguntas:

  1. Qual é o valor do alívio previsto no IRS?
  2. Qual é a receita fiscal esperada com o agravamento dos restantes impostos e com a criação dos dois novos tributos?
  3. Quem beneficia do alívio fiscal são os mesmos que ficam penalizados pelas subidas de impostos?
  4. Há outras alterações previstas no OE2018 que tenham impacto nos rendimentos e que possam alterar as primeiras conclusões?

O ECO foi procurar as respostas para as quatro perguntas identificadas.

1 – Qual é o valor do alívio previsto no IRS?

O alívio previsto no IRS será concretizado, fundamentalmente, através de três medidas: o desdobramento do segundo e terceiro escalões em quatro; o aumento do mínimo de existência, que protege os rendimentos mais baixos da tributação, e o seu alargamento para os recibos verdes; e a eliminação por completo da sobretaxa.

Entre estas medidas, os efeitos do aumento do mínimo de existência não serão sentidos já em 2018, conforme explicou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais na conferência de imprensa sobre o Orçamento do Estado. Só em 2019, quando os contribuintes fizerem a declaração de IRS é que o acerto será feito.

O desdobramento de escalões também terá um efeito repartido pelos dois anos, reconhece o documento do Governo. Em 2018, o impacto será apenas de 230 milhões de euros, ficando os restantes 155 milhões de euros para o ano seguinte. Estes 155 milhões não serão, por isso, considerados para efeitos desta prova dos nove.

Já a eliminação por completo da sobretaxa terá impacto na totalidade em 2018, prevendo-se uma redução de receita por esta via de 260 milhões de euros.

Somando os impactos previstos apenas para 2018, o alívio do IRS representará 490 milhões de euros de coleta a menos neste imposto.

2 – Qual é a receita fiscal adicional esperada com o agravamento dos restantes impostos, e com a criação dos dois novos tributos?

O Governo vai atualizar os impostos especiais sobre o consumo à taxa de inflação (1,4%). Como estes impostos são valores nominais, a medida tem de ser aplicada para garantir que o peso do imposto sobre aquele tipo de consumo não baixa. Mas como não decorre da lei, não deixa de ser uma escolha do Executivo.

Que impostos serão atualizados ao nível da inflação?

  • IABA — o imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas;
  • Algumas taxas do imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos;
  • IT — imposto sobre o tabaco;
  • IUC — imposto único de circulação;
  • ISV — imposto sobre veículos;

Além desta atualização, há algumas alterações nos produtos incluídos na lista de bebidas açucaradas sujeitas a imposto: os néctares e os sumos concentrados passam a ser tributados. No imposto de selo também serão introduzidas alterações que visam o combate à fraude e evasão fiscal. E o imposto sobre o selo no crédito ao consumo, de que Cristas não falou, também vai aumentar.

Soma-se ainda um novo imposto sobre os produtos com elevado teor de sal. Já o imposto sobre os dispositivos médicos, de que falou Assunção Cristas, acabou por não constar na versão final da proposta de Orçamento do Estado.

Regressando ao quadro das medidas pontuais, verifica-se os valores esperados pelo Governo com estas alterações fiscais: 30 milhões de euros vindos do imposto dos produtos salgados e 150 milhões de euros através das alterações aos impostos especiais sobre o consumo.

O quadro em questão não identifica as receitas com a subida do imposto de selo, ou do imposto único de circulação. E também não refere o aumento de receita esperado pelo fim dos benefícios fiscais aos vales educação.

Há ainda a questão dos impostos para os trabalhadores com recibos verdes. O regime simplificado do IRS foi alterado e, a partir do próximo ano, os trabalhadores terão de reunir faturas das despesas com a atividade para conseguirem um valor tributável, na generalidade dos casos, de apenas 75% do rendimento. As consultoras que têm feito simulações para esta alteração antecipam uma subida de impostos para estes trabalhadores, mas o Governo garante que não haverá qualquer aumento na tributação e que a medida visa apenas incentivar as faturas. Não há por isso estimativas de impacto, porque o Executivo não espera nenhuma alteração.

3 – Quem beneficia do alívio fiscal são os mesmos que saem penalizados pelas subidas de impostos?

De acordo com o Orçamento do Estado, o desdobramento de escalões permite reduzir a taxa média do imposto aos agregados com rendimentos até aos 45 mil euros anuais. Contando ainda com a subida do mínimo de existência e o seu alargamento aos recibos verdes, o Governo estima que haja um universo potencial de 1,6 milhões de agregados beneficiados afetados. Destes, 210 mil serão diretamente afetados pela subida do mínimo de existência.

Há ainda a eliminação completa da sobretaxa. Aqui as famílias com mais rendimentos são as que vão sentir maior diferença, porque para quem tem rendimentos mais baixos a sobretaxa já foi progressivamente eliminada entre 2016 e 2017.

Ora, quem são os mais prejudicados pelas atualizações e aumentos de impostos? Como os impostos indiretos não são progressivos (ao contrário dos diretos), para um mesmo nível de consumo são proporcionalmente mais afetados os agregados com rendimentos mais baixos — precisamente os mesmos que tiveram o alívio fiscal. Mas a conclusão tem de ser lida com cautela porque o perfil de consumo poderá ser diferente consoante os escalões de rendimento.

4 – Há outras alterações previstas no OE2018 que tenham impacto nos rendimentos e que possam alterar as primeiras conclusões?

A nível fiscal, o Governo promete ainda uma dedução até 200 euros anuais em sede de IRS das despesas de estudantes deslocados com arrendamento de imóveis.

Propõe também o não englobamento dos rendimentos obtidos através de contrato de trabalho dos estudantes dependentes que estejam matriculados no ensino secundário, pós-secundário ou do ensino superior. Estes rendimentos passam a ser taxados com uma taxa liberatória de 10%. Além disso, estes agregados deixam de estar sujeitos à possibilidade de perder o acesso a prestações ou programas sociais por causa destes rendimentos.

Há ainda outras medidas decididas pelo Governo que poderiam encaixar na ideia de Assunção Cristas quando se refere ao que o Executivo “dá” neste Orçamento do Estado. Por exemplo, as pensões terão não só a atualização prevista na lei, como também um aumento extraordinário até seis ou dez euros, consoante sejam sociais, rurais e primeiro escalão das mínimas, ou as outras.

Está igualmente prevista uma revalorização salarial da função pública, com o descongelamento de carreiras e a aplicação, durante um ano completo, do horário semanal de 35 horas.

Prova dos 9

Para apurar se o Governo dá mais do que tira, o ECO recorreu à tabela dos impactos esperados com as medidas de política do Governo. No IRS, o alívio previsto apenas para 2018 é de 490 milhões de euros.

Por outro lado, com as alterações dos impostos especiais de consumo espera arrecadar mais 150 milhões de euros, a que se somam 30 milhões do novo imposto sobre os produtos com demasiado sal. Tudo somado são 180 milhões de euros.

A diferença entre “o que dá” e “o que tira” é grande: “dá” 490 milhões de euros e “tira” 180 milhões, logo dá mais 310 milhões do que tira.

Fora destas contas ficam, por um lado, o aumento no imposto de selo do crédito ao consumo e o imposto único de circulação, bem como o fim dos benefícios fiscais para os vales educação — cujos resultados o Governo não discrimina no quadro. Mas por outro também não há valores para a nova dedução para os estudantes deslocados ou o não englobamento dos rendimentos dos estudantes obtidos com contrato de trabalho no total do rendimento do agregado familiar.

Não está também considerado o possível aumento de imposto decorrente das alterações no regime simplificado de IRS.

Contudo, é difícil que estes efeitos alterem a primeira conclusão de que “dá” mais, do que “tira”. Desde logo porque as subidas dos impostos considerados correspondem apenas à atualização da inflação e não a um aumento da carga fiscal — servem para evitar que esta desça. Somando ainda as restantes medidas de aumento de rendimentos não fiscais, o Orçamento torna-se ainda mais generoso.

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Morreram pelo menos cinco pessoas vítimas dos incêndios deste domingo

  • Lusa e ECO
  • 15 Outubro 2017

Morreram cinco pessoas em incêndio em Penacova, no Distrito de Coimbra, e uma na Sertã, em Castelo Branco. Leia aqui quais são as 20 estradas que estão cortadas.

Mais de 20 estradas estão cortadas devido a incêndios, entre autoestradas (A1, A11 e A25), estradas nacionais, estradas municipais, itinerários principais (IP3 e IP6) e itinerários complementares, segundo a informação recolhida pela Agência Lusa. E, até ao momento, estão confirmadas três mortes, duas no incêndio em Penacova, distrito de Coimbra, e outra na Sertã, no Distrito de Castelo Branco. E, ao início da madrugada, a Sic Notícias e a avançava que havia mais duas vítimas mortais, dois irmãos, em Oliveira do Hospital, com cerca de 40 anos que estavam a ajudar no combate Às chamas.

O Jornal de Notícias dava também conta de uma sexta vítima mortal, indireta, por ter entrado em contramão na autoestrada A25, na tentativa de fugir às chamas.

O alerta vermelho mantém-se até às 20h00 de segunda-feira apesar das previsões de chuva, avançou a adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) Patrícia Gaspar.

Perante a “situação de emergência que se vive em Portugal continental devida aos incêndios rurais”, a Autoridade Nacional da Proteção Civil “ativou a linha telefónica 800 246 246 para responder aos pedidos de informação das populações não diretamente relacionados com as operações de proteção e socorro em curso levadas a cabo pelos agentes de proteção civil que intervêm nos diversos teatros de operações por todo o país”, revela uma nota da Proteção Civil.

A Segurança Social já está a disponibilizar locais para apoio psicossocial direto, de emergência, às populações afetadas pelos incêndios. Num comunicado enviado às redações à 00h45 era especificado que as populações de Monção, Viana do Castelo, se devem dirigir para o Pavilhão Gimnodesportivo de Monção ou para a Escola EB 2 + 3. Já no distrito da Guarda, as populações de Seia devem ir para os 2 Pavilhões Gimnodesportivo e as de Gouveia para o Pavilhão Gimnodesportivo de Gouveia e para o Seminário de Gouveia. Em Coimbra, os pontos de apoio são na Irmandade Nossa Senhora das Necessidades para as populações de Vila Nova de Poiares; o Quartel dos Bombeiros da Lousã e o Pavilhão Gimnodesportivo de Penacova. Cerca de meia hora depois, a Segurança Social anunciou a abertura de mais postos nomeadamente em Oleiros na residência de estudantes e na Santa Casa da Misericórdia de Oleiros.

Além destes apoios, existe uma Linha Nacional de Emergência Social — ligar 144 (número gratuito) — para obter informações sobre os locais onde está a ser prestado o apoio.

Cruzando os dados disponibilizados pela GNR e os que constam no Portal das Estradas da Infraestruturas de Portugal, ao nível de autoestradas, além da A1, também há um corte total da A11 (em Figueiredo e Silvares, distrito de Braga) e da A25 (Aveiro).

Em termos de estradas nacionais (EN), estão cortadas no distrito de Castelo Branco a EN 238 (Maxial da Estrada, Sertã, Castelo Branco), a EN 353 (Idanha-a-nova, Castelo Branco), a EN 350 (Pedrógão Pequeno, Sertã, Castelo Branco) e a EN 238 (Cruz do Fundão, Sertã, Castelo Branco).

No distrito de Coimbra, está fechada a EN 17 (Lagos da Beira, Oliveira do Hospital, Coimbra). A mesma EN 17 está também cortada em Folhadosa, Seia, Guarda. Na Guarda há igualmente registo do corte da EN 232 (entre Gouveia e Manteigas).

Em Viana do Castelo, está encerrada a EN 202 (entre Trovisco e Bela e entre Barbeita e Monção).

No distrito de Viseu, está cortada a EN 553 (Feirão, Resende, Viseu). Já no distrito de Aveiro, também estão cortadas devido a incêndio a EN 235 (Palhaça) e a N109 (Vagos).

Quanto aos itinerários principais, há um corte do IP6 – Itinerário Principal da Estremadura e Beira Baixa (Olho Marinho) e do IP3 – Itinerário Principal da Beira Litoral (Penacova).

Também está cortado o Itinerário Complementar (IC) 9 (Carregueiros, Tomar, Santarém). Depois, há uma série de estradas municipais (EM) cortadas: EM 1232 (Prilhão, Lousã, Coimbra), EM 522 (Póvoa de Serpins, Lousã, Coimbra), EM 1087 (Feirão, Resende, Viseu), EM 553-1 (Panchorra, Resende, Viseu), e a EM 1154 (Soutelo, Castro Daire, Viseu). Há ainda alguns arruamentos em que a circulação automóvel foi cortada, como em Alcobaça (Leiria) e na Ericeira (Mafra).

Ao fim da tarde deste domingo, a adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) Patrícia Gaspar tinha afirmado que este domingo “foi o pior dia do ano em matéria de incêndios”, tendo sido ultrapassados os 300 fogos florestais.

A adjunta de operações da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) Patrícia Gaspar, fala aos jornalistas durante a conferência de imprensa para balanço da situação dos incêndios em Portugal, Oeiras. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

“Já ultrapassámos os 303 incêndios desde a meia-noite”, afirmou Patrícia Gaspar, no ‘briefing’ das 17h30 aos jornalistas, sublinhando que estavam àquela hora “todos os meios disponíveis empenhados no combate aos incêndios”.

A responsável da ANPC afirmou ainda que, às 17h30, existiam 13 incêndios de importância elevada, destacando como mais graves os de Monção, o de Seia, o de Vale de Cambra, Lousã, Sertã e Arganil.

Ministra da Administração Interna preside à reunião extraordinária na ANPC

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, presidiu à reunião extraordinária do Centro de Cooperação Operacional Nacional (CCON), a decorreu este domingo ao fim da tarde na Autoridade Nacional de Proteção Civil. Horas mais tarde (pela 1h00 da manhã de segunda-feira) e perante a evolução desfavorável dos incêndios o primeiro-ministro, António Costa, deslocou-se também para Carnaxide para acompanhar a evolução de mais de 100 fogos que continuavam ativos à 1h30 de segunda-feira, 40 dos quais com gravidade.

Fonte do Ministério da Administração Interna (MAI) disse à agência Lusa que a reunião extraordinária foi convocada devido aos incêndios que estão a lavrar no país.

Fazem parte do CCON os agentes de proteção civil, como a GNR, PSP, Instituto Nacional de Emergência Médica e Instituto Português do Mar e da Atmosfera, além de outras entidades que cada ocorrência em concreto venha a justificar.

Secretário de Estado aponta origem criminosa para fogos de hoje

O secretário de Estado da Administração Interna considerou que os incêndios florestais registados este domingo têm origem criminosa, uma vez que as áreas que estão a arder são aquelas onde há pastorícia. “As áreas onde há pastorícia estão todas a arder. Isto não é por acaso”, disse Jorge Gomes, que está em Arouca, onde está situado o posto de comando do incêndio de Vale de Cambra, no distrito de Aveiro, à agência Lusa.

Questionado se considerava que os incêndios deste domingo tinham origem criminosa, o secretário de Estado respondeu: “Sim”. “Não se põe um país arder de um dia para outro só porque se anunciou que amanhã [segunda-feira] vai haver chuva. Como vai haver chuva, os pastos estão proibidos de fazer queimadas, foi prolongada a proibição até 31 de outubro, há gente que não resiste a isso, que olha para os seus interesses pessoais”, sustentou.

Jorge Gomes disse também que este domingo está a ser um “dia muito complicado”, existindo “quase 19 grandes incêndios” e é o dia do ano em que se registam “em simultâneo” o maior número de fogos de grande dimensão. O secretário de Estado garantiu ainda que “estão todos os meios mobilizados”, não estando a ser retirados dos distritos que não têm fogos, porque também pode surgir nestas zonas incêndios.

“O dispositivo foi reforçado desde a semana passada em 1.000 homens porque as condições do tempo não desagravavam. Mas isto é tudo insuficiente. Não há muito a fazer a não ser combater os incêndios e defender as pessoas e os seus bens. É isso que estão a fazer os operacionais”, acrescentou.

Seis bombeiros com ferimentos ligeiros no combate a incêndios na Guarda

Estas ocorrências, mais de 500 no domingo, que faz deste o dia com o maior número de ignições, já fizeram pelo menos 25 feridos, segundo a Proteção Civil.

 

Entre estes estão seis bombeiros que ficaram ligeiramente feridos quando combatiam incêndios rurais em Pinhel, Celorico da Beira e Gouveia, no distrito da Guarda, disseram à agência Lusa fontes hospitalares e dos bombeiros. No combate a um incêndio em Mangide, na área da freguesia de Alto do Palurdo, no concelho de Pinhel, ficaram feridos dois bombeiros da corporação de Vila Franca das Naves, Trancoso.

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca das Naves, António Santos, disse à Lusa que um dos voluntários ficou intoxicado pelo fumo e outro registou queimaduras num dos membros inferiores. “Eles estão bem. Foram assistidos no SAP – Serviço de Apoio Permanente do Centro de Saúde de Pinhel e já tiveram alta hospitalar. Já estão em casa”, adiantou.

No Centro de Saúde de Pinhel foram também assistidos dois bombeiros da corporação local, que sofreram “pequenas queimaduras e já tiveram alta”, segundo fonte da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda.

A mesma fonte disse à Lusa que no serviço de urgências do Hospital Sousa Martins, na Guarda, deram entrada esta tarde dois bombeiros “com pequenos ferimentos”, resultantes do combate às chamas nos concelhos de Gouveia e de Celorico da Beira. Pelas 17:30 os dois “soldados da paz” ainda se encontravam no serviço de urgências.

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Novo desenho das progressões é quase indiferente para os bolsos dos funcionários públicos

  • Margarida Peixoto
  • 15 Outubro 2017

O Governo cedeu à esquerda e aceitou dar 25% do aumento das progressões em janeiro, e metade logo a partir de setembro. Mas, feitas as contas, a diferença para os trabalhadores é pequena.

Com a insistência do PCP, o Governo aceitou uma nova forma de fasear o descongelamento das progressões da Função Pública. Em vez de receberem o correspondente a um terço do aumento este ano, os trabalhadores vão chegar ao final de 2018 já com metade do valor a que têm direito. Contudo, no final das contas, a diferença para os bolsos dos funcionários públicos é quase irrelevante.

Até à véspera da entrega do Orçamento do Estado, a proposta de descongelamento das progressões dos funcionários públicos aceite pelo Governo previa que, em 2018, os funcionários públicos passassem a receber o correspondente a um terço do aumento salarial decorrente da progressão na carreira, ficando os restantes dois terços para 2019 (o primeiro logo em janeiro e o segundo, que corresponde ao pagamento completo do aumento salarial decorrente das progressões, em dezembro).

Contudo, esta sexta-feira, horas antes de o Executivo entregar a proposta do OE2018 na Assembleia da República, fonte oficial do PCP confirmou ao ECO que tinha conquistado um novo acordo para o pagamento das progressões: em janeiro de 2018 os funcionários públicos vão receber 25% do valor do aumento que decorre das progressões e em setembro recebem mais 25%. Assim, no final do ano, já estão a receber metade do aumento salarial previsto. Depois, no próximo ano, ganham mais 25% em maio e, em dezembro, recebem o aumento por completo.

Os dois cenários em comparação

 

Posto isto, o que é melhor? Receber logo em janeiro 33% do aumento previsto, mas ter de esperar por janeiro de 2019 para receber 66%, ou ganhar um pouco menos nos primeiros meses do ano (25%), mas receber logo 50% a partir de setembro? É quase o mesmo. Pelo menos, é o que mostram as contas feitas com base nas estimativas de despesa que o Governo tinha para esta medida.

Vejamos um exemplo para um funcionário público que tenha direito a um aumento de cem euros.

Exemplo para um aumento de 100 euros

Fonte: ECO, valores em euros

Segundo o Executivo, seria possível gastar cerca de 200 milhões de euros no primeiro ano de devolução. A maior parte do custo (400 milhões de euros) ficaria depois para 2019. Assumindo estes valores, o Governo estaria a contar com um acréscimo ligeiramente acima de 14 milhões de euros por cada mês de pagamento de salários, no primeiro ano do descongelamento. Nos meses em que há subsídio de férias ou de Natal a receber, o valor sobe para o dobro.

Com o novo desenho do faseamento, o custo até setembro cai para cerca de 10,7 milhões de euros — é o período durante o qual os funcionários públicos estão a receber uma parcela menor do aumento salarial das progressões. Depois, de setembro em diante, o gasto mensal sobe para o dobro (cerca de 21,4 milhões de euros).

Feitas as contas, tanto num cenário, como no outro, o Governo assume um custo no primeiro ano de cerca de 200 milhões de euros — a proposta do Governo custava 198 milhões de euros, a conquista do PCP fez subir o custo para 204 milhões (são 2,8% de aumento num ano).

Em 2019, a diferença mantém-se muito pequena: tanto um modelo de faseamento como o outro custam cerca de 200 milhões de euros, o que quer dizer que no final do ano, é mais ou menos indiferente para os funcionários públicos. Ou seja, a escolha é entre receber sempre o mesmo ao longo de cada um dos anos, ou receber um pouco menos no início, para depois ganhar mais no final.

Em 2020, ou seja, na próxima legislatura, é o primeiro ano em que este descongelamento está já a surtir efeitos a 100%. Isto implicará um novo aumento de 200 milhões de euros na despesa pública para pagar os salários dos funcionários públicos, quando comparado com os valores de 2018.

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Centeno promete o maior corte estrutural no défice desde que é ministro. Como?

  • Margarida Peixoto
  • 15 Outubro 2017

A descida do IRS paga-se com o aumento de outros impostos e com os dividendos do Banco de Portugal. Os aumentos de despesas com prestações e salários compensam-se com outros cortes na despesa.

No Orçamento do Estado para 2018, o ministro das Finanças, Mário Centeno, promete a maior consolidação orçamental desde que é ministro: 0,5 pontos percentuais do PIB. Mas não promete só isso. Também promete baixar os impostos, subir as pensões, descongelar as progressões dos funcionários públicos, reativar o investimento. Onde é que está o gato?

Duas semanas antes da apresentação do Orçamento do Estado para o próximo ano, as medidas de reposição de rendimentos começaram a ser avançadas pelos partidos da esquerda que dão apoio parlamentar ao Executivo socialista. Mas para além das dúvidas sobre o desenho concreto das medidas — mais ou menos faseadas, mais ou menos abrangentes — houve uma interrogação que foi ficando no ar: como é que o Governo vai encaixar tudo no Orçamento e, ao mesmo tempo, respeitar as regras de Bruxelas?

O ECO foi procurar a resposta ao relatório do Orçamento do Estado. Encontrou algumas pistas, mas também ficaram interrogações por responder.

Primeiro o que é possível concluir. Olhando para as medidas de política orçamental — o tradicional quadro que, nos tempos da troika, era sinónimo do quadro das medidas de austeridade — obtém-se a forma como o ministro das Finanças jogou com as peças do Orçamento para construir o puzzle.

Desde logo, verifica-se que Centeno se compromete a consolidar o défice sobretudo pelo lado da despesa: de um esforço de 482 milhões de euros, 89% são poupanças, enquanto pouco mais de 10% correspondem a subidas de receita. Isto quer dizer que do lado da receita verifica-se sobretudo uma recomposição das fontes de coleta.

O que acontece à receita?

Por exemplo: a alteração dos escalões do IRS terá um impacto de 230 milhões de euros em 2018 (o restante impacto, de 155 milhões, só chegará em 2019, quando forem feitos os acertos e reembolsos de imposto). A esta perda de receita juntam-se 260 milhões de euros a menos por causa da eliminação da sobretaxa. São 490 milhões de euros de alívio fiscal só no IRS.

Mas esta perda de receita será compensada com os dividendos do Banco de Portugal (no valor de 500 milhões de euros, ou seja, 148 milhões de euros a mais do que no ano anterior). Há um acréscimo da receita de fundos estruturais na ordem dos 167 milhões de euros, mas este valor é mais do que compensado com a correspondente despesa (178 milhões de euros).

A isto somam-se 150 milhões de euros de coleta a mais em impostos especiais sobre o consumo, 30 milhões vindos do novo imposto sobre os alimentos com demasiado sal e 50 milhões de euros do “exercício de revisão da receita” — uma iniciativa do Governo para melhorar a coleta.

Resumindo, a carga fiscal desvia-se do IRS para os impostos indiretos e a perda de coleta que ainda faltaria compensar é paga pelos dividendos do banco central.

E do lado da despesa?

É aqui que a consolidação, grosso modo, acontecerá, promete Centeno. Primeiro vejamos o que implicará gastos acrescidos face a 2017:

  • O descongelamento de carreiras, em 211 milhões de euros;
  • A atualização extraordinária de pensões, em 154 milhões de euros;
  • Uma nova prestação social para a inclusão, em 79 milhões de euros;
  • E as alterações nas reformas para as carreiras longas, em 48 milhões de euros.

Nestas contas não faz sentido entrar com as despesas de fundos estruturais, cujo acréscimo está praticamente coberto, como já referido, pela receita de fundos estruturais.

Assim, há 492 milhões de euros adicionais que se justificam exclusivamente por medidas discricionárias do Governo. Ora, Centeno precisa de encontrar forma de mais do que compensá-las, porque só assim evita que o impacto da subida mecânica dos gastos públicos, garantida pela evolução das despesas com prestações de velhice e saúde.

As medidas que o ministro encontrou são:

  • Uma poupança de 307 milhões de euros em juros — esta é a maior fonte de economia no Orçamento do próximo ano;
  • O congelamento nominal do consumo intermédio, na ordem dos 300 milhões de euros. Será uma das medidas mais difíceis de concretizar: a sua execução é dispersa pelos vários serviços públicos e implica, na prática, reduzir gastos. O efeito natural da subida dos preços terá de ser compensado através de menor despesa para que esta poupança se concretize.
  • Exercício de revisão da despesa, com uma poupança de 287 milhões de euros. Esta é uma medida recorrente que costuma ser designada como “outras poupanças setoriais.” Desta vez, o Governo decidiu incluir maior detalhe, explicando num quadro quais são as medidas previstas, e em que setor. A maior parte (166 milhões de euros) é garantida pela Saúde, com destaque para as poupanças esperadas com a regularização de pagamentos em atraso e com o controlo acrescido.
  • Contenção de outra despesa corrente, com uma poupança associada de 180 milhões de euros.
  • Uma poupança discreta de 23 milhões de euros obtida com o controlo de efetivos da administração pública, através de uma regra suavizada de ‘3 por 2’ (três saídas por cada duas entradas).

Contas feitas, o Governo diz que vai poupar quase 1.100 milhões de euros no próximo ano.

E o corte no défice é estrutural?

No relatório da proposta de Orçamento o Governo diz que sim, mas não é claro como é que o cenário se concretiza. As medidas discricionárias de consolidação orçamental valem apenas 0,2% do PIB, o que à primeira vista parece contraditório com uma consolidação estrutural de 0,5% do PIB.

Mas pode haver outros contributos que não resultam de decisões diretas do Governo, mas que ajudam, ainda assim, a baixar os gastos estruturais. É o caso das despesas com juros: na medida em que resultem de pagamentos antecipados ao FMI ou de outras medidas de gestão da dívida, faz sentido que sejam identificadas no quadro de políticas orçamentais; mas se resultarem da descida dos juros cobrados à República, de acordo com a evolução dos mercados, não deverão ser inscritas nesse quadro e o ajustamento da evolução cíclica da economia pode não cobrir, na totalidade, este efeito. No documento, Centeno identifica uma redução do peso dos juros no PIB de 0,3 pontos percentuais.

Há ainda que somar um efeito negativo no saldo orçamental global de 0,2 pontos percentuais que diz respeito a “medidas pontuais.” Este impacto não conta na hora de apurar o saldo estrutural.

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Mais de mil operacionais no combate, três incêndios mobilizam mais meios

  • ECO e Lusa
  • 15 Outubro 2017

Os incêndios que mobilizam o maior número de meios são os que lavram nos concelhos de Monção (Viana do Castelo), Seia (Guarda) e Lousã (Coimbra).

Mais de mil operacionais combatem este domingo incêndios de grande dimensão no país, sendo os fogos nos distritos de Viana do Castelo, Guarda e Coimbra os que suscitam mais preocupação, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).

Patrícia Gaspar, adjunta do comando nacional da ANPC, disse à agência Lusa que os incêndios que mobilizam o maior número de meios são os que lavram nos concelhos de Monção (Viana do Castelo), Seia (Guarda) e Lousã (Coimbra).

No caso do incêndio de Monção, que começou às 20h21 de sábado, Patrícia Gaspar adiantou que dois idosos foram retirados da localidade de Bela “por prevenção devido ao fumo” e duas casas foram afetadas pelas chamas em S. Paio e Velhas, sendo uma das habitações desabitada.

A mesma responsável afirmou que estão meios de socorro no local para garantir a proteção das habitações em cinco localidades do concelho de Monção, que está a ser combatido por 172 operacionais, 55 viaturas e dois meios aéreos.

Às 14:31 havia 233 ocorrências, combatidas por 3.502 operacionais, 1.055 viaturas e 12 meios aéreos. Este era o cenário, de acordo com a página da Proteção Civil:

Patrícia Gaspar disse que o incêndio que lavra no concelho da Lousã “está intenso e muito ativo”, tendo já sido retiradas pessoas das casas em Boque, Piares e Serpins, mas ainda não se registam evacuações em aldeias, que têm meios de socorro para proteger as populações. A vice-presidente da câmara de Monção disse, entretanto, à Lusa que este incêndio encontra-se “completamente descontrolado” e já “consumiu” várias casas.

O fogo em mato e pinhal que deflagrou às 6h03 de hoje no concelho de Seia é “de grande dimensão e tem quatro frentes ativas”, adiantou Patrícia Gaspar, sustentando que já foram retiradas pessoas das casas e estão meios de proteção em várias aldeias.

Cerca de 30 pessoas foram retiradas das suas casas por precaução em aldeias do concelho de Seia, onde lavra um incêndio florestal, disse o presidente da Câmara, Carlos Filipe Camelo, à agência Lusa. Patrícia Gaspar adiantou ainda que também no concelho da Guarda há outro incêndio de grande dimensão a lavrar, além dos fogos nos distritos de Viseu e Braga. A adjunta do comando nacional da ANPC disse ainda que desde as 00h00 de hoje registaram-se 129 incêndios florestais.

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Tem ideias para presentes, mas pouco talento? Talanti ajuda

  • ECO
  • 15 Outubro 2017

O projeto de Beatriz Cardoso possibilita a criação de presentes únicos em colaboração com artistas em 13 categorias, da dança à ilustração, passando pela olaria, poesia, vídeo, pop-art e decoração.

Na festa de aniversário de 40 anos de Rita, Pedro quis surpreender a mulher. Escreveu-lhe uma canção e, com o grupo Chá Dançante à guitarra, ofereceu-lhe um presente memorável. “A Rita adorou”, recorda Beatriz Cardoso, fundadora do Talanti, serviço de presentes artísticos personalizados que ajudou Pedro a organizar esta surpresa, em conversa com o ECO.

Com 20 artistas na carteira e pouco mais de cinco meses de existência, o Talanti pretende unir os que têm boas ideias para ofertas, mas não o talento para as tornar realidade, àqueles que o conseguem fazer. “Gosto de fazer pontes”, adianta Beatriz.

Cansada do mundo corporativo, a gestora de produto decidiu apostar na área criativa: por isso, os seus clientes fogem dos hábitos de consumo tradicionais com “produtos não imediatos”, únicos e “que exigem o seu envolvimento do primeiro ao último momento”. O Talanti disponibiliza a possibilidade de criação de presentes em 13 categorias, da banda desenhada à poesia, passando pela olaria e pela interpretação ao vivo de um história de vida, experiência que Rita escolhera, meses antes da serenata feita por Pedro, para marcar o 40ª aniversário do marido.

“O Talanti está presente sobretudo em momentos celebrativos e de agradecimento”, diz a fundadora, que realça a diversidade de ocasiões, pedidos e pessoas que já passaram pelo serviço. Os preços destas ofertas com cunho artístico e pessoal variam entre os 47€ (por uma tira de banda desenhada) e os 580€ (pela decoração de uma divisão da casa).

Pelo que exigem de quem os encomenda, os presentes do Talanti são sinónimo de dedicação, característica que serve de pilar ao serviço. “Em lituano, Talanti significa talento e quase que parece ‘para ti’, que é o nosso conceito base, esse de um alguém que dá a outro alguém”, acredita Beatriz. “Também a podemos ver como ‘ta’, dos que encomendam, ‘lan’, dos artistas, ‘ti’, dos que recebem”, acrescenta.

Para já, a prioridade é consolidar as categorias de presentes já conseguidas, até porque acumular novas poderia “confundir os clientes”. Embora oficialmente no mercado desde abril, só agora o serviço de Beatriz está a investir na sua divulgação e a receção, garante a fundadora, tem sido muito boa.

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Runnics acelera o passo para o mercado português

  • ECO
  • 15 Outubro 2017

A plataforma online de produtos de running pretende marcar presença junto dos corredores em Portugal. Além da venda de produtos, a Runnics pretende também apostar no aconselhamento dos clientes.

A plataforma de venda de produtos de running corre agora no mercado português. A Runnics, líder de marketplace especializado em running, fitness e moda desportiva chegou a Portugal. Para além do potencial para vendas, o CEO da empresa pretende apostar no aconselhamento junto dos clientes. A plataforma conta com o apoio da ex-atleta olímpica Carla Sacramento.

Num contexto em que a corrida urbana tem vindo a reunir cada vez mais adeptos, Eduardo Berrocal, CEO da Runnics, sublinha a importância de Portugal para a plataforma, considerando o mercado nacional “um mercado muito interessante”. A presença da empresa espanhola no país estende-se para além da venda de produtos desportivos. “Em Portugal a nossa estratégia de venda passa também pelas melhores recomendações, ajudando os atletas de qualquer nível a escolher o calçado que se adapta melhor às suas necessidades”, afirma.

Neste sentido, a Runnics conta o apoio da ex-atleta Carla Sacramento para adequar a oferta ao comprador. A atleta campeã mundial por Portugal refere que a sua função passa agora por “ajudar a criar conteúdos para os atletas e responder a dúvidas sobre o running, oferecendo conselhos e experiências como atleta de elite”.

A Runnics foi lançada em Espanha em agosto, e no espaço de um mês conseguiu um crescimento de 20% e previsões de vendas para o próximo ano acima dos cinco mil milhões de euros. Até ao final de 2018, a empresa de Berrocal deverá expandir-se para outros países na Europa. Já este ano, a plataforma foi considerada a melhor de marketplace em Espanha, tendo sido reconhecida com o prémio eAwards Barcelona.

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Boeing e Nissan usaram cobre e alumínio menos resistentes

  • ECO
  • 15 Outubro 2017

Boeing, Nissan, Toyota e Subaru são algumas das empresas que compraram produtos de alumínio e cobre com certificados de inspeção falsificados. Não há riscos de segurança ainda assinalados.

A confiança na qualidade do “made in Japan” anda pelas ruas da amargura. Depois de, no domingo, ter confessado ter fornecido informações falsas sobre a resistência e durabilidade de alguns dos seus produtos de alumínio e cobre, a Kobe Steel admite que é provável que mais casos de falsificação deste género sejam divulgados, durante o curso da investigação. Mais de duas centenas de empresas, incluindo a Boeing, Nissan, Toyota e Subaru, poderão ter sido afetadas.

Os produtos, cujos dados técnicos foram alterados, acabaram por ser usados por carros, comboios, aviões e até eletrodomésticos, como LCDs. Os certificados de inspeção da Kobe Steel foram “reescritos de forma inapropriada e enviados como se cumprissem as especificações”, sublinhou a empresa. Esta quarta-feira, o terceiro maior fabricante de aço do Japão confirmou ainda que também os dados sobre o pó de ferro foram falsificados.

No último ano, a manipulação dos dados técnicos afetou 19.300 toneladas de produtos de alumínio laminado, 19.400 toneladas de peças de alumínio forjado e fundido e 2.200 toneladas de produtos de cobre. Com o inflamar deste escândalo, a empresa continua a derrapar no mercado de ações. Os títulos da Kobe Steel já recuaram 18%. A fabricante tem agora um valor de mercado 1,6 mil milhões de dólares (pouco mais de 1,3 milhões de euros), inferior ao anteriormente registado, reporta a Bloomberg.

De acordo com uma estimativa da unidade japonesa da JP Morgan, a substituição dos produtos de alumínio e cobre afetados pelo escândalo deverá custar à Kobe Steel 15 mil milhões de dólares (12,7 mil milhões de euros), mas o dano geral (em termos legais e de reputação) deverá ser bem superior.

Até agora, segundo o Financial Times, nenhum perigo foi assinalado. Os clientes da Kobe Steel estão a conduzir investigações internas para averiguar esse risco.

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