Isabel dos Santos desmente notícia com críticas à sua gestão

  • ECO e Lusa
  • 16 Novembro 2017

Isabel dos Santos diz que a notícia veiculada pela agência Lusa, intitulada "Relatório critica desempenho de administração de Isabel dos Santos na Sonangol" é falsa, e apresenta os seus argumentos.

“A ausência de liderança e de estratégia para a petrolífera estatal angolana, bem como o alegado mau relacionamento entre a Sonangol e as companhias petrolíferas, são conclusões do grupo de trabalho que avaliou o setor dos petróleos em Angola”, relata a notícia da Lusa, abaixo transcrita. Isabel dos Santos enviou um comunicado intitulado “desmentido” onde se defende.

O grupo de trabalho não se debruçou em momento algum sobre assuntos de gestão corrente ou de gestão de investimentos da Sonangol EP ou do grupo Sonangol“, afirma Isabel dos Santos.

No comunicado, explica que o subgrupo de trabalho para a “Simplificação dos Processos de Gestão das Concessões Petrolíferas” solicitou “um aumento do plafond sem autorização prévia da Concessionária, para custos recuperáveis”, o qual só poderia ser aprovado pelo Estado, pelo que a sua gestão não terá responsabilidade neste ponto.

A notícia: “Relatório critica desempenho de administração de Isabel dos Santos na Sonangol”

Em causa está o diagnóstico ao setor ordenado pelo novo chefe de Estado, João Lourenço, concluído esta semana, e que na quarta-feira precipitou a decisão do Presidente angolano de exonerar Isabel dos Santos do cargo de presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), substituída por Carlos Saturnino.

Basta dizer que nunca em 40 anos, neste país, os diretores das companhias petrolíferas pediram uma entrevista ao Presidente da República para fazerem queixas que o setor está parado.

José Oliveira

Especialista em petróleos do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola

De acordo com as conclusões apresentadas ao chefe de Estado pelo grupo de trabalho, criado em outubro, após as queixas das petrolíferas internacionais que operam em Angola, o setor petrolífero angolano apresenta uma paralisia, devido aos processos de gestão burocratizados e ineficientes, cuja responsabilidade é atribuída à Sonangol, enquanto concessionária nacional.

O documento, citado esta quinta-feira pela imprensa angolana, descreve constrangimentos e práticas na Sonangol que prejudicaram as operações do setor petrolífero, nomeadamente a burocracia imputada à gestão da concessionária, que terá elevado a 5.000 milhões de dólares (4.250 milhões de euros) os processos que esperam aprovação na concessionária nacional.

O especialista em petróleos do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola José Oliveira admitiu na quarta-feira, em declarações à Lusa, que a petrolífera “perdeu” um ano e meio de gestão com a administração de Isabel dos Santos.

"Negoceia-se, não se impõe coisas a companhias que vêm cá investir centenas de milhões de dólares”

José Oliveira

Especialista em petróleos do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola

“A situação tinha de ser reparada. Para se ter uma noção, basta dizer que nunca em 40 anos, neste país, os diretores das companhias petrolíferas pediram uma entrevista ao Presidente da República para fazerem queixas que o setor está parado, não anda, que precisa de medidas. Isto é inédito”, disse.

Como exemplos, o especialista aponta a falta de negociação da Sonangol com as companhias, atrasos nos pagamentos por parte da concessionária e outras alegadas exigências colocadas às companhias petrolíferas. “Negoceia-se, não se impõe coisas a companhias que vêm cá investir centenas de milhões de dólares“, criticou José Oliveira.

Este grupo de trabalho, de acordo com as mesmas conclusões esta quinta-feira divulgadas pelo Jornal de Angola, constatou que se deparou com uma “concessionária nacional sem liderança e sem estratégia para desenvolver o papel de impulsionadora da indústria petrolífera” e que é facto também um “mau relacionamento” entre a Sonangol, as companhias petrolíferas, subsidiárias empresas fornecedoras, “por ausência de pagamento regulares”.

É ainda assinalada a ausência de atividades de exploração, designadamente a prospeção e pesquisa de hidrocarbonetos, e apontada a “falta de sintonia” entre a petrolífera estatal e o Ministério dos Recursos Minerais e dos Petróleos.

O grupo de trabalho

O Presidente angolano, João Lourenço, deu 30 dias, a contar de 13 de outubro, para um grupo de trabalho, que integrava as principais petrolíferas que operam em Angola e a Sonangol, apresentar propostas para melhorar o desempenho da indústria nacional de petróleo e gás. O grupo foi coordenado – o prazo de 30 dias já terminou – pelo ministro dos Recursos Minerais e dos Petróleos, Diamantino Azevedo, com o objetivo de responder à “necessidade de melhorar as atuais condições de investimento na indústria de petróleo e gás, como condição relevante para o desenvolvimento futuro do país”.

A criação deste grupo de trabalho surgiu precisamente uma semana depois de as petrolíferas terem defendido, a 6 de outubro, numa reunião com o novo Presidente angolano, João Lourenço, medidas para melhorar a competitividade do setor, face aos países concorrentes.

" A agora antiga administração preocupou-se com o aspeto empresarial, de contas, de melhorar o balanço e análise de todo o grupo e esqueceu-se que a função de concessionária é tão ou mais importante”

José Oliveira

Especialista em petróleos do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola

Estiveram nessa reunião, no palácio presidencial, os administradores da BP Angola, Cabinda Gulf Oil Company (Chevron) Eni Angola, Esso Angola, Statoil Angola e Total E&P. “Isto mostra como as coisas na concessionária estavam. A agora antiga administração preocupou-se com o aspeto empresarial, de contas, de melhorar o balanço e análise de todo o grupo e esqueceu-se que a função de concessionária é tão ou mais importante“, criticou ainda José Oliveira.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Isabel dos Santos desmente notícia com críticas à sua gestão

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião