Carlos César critica Banco de Portugal por não ter agido “atempadamente”

  • Lusa
  • 4 Março 2017

O presidente do PS considera que o Banco de Portugal não agiu "atempadamente" nem foi "suficientemente atento" ao sistema financeiro.

O presidente do PS considerou hoje que o Banco de Portugal não agiu “atempadamente” nem foi “suficientemente atento” ao sistema financeiro e afirmou que é necessário manter o “impulso” do Governo na reestruturação do sistema financeiro.

“O Banco de Portugal não agiu bem, atempadamente e de forma suficientemente atenta e proficiente nos casos que ocorreram e que tiveram tristes consequências no setor financeiro, quer para os contribuintes em geral, quer para aqueles que tinham relações diretas com essas instituições bancárias”, declarou Carlos César, à margem da reunião da Comissão Nacional do Partido Socialista (PS), que está a decorrer esta tarde na cidade do Porto.

"O Banco de Portugal não agiu bem, atempadamente e de forma suficientemente atenta e proficiente nos casos que ocorreram e que tiveram tristes consequências no setor financeiro, quer para os contribuintes em geral, quer para aqueles que tinham relações diretas com essas instituições bancárias”

Carlos César

Presidente do Partido Socialista

Questionado sobre a manutenção do governador do Banco de Portugal no cargo, Carlos César afirmou que o “importante” para o PS era que se continuasse com o “impulso do Governo na reestruturação” do setor financeiro.

“O nosso desejo é que as nossas instituições bancárias possam rapidamente recuperar dos prejuízos que tiveram, da desorganização que ponderou em todo o setor, nas questões do crédito malparado, que a seu tempo também terão uma análise europeia – aliás, o próximo Ecofin será justamente sobre essa matéria – e que também que recuperem os seus rácios que são necessários para que a banca esteja numa situação mais solidificada”, argumentou.

Carlos César afirmou que a situação da banca atualmente em Portugal é “bem melhor” do que a que encontraram quando o PS entrou para o governo.

“Estimamos que dentro de um ano, possamos repetir isso de novo em relação à situação em que hoje nos encontramos”, concluiu.

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Uber usou software para enganar autoridades

  • ECO
  • 4 Março 2017

Os problemas continuam para a Uber. A empresa é agora acusada de ter utilizado uma ferramenta "Greyball" para detectar e iludir as autoridades

A Uber tem usado uma ferramenta chamada “Greyball” para enganar as autoridades em mercados nos quais os seus serviços estavam a encontrar resistência por parte dos agentes regulatórios, ou mesmo em casos, em que tinha sido impedida de operar, escreve o Business Insider.

O “Greyball” usa dados recolhidos pela app da Uber com o intuito de detetar as autoridades e escapar às suas ações. Segundo aquela publicação a Uber terá usado esta ferramenta em cidades como Boston, Paris e Las Vegas.

A denúncia do “Greyball” terá partido de antigos e atuais funcionários da Uber.

Em declarações ao Business Insider, a plataforma não negou a existência da ferramenta. Mas frisou que esta é uma medida para proteger os motoristas.

Em comunicado a Uber frisa que “este programa nega atendimento a usuários que estejam a violar os nossos termos de serviço – quer se trate de pessoas que pretendam prejudicar fisicamente os motoristas, quer se trate de concorrentes que desejem perturbas as nossas operações ou opositores em conluio com as autoridades para operações cujo objetivo é apanhar motoristas em flagrante cometendo infrações”.

Supostamente a Uber terá começado a utilizar o Greyball em 2014. A ferramenta faria parte de um programa mais amplo chamado VTOS, a abreviação em inglês para “violação dos termos de serviço”.

O “modus operandi” da Uber passava por analisar o cartão de crédito do cliente analisando se estavam ligados a alguma instituição estatal. Caso detetasse agentes de autoridades a Uber mostrava-lhes um carro fantasma que no último momento cancelavam a viagem.

A notícia surge num momento em que a Uber está sob escrutínio devido à sua cultura empresarial e depois do próprio ceo da empresa ter sido apanhado a discutir com um dos seus motoristas.

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Brexit “empurra” irlandeses para Portugal

Metalurgia está a atrair a atenção de investidores internacionais. Para além dos franceses que se instalam em Portugal devido à atractividade fiscal, o Brexit põe Portugal na mira dos irlandeses.

A indústria campeã nacional das exportações tem vindo nos últimos anos a atrair investimento estrangeiro. Primeiro foram os franceses — devido à atratividade fiscal — agora é a vez dos irlandeses a estarem de olho em Portugal. Brexit poderá estar a dar uma ajuda.

Gonçalo Lobo Xavier, assessor da direção da AIMMAP, adianta em declarações ao ECO que “estamos a assistir a um fenómeno interessante, não podemos dizer que seja um efeito do Brexit, mas o que constatamos é que estão a aparecer empresas irlandesas com negócios no Reino Unido”.

"Muitas destas empresas querem fazer parcerias com empresas portuguesas de modo a levarem por diante as grandes infraestruturas que têm pela frente, um interesse que surge essencialmente por Portugal ter bons players na área das estruturas metálicas.”

Gonçalo Lobo Xavier

Assessor da direção da AIMMAP

Lobo Xavier explica que “muitas destas empresas querem fazer parcerias com empresas portuguesas de modo a levarem por diante as grandes infraestruturas que têm pela frente, um interesse que surge essencialmente por Portugal ter bons players na área das estruturas metálicas”.

De resto, a Irlanda está ainda a captar a atenção das empresas portuguesas, tanto que a AIMMAP vai já na terceira missão para aquele mercado.

Estes movimentos acontecem numa altura em que os indianos da Sakhti, que já tinham uma empresa na Maia, investiram mais 37,5 milhões de euros para produzir peças metálicas para automóveis.

Gonçalo Lobo Xavier adianta ainda que “há já muitas empresas francesas que devido à atratividade fiscal se estão a deslocalizar para Portugal, nomeadamente para a cidade da Maia e também devido à qualidade da nossa mão-de-obra”.

A AIMMAP não tem contudo dados para apresentar sobre estes investimentos estrangeiros mais recentes.

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Falta mão de obra ao líder das exportações nacionais

É peso pesado da economia nacional. O setor metalúrgico exportou 14,6 mil milhões de euros em 2016, um novo máximo histórico. Com uma diversidade de empresas, a indústria tem falta de mão de obra.

É um dos principais motores da economia portuguesa e o ano de 2016 não é exceção. O setor da metalurgia e metalomecânica continua a saga de resultados históricos com as exportações a atingirem 14,6 mil milhões de euros, um crescimento de 0,2% face a 2015, que já tinha sido o melhor ano de sempre para o setor. Com um volume de negócios na ordem dos 28 mil milhões de euros, equivalente a 14% do PIB, representando 31% das exportações da indústria transformadora e empregando 200 mil trabalhadores, o setor metalúrgico assume-se como o grande setor da economia portuguesa. Entre os maiores problemas está a falta de mão-de-obra qualificada.

Os números de 2016 são considerados “muito bons” dentro do setor na medida em que demonstram que a perda de mercados como Angola e Brasil foram compensadas pelo crescimento em mercados dentro da União Europeia, principalmente Espanha e Reino Unido. O setor exporta 80% para a Europa e 20% para fora do velho continente.

Em termos de volume de negócios, os dados não estão ainda apurados, mas o setor deve estar em linha com os números alcançados em 2015, altura em que atingiu uma faturação que rondou os 28 mil milhões de euros, segundo dados da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) e do Banco de Portugal. A confirmar-se este “alinhamento” com os números do ano passado, o setor está a exportar 45% do que produz.

“Continuamos a sentir em 2016 o efeito de Angola, um mercado que tinha um peso importante no setor, assim como sentimos um decréscimo em alguns países do norte de África”, adianta o presidente da AIMMAP, Aníbal Campos, em declarações ao ECO. Em causa estão as variações do preço do petróleo e do gás.

Aníbal Campos refere que “curiosamente a Europa cresceu, mas a Alemanha, o segundo maior mercado, diminuiu cerca de 6,5%, ainda assim tem uma quota de 17,5%”. Sobre a descida do mercado alemão, refere que ainda não encontraram “nenhuma explicação”. Já o Reino Unido voltou a subir na tabela de clientes não se tendo ainda feito sentir o efeito do ‘Brexit’, e tendo mesmo crescido 17,7%, isto apesar de este mercado ter caído nos últimos dois meses do ano. Mas o presidente da AIMMAP acredita que vai acabar por se fazer sentir “sobretudo devido à desvalorização da libra”.

