Apartamento em Hong Kong vendido por preço recorde na Ásia
Em Hong Kong, 20% da população vive na pobreza. Mas, com a inflação imobiliária, dois apartamentos foram vendidos por quase 150 milhões de dólares.
Hong Kong é a segunda cidade mais cara do mundo, atrás de Luanda. Famosa pelos seus arranha-céus e por ter os apartamentos mais caros do mundo, a cidade é também conhecida pela sua disparidade económica e social, onde quase 20% dos sete milhões de habitantes vive abaixo do limiar da pobreza. Esta semana, dois apartamentos foram vendidos por 149,1 milhões de dólares a um único comprador.
Uma cidade onde a riqueza reina mas, onde a maioria das pessoas vive sem condições de vida e de sobrevivência, Hong Kong atravessa atualmente uma crise imobiliária que leva a que os preços das habitações estejam extremamente inflacionados. Isto tem obrigado vários pequenos comerciantes a acabarem com os seus negócios e muitos moradores a mudarem-se para casas mais baratas e com menos condições por falta de condições de pagamento. De acordo com um estudo citado pela France Press, dos sete milhões de habitantes da cidade, quase 20% vive abaixo do limiar da pobreza.
Nos últimos anos, os preços das habitações dispararam. Entre 2013 e 2015, os valores dos imóveis aumentaram 370%, impulsionados pelas baixas taxas de juro, pela força da economia e pela chegada dos investidores da China Continental. A maioria dos habitantes de Hong Kong vive em apartamentos minúsculos e sobrelotados, queixando-se constantemente ao Governo da falta de espaço. Dado estes factos, o Governo chinês avançou com vários programas de habitação subsidiada mas, em 2002, tudo ficou suspenso numa tentativa de impulsionar os preços dos imóveis. E conseguiram.
Em Hong Kong, é normal famílias inteiras viverem em espaços com menos de 50 metros quadrados e muitos cidadãos transformarem as chamadas “casas-jaula” ou “casas-caixão” nas suas próprias casas. O espaço médio de habitação é de 150 metros quadrados por pessoa e a maioria das famílias de classe média têm de lutar por uma casa subsidiada pelo Governo. No entanto, recentemente foi batido um novo recorde nesta região asiática: dois apartamentos foram vendidos por um total de 149,1 milhões de dólares (126,7 mil milhões de euros) a um único comprador.
As duas habitações de luxo na zona The Peak foram vendidas por um valor recorde de toda a região asiática e o comprador prefere manter o anonimato. O primeiro apartamento, com cerca de 425 metros quadrados, foi vendido por 76,8 milhões de dólares (65,2 milhões de euros) e o segundo, com 394 metros quadrados, por 71,7 milhões de dólares (60,9 milhões de euros). Esta segunda propriedade é a mais cara da Ásia em termos de custo por metro quadrado. Em novembro do ano passado, um arranha-céus foi vendido na cidade por mais de cinco mil milhões de dólares (4,25 mil milhões de euros).
De acordo com especialistas, um trabalhador qualificado precisaria de trabalhar durante 20 anos para conseguir pagar um apartamento com 650 metros quadrados no centro da cidade. No mesmo dia em que foi anunciada a aquisição imobiliária, as autoridades de Hong Kong receberam mais de 88 mil reclamações de famílias que estavam em processo de espera para receber um lar subsidiado pelo Governo — ao todo, 620 habitações.
De acordo com informações avançadas pela Bloomberg, Hong Kong tem um indicador de desigualdade — coeficiente de Gini, onde “zero” representa a igualdade económica absoluta e “um” representa todo o dinheiro nas mãos de uma só pessoa. A cidade chinesa fixou-se no nível 0,539, o mais alto desde que se começaram a registar estes dados, na década de 1970.
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