Números concretos o setor exportou 14,596 mil milhões de euros em 2016, um crescimento de 0,2% face a 2015. A AIMMAP adianta que a contribuir para este resultado esteve a performance registada nos últimos dois meses do ano, nomeadamente em dezembro, com 1,104 mil milhões de euros.

Para os países da União Europeia, as exportações aumentaram de 10,727 mil milhões para 11,471 mil milhões de euros, um crescimento de 6,9% e que fica a dever-se sobretudo ao comportamento de mercados como França, Espanha e Reino Unido. Fora da União Europeia, os dados de 2016 permitem constatar que existiu uma quebra de 18,6% para os 3,123 mil milhões de euros.

Principais mercados

No ano passado, os principais mercados são Espanha, com um peso de 23%; seguido pela Alemanha, com 17,4%; França, com 14,5%; Reino Unido com 9,5%; Estados Unidos com 2,7% e Angola com 2,6%, segundo dados disponibilizados pela AIMMAP.

Para Aníbal Campos o crescimento do setor passa “sempre por encontrar novos mercados. A Ásia em geral tem de ser um mercado. Estou a falar das Coreias, Taiwan, China. Aliás, quem conseguir entrar na China… Claro que não se pode ficar dependente de apenas um mercado”.

Numa análise temporal os números do setor continuam a impressionar. Entre 2010 e 2016, as exportações cresceram 41%, sendo que 66% deste valor foi para fora da União Europeia. Analisando país a país e tendo como referência o ano de 2014, os maiores crescimentos verificaram-se no Canadá com 81%, seguido pela Colômbia com 49%, México com 29% e o Reino Unido com 26%.

Efeito Trump

Aníbal Campos é categórico quando questionado sobre um eventual efeito da presidência de Trump nos Estados Unidos no setor da metalomecânica: “Esse é um efeito que se irá fazer sentir de outra maneira porque a estabilidade económica e social são vitais para o bom comportamento da atividade”.

“A estabilidade é um ponto fundamental porque as pessoas quando fazem os seus planos de investimento têm de saber com o que contam e isto é verdade para os Estados Unidos e para Portugal. Os diferentes governos costumam perguntar-nos como é que nos podem ajudar para progredirmos nas exportações. Respondo sempre da mesma forma: estabilidade política, fiscal e laboral”, refere.

"A estabilidade é um ponto fundamental porque as pessoas quando fazem os seus planos de investimento têm de saber com o que contam. Isto é verdade para os Estados Unidos e para Portugal. Os diferentes governos costumam perguntar-nos como é que nos podem ajudar para progredirmos nas exportações. Respondo sempre da mesma forma: estabilidade política, fiscal e laboral.”

Aníbal Campos

Presidente da AIMMAP

Por falar em estabilidade, o que pensa o presidente dos metalúrgicos sobre a subida do salário mínimo? Terá reflexos na indústria? Aníbal Campos sublinha que “as pequenas e médias empresas são afetadas pela subida do salário mínimo, mas há também empresas estrangeiras que estão em Portugal e que vão ser afetadas”. Sobretudo se a comparação for feita “com o que se passa na antiga cortina de ferro que tem salários muito mais baixos”. Ainda assim o presidente da principal associação do setor refere que está “à vontade” porque para além da sua empresa Silampos “não praticar salários mínimos”, também na AIMMAP, desde que está à frente da associação, “o salário do setor sempre foi superior ao mínimo nacional”. Uma regalia que, adianta, é dada “em troca de outras condições, como são a flexibilidade e o banco de horas”.

“Andamos sempre à frente do salário mínimo, mas esta subida é considerável não podemos ir à frente”. E deixa o alerta: “Se não houver bom senso isto vai ter consequências para a economia”.

As pequenas e médias empresas são afetadas pela subida do salário mínimo, mas há também empresas estrangeiras que estão em Portugal e que vão ser afetadas.

Aníbal Campos

Presidente da AIMMAP

Falta de mão de obra

Para o presidente da AIMMAP há vários problemas a atormentar o setor. “Aquilo que se passa na energia — pagamos os preços mais caros da Europa, o que tem um efeito brutal no nosso setor — associado ao que se passa nos resíduos é extremamente grave”, refere.

Mas há mais. A falta de mão-de-obra do setor, é um problema e está associado à formação da indústria.

Para o presidente da associação setorial, “os cursos ministrados nos centros tecnológicos como o Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica (CENFIM) estão corretíssimos, mas o problema é que as verbas que deviam ser orientadas para a formação profissional estão a ser desviadas para o Ministério da Educação para cursos que não têm alunos. O grosso é canalizado para a formação de barmans”, acusa.

Aníbal Campos denuncia que “estão a diminuir as verbas para o centro de formação, o que impede que este ano sejam abertos novos cursos”. “Pergunto: como é que se pode falar na industria 4.0 quando continuamos a não ter técnicos básicos para a indústria”, questiona.

"O setor não tem número de formandos necessários e isto é uma tragédia. Com a taxa de desemprego a baixar, este é um problema que vai agudizar-se.”

Aníbal Campos

Presidente da AIMMAP

“O setor não tem número de formando necessários e isto é uma tragédia e com a taxa de desemprego a baixar, este é um problema que se vai agudizar”, sublinha.

Muitas e pequenas empresas

O setor da metalurgia é representado por 15 mil empresas e cerca de 200 mil trabalhadores. Muitas destas empresas são de pequena e média dimensão.

“Somos um setor marcadamente com muitas e pequenas empresas e com grande diversidade. Desde a fundição, à cutelaria, subcontratação, estruturas metálicas, automóvel. Há quem diga que esta grande diversidade prejudica a imagem do setor. É verdade que é uma das nossas dificuldades. Por exemplo, não podemos ir a feiras com todas as empresas, por exemplo”.

Por isso mesmo, e para uniformizar a imagem do setor foi criada, em 2015, a marca “Metal Portugal”.

Ainda sobre a falta de notoriedade da indústria, o presidente da AIMMAP adianta que “este é um setor pouco sexy, é um setor de ferrugem, mas hoje o chão de fábrica é limpinho”.

Em termos de peso de cada sub-setor, a AIMMAP disponibiliza os dados mas não adianta quais as principais empresas do setor, em termos de volume de faturação. Assim, os produtos metálicos representam 37% do total do setor, seguidos pelas máquinas e equipamentos com 23%, a metalurgia de base com 20%, o equipamento elétrico com 11% e finalmente o material de transporte com 6,3%.

Haverá lugar à consolidação dentro do setor? Aníbal Campos garante que “sim”. “Essa consolidação tem vindo a ser feita, mas há margem para crescer porque é o setor mais importante do país, quer em termos de exportações, quer em termos de emprego”.

De resto, acrescenta, “o setor é hoje visto por outros olhos pelos governos que sentem necessidade de aumentar as exportações e, portanto, olham para nós com outros olhos”.

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AMOB: “fatos” à medida dos clientes metalúrgicos

Equipamentos produtivos com a mais alta tecnologia, incluindo centros de maquinação, tornos, fresadoras CNC, tecnologia de corte, curvatura... tudo para produzir à vontade do cliente, É assim a AMOB.

A AMOB, líder mundial no fabrico de equipamentos para a indústria metalomecânica, faz “fatos à medida do cliente”, não produz equipamentos em série. Tem uma gama de clientes que vão desde as maiores empresas do setor automóvel, energia, indústria naval entre outras, sendo que a maioria do que produz vai para fora. Exporta mais de 62% para todo o mundo.

Fundada em 1960 por António Martins Oliveira Barros, cujas iniciais dariam o nome da empresa, a AMOB é hoje liderada pela segunda geração, Luís e Manuel Barros, e assume-se como especialista de equipamentos para a indústria de curvatura de tubos e perfis a nível mundial.

Valter Xavier, diretor financeiro da AMOB, adianta ao ECO que “a força motriz da empresa é a grande capacidade tecnológica e a capacidade que temos de fazer e desenvolver máquinas customizadas, cada vez mais uma tendência de mercado“. Assim se explica que a AMOB tenha produzido em 2014 a maior máquina de arquear do mundo. “Não havia nada no mundo com as dimensões e com a natureza dessa máquina com capacidade para curvar perfis maciços de mil milímetros”.

Para Valter Xavier, a companhia “serve o mercado global com um nível excecional de equipamentos e ferramentas para a curvatura de tubo, perfis e conformação de extremos, dos mais simples equipamentos manuais aos mais complexos sistemas CNC totalmente elétricos”. E adianta: “temos capacidade para abraçar os mais diversos problemas e desafios tecnológicos”.

"A força motriz da empresa é a grande capacidade tecnológica e a capacidade que temos de fazer e desenvolver máquinas customizadas, cada vez mais uma tendência de mercado”

Valter Xavier

Diretor financeiro da AMOB

Com uma grande aposta na tecnologia e na inovação, a empresa de Louro, concelho de Famalicão, iniciou em 2012 uma parceria com a Faculdade de Engenharia do Porto com quem tem vindo a trabalhar em diversos projetos de investigação e desenvolvimento. O objetivo é sempre o mesmo: evoluir na cadeia de valor.

Para o diretor financeiro da AMOB, “no mundo das máquinas e ferramentas estamos a falar de abandonar a tecnologia hidráulica e convergir para a tecnologia elétrica”. É o primeiro pé da AMOB na indústria 4.0. “É mais fácil até porque este tipo de máquinas estão mais preparadas para poderem fazer este tipo de integrações”. Valter Xavier diz mesmo que “trabalhamos muitas destas máquinas para ser possível a sincronização com os robôs, nomeadamente para a indústria automóvel“.

 

Principal mercado? O mundo

Em 2016, a empresa atingiu os 16,3 milhões de euros de volume de negócios que compara com os 15,4 milhões de euros. A AMOB trabalha sobretudo para o mercado externo, para onde exportou em 2016, 61,34% do que produz, o dobro do que exportava em 2011. “Vendemos um pouco por todo o mundo”, mas a Europa assume-se como o principal mercado da AMOB, logo seguida pelo mercado americano (Estados Unidos, Canadá e México) e toda a América Latina.

A empresa, apesar de só ter produção em Portugal e não de não produzir nada em outsourcing, tem uma aposta comercial de proximidade. Assim, tem instalações comerciais na “Rússia, Brasil, Espanha, França, Bélgica e Luxemburgo”, além de uma rede de mais de 70 agentes e centros técnicos.

Até 2020, a empresa estima atingir um volume de faturação de 20 milhões de euros. De resto, para este ano, Valter Xavier diz que “temos uma carteira de encomendas muito positiva pelo que devemos chegar aos 17 milhões no final de este ano e em 2020 a nossa expectativa é de atingirmos os 20 milhões de euros”.

temos uma carteira de encomendas muito positiva pelo que devemos chegar aos 17 milhões no final de este ano e em 2020 a nossa expectativa é de atingirmos os 20 milhões de euros

Valter Xavier

Diretor financeiro da AMOB

Gigantes mundiais são os clientes

O mercado é o mundo. Mas quem são os clientes da AMOB? “Os nossos principais clientes são estaleiros navais, indústria automóvel, centrais energéticas, como temos, por exemplo, na Índia. Regra geral, empresas muito grandes que têm necessidade de fazer este tipo de projetos”, explica o diretor financeiro da metalúrgica.

Em Portugal a empresa não tem grande concorrência, já em termos internacionais a concorrência é oriunda da Alemanha, Áustria e Itália. Ainda assim Valter Xavier diz que “a nível mundial estamos nos quatro maiores players deste tipo de equipamentos”.

E o que espera do futuro? “A tendência natural da empresa é continuar a evoluir na cadeia de valor, naturalmente que acredito que a indústria é fundamental para um país que quer ser equilibrado e quer ter alguma estabilidade em termos de criação de valor”.

Nesse sentido, prossegue Valter Xavier, “quando digo que a empresa se está a posicionar em termos de cadeia de valor, quando vendemos para mais de 40 países, em todos os continentes, com mais de 12 mil máquinas instaladas pelo mundo — é importante não esquecer que estamos a falar de uma empresa de customização, não há uma máquina igual à outra, não há o efeito escala –, quando apresentamos crescimentos sustentados ao longo dos últimos anos, só podemos olhar para o futuro com otimismo”. Isto apesar de sustos no passado recente, mas também do risco constante: Portugal.

 

Crise passou. Portugal ainda é um problema

Valter Xavier recorda que a empresa, a exemplo do país, atravessou também ela uma crise em 2012. “Foi um ano muito crítico para as empresas. Na AMOB estávamos a expandir a nossa fábrica, tendo passado dos sete mil metros quadrados para os 30 mil metros quadrados de área coberta. A par disso tínhamos um investimento no âmbito do QREN para aquisição de equipamentos no valor de dez milhões de euros. E Portugal estava numa crise profunda”, recorda.

A AMOB também não foi capaz de fazer o trabalho de casa. “Não tínhamos um problema económico na medida em que tínhamos um pacote de encomendas enorme, mas éramos o reflexo do que era o país daí que tenhamos levado a cabo um processo de reorganização financeira e de restruturação”. Apesar dessa restruturação, e devido às encomendas, a AMOB não foi obrigada a despedir ninguém. Hoje a companhia emprega 130 pessoas, mas o país continua a ser um risco para o negócio. “O país é o nosso maior problema”. A explicação tem a ver com… o sistema financeiro.

"O país é sempre um problema porque sempre que temos instabilidade política ou económica, temos mais dificuldades para vender.”

Valter Xavier

Diretor financeiro da AMOB

Apesar da dívida bancária se situar abaixo dos quatro milhões de euros, de ter um EBITDA superior a cinco milhões, “o país é sempre um problema porque sempre que temos instabilidade política ou económica, temos mais dificuldades para vender”. E exemplifica: “Ainda antes das convulsões da CGD, precisei de apresentar garantias bancárias para receber um pagamento de 1,5 milhões de euros de um cliente em Taiwan. Sugeri a CGD, mas o meu cliente disse que não aceitava garantias bancárias daquele banco por causa do “rating” da Caixa. A solução que me foi apresentada, por via da CGD, era a de fazer a triangulação com outro banco, o HSBC. Além de nos ficar mais caro, o processo ia demorar mais tempo. O que fizemos foi contratar de um dia para o outro garantias emitidas por um banco espanhol“.

Mas este não é o único exemplo a envolver os bancos nacionais. “Quando caiu o BES, tínhamos um milhão de euros para receber resultante da venda de uma máquina para uma empresa pública indiana. O cliente já tinha aceitado as garantias emitidas pela CGD. Entretanto caiu o BES e os senhores dizem-me muito educadamente que havia um problema com as garantias. Neste caso tinha a ver com o risco do próprio país. Voltámos a contornar o problema, mas o dinheiro que devia ter recebido em agosto, recebi em dezembro”, conta.

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Alpine está de volta. Veja o novo A110

A marca do Grupo Renault vai lançar o novo desportivo no Salão de Genebra. Já há imagens oficiais, mas ainda falta conhecer o que estará debaixo do capot.

A Alpine está de volta. É no Salão de Genebra, na Suíça, que a marca da Renault vai dar a conhecer todos os detalhes sobre o novo modelo, nomeadamente os motores com que pretende combater a concorrência. Para já, ficam as imagens oficiais do desportivo de dois lugares.

 

“O novo Alpine terá o nome de A110 e reflete os imortais princípios de leveza e agilidade que estiveram na base do sucesso da ‘Berlinette’”, diz a marca. “No novo Alpine a plataforma e carroçaria são integralmente em alumínio para otimizar o peso e a agilidade do automóvel“, acrescenta.

Este dois lugares deverá ter um peso reduzido, mas um motor potente: entre 250 e 300 cv. Mas as especificações oficiais do novo Alpine serão anunciados no Salão de Genebra. Para já, há apenas duas fotos que revelam uma silhueta coupé a fazer lembrar o rival alemão, o Porsche Cayman.

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Spotify chega aos 50 milhões de subscritores pagos. E o lucro?

  • Juliana Nogueira Santos
  • 4 Março 2017

A plataforma de streaming de música Spotify voltou a afirmar a liderança de mercado, tendo atingido a fasquia dos 50 milhões de utilizadores pagos. Mas ainda não é lucrativa.

A Spotify tem conseguido expandir a sua presença no mercado do streaming de música e atingiu neste mês de março o patamar dos 50 milhões de subscritores pagos, deixando bem para trás os seus concorrentes SoundCloud, Google Play Music e Apple Music.

A empresa, indicada como uma das próximas tecnológicas a entrar no mercado de valores, tem assistido a um crescimento forte deste tipo de utilizadores, tendo chegado aos 30 milhões há pouco menos de um ano e, aos 40 milhões, em setembro do ano passado. O Apple Music contava com 20 milhões de subscritores em dezembro do mesmo ano.

A Spotify possibilita a subscrição dos seus serviços de forma gratuita, que não permite reprodução offline e o utilizador é obrigado a ouvir os spots publicitários e, de forma paga, onde o utilizador paga 6,99 euros por mês. Não há contabilização dos utilizadores do primeiro tipo, mas podemos concluir que devem ser bastante mais do que os pagos.

Ainda assim, e tendo registado um aumento de 80% nas receitas nos últimos resultados apresentados (relativos a 2015), a empresa ainda não conseguiu ser lucrativa, tendo perdido 173 milhões de euros. No topo dos motivos para justificar este valor estará a dificuldade que o serviço tem estado a ter na assinatura de novos contratos com editoras discográficas.

O modelo de negócio da empresa baseia-se na publicidade mostrada aos utilizadores gratuitos e nas subscrições mensais.

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Nintendo Switch esgotou praticamente em todo o mundo

  • ECO
  • 4 Março 2017

Está a ser um sucesso a Nintendo Switch. Mal chegou ao mercado a nova consola esgotou praticamente em todo o mundo.

A Nintendo Switch chegou esta sexta-feira, dia 3 de março ao mercado e está esgotada um pouco em todo o Mundo. Só os sortudos que fizeram a pré-compra ou aqueles que esperaram horas a fio nas poucas superfícies comerciais onde eram vendidos podem agora estar a deliciar-se com a nova consola, avança a revista Forbes. Os outros terão que esperar que a nova consola volte para as prateleiras. Mas se a Nintendo seguir o exemplo do que aconteceu com a Wii, isso poderá querer dizer que a espera pode ser longa.

Alías a marca nipónica tem mesmo a esperança de repetir o êxito que conseguiu com a Nintendo Wii, cujas vendas atingiram os 100 milhões de unidades em todo o mundo.

A principal característica da Nintendo Switch é a de ser um aparelho híbrido, ou seja, apesar de ser uma consola portátil, pode também funcionar como consola doméstica. Outra das características da consola é a de não ser bloqueada à região onde foi comprada, podendo jogar-se qualquer jogo independentemente da região.

Com o “novo brinquedo” da Nintendo chegaram também ao mercado os títulos “The legend of Zelda: Breath of the Wild” e “1-2 Switch”.

 

 

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Passos diz que Carlos Costa tem condições para cumprir mandato

  • Lusa
  • 4 Março 2017

Passos Coelho defende que o governador do Banco de Portugal tem condições para cumprir mandato até ao fim. Assunção Cristas quer mudar gestão "antiquada" do BdP.

O líder do PSD defendeu hoje, na Trofa, que “os órgãos independentes devem ser valorizados na sua independência”, sublinhando que não conhece qualquer facto que impeça o governador do Banco de Portugal de fazer o seu mandato.

Pedro Passos Coelho defendeu que Carlos Costa tem condições para fazer o seu mandato e criticou “o Governo e a maioria que o acompanha” por “amesquinhar ou mesmo ameaçar” quem se pronuncia de uma forma que “não seja simpática para o que esta quer ouvir”.

“Não conheço nenhum facto que, há luz das disposições legais, impeça o governador Carlos Costa de fazer o seu mandato. Tenho assistido ao longo de mais de um ano a ataques políticos muito fortes que são dirigidos pessoalmente ao governador e não apenas ao Banco de Portugal”, disse Pedro Passos Coelho, à margem de uma visita à 71.ª edição da Feira Anual de Agropecuária da Trofa, distrito do Porto.

O líder do PSD defendeu que “o governador tem um estatuto de independência que deve ser respeitado” e lamentou que “normalmente a maioria que governa o país atualmente não respeite a independência destas autoridades”.

“Não tem mostrado esse respeito e isso preocupa e julgo que é lamentável. Observamos isso em relação ao governador do Banco de Portugal e também em relação à presidente do Conselho de Finanças Públicas”, disse.

Passos Coelho considerou “indecoroso” que “vários dirigentes partidários” se proponham a “amesquinhar e desqualificar ou mesmo ameaçar com alterações legais sempre que órgãos independentes se pronunciam de uma forma que não seja simpática para aquilo que o Governo ou a maioria quer ouvir”.

"Isso é preocupante, porque em democracia temos de estar preparados para ouvir críticas (…). Os órgãos independentes devem ser valorizados na sua independência (…). O primeiro-ministro devia corrigir muito rapidamente essa atitude”

Passos Coelho

Líder do PSD

“Isso é preocupante, porque em democracia temos de estar preparados para ouvir críticas (…). Os órgãos independentes devem ser valorizados na sua independência (…). O primeiro-ministro devia corrigir muito rapidamente essa atitude”, disse Pedro Passos Coelho.

Na sexta-feira a coordenadora do Bloco de Esquerda reafirmou que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, “não tem condições” para se manter em funções, devido às “várias falhas graves” que tem demonstrado na supervisão da banca.

Já o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que tem trabalhado com o governador do Banco de Portugal “de forma leal e construtiva”.

Cristas quer melhorar gestão “antiquada” do Banco de Portugal

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, defendeu hoje que deve ser melhorada a organização e gestão interna do Banco de Portugal, que classificou como “muito antiquada”.

“Em relação à supervisão, em geral, entendemos que há afinamentos e melhoramentos que devem ser feitos, desde logo sobre a forma de organização e de gestão dentro do próprio Banco de Portugal, que nos parece muito antiquada”, disse aos jornalistas a dirigente centrista à margem de uma visita a um bairro de Lisboa onde na segunda-feira ocorreu uma derrocada de terras.

Questionada sobre o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, a líder do partido referiu que “respeita e reconhece” o estatuto de independência da instituição, pelo que preferiu não se pronunciar neste momento.

Cristas lembrou que na quinta-feira o CDS-PP fará uma interpelação ao governo na Assembleia da República sobre vários aspetos relacionados com a supervisão bancária em Portugal e disse que o partido irá apresentar propostas concretas.

"O que lhes posso dizer é que há muitos anos que nós entendemos que a supervisão bancária em Portugal não funciona como deve funcionar”

Assunção Cristas

Líder do CDS-PP

O que lhes posso dizer é que há muitos anos que nós entendemos que a supervisão bancária em Portugal não funciona como deve funcionar”, declarou.

A propósito, recordou uma entrevista de Carlos Costa em que o responsável pelo Banco de Portugal se queixava da falta de poderes para fazer o que lhe era exigido.

“Como é evidente, se não há esses poderes, se não há esses meios, eles têm de ser encontrados, mas o que nós vimos é uma casa com muita gente, com muitos departamentos, que se calhar não está devidamente focada naquilo que tem de ser a sua prioridade, o seu trabalho e naquilo que é necessário”, sustentou Assunção Cristas.

Para a dirigente partidária, há muito trabalho a fazer nesta matéria.

Há muito tempo que estávamos a preparar um pacote legislativo para esta matéria. No congresso que está agora a fazer um ano, esta foi uma das prioridades assinaladas e não se completará um ano da minha liderança do CDS sem que esta matéria seja apresentada no parlamento”, frisou.

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Passos Coelho: Decisão de Núncio “foi infeliz e errada”

Pedro Passos Coelho criticou Paulo Núncio pela decisão de não publicitar as transferências para offshores no montante de dez mil milhões de euros.

Pedro Passos Coelho acusa Paulo Núncio, ex-secretário de estado dos assuntos fiscais de ter tomada uma decisão “infeliz e errada” no caso dos offshores.

Foi a primeira vez que o ex-primeiro-ministro criticou Núncio sobre as transferências feitas para offshores sem controlo do fisco. “Foi uma decisão infeliz e errada com o próprio já reconheceu”, adiantou Passos Coelho que assim demarca o PSD da decisão que o ex- secretário de estados dos assuntos fiscais tomou no exercício do cargo.

A decisão de publicar e publicitar as estatísticas não deve decorrer de uma ação do Governo, mas sim resultar da própria lei

Pedro Passos Coelho

Líder do PSD

Passos Coelho adiantou no entanto que a decisão de publicar e publicitar as estatísticas “não deve decorrer de uma ação do Governo, mas sim resultar da própria lei“.

O líder social-democrata disse ainda que “é sempre bom dar publicidade uma vez que ajuda à transparência daquilo que se passa, ainda por cima, num domínio que gera sempre dúvidas, dúvidas do limite do que é legal ou não, daquilo que é conforme aos interesses comuns em geral e que implica obrigações fiscais”.

As declarações de Passos Coelho são conhecidas depois de os sociais-democratas terem vindo dizer que querem consagrar na lei a obrigatoriedade de serem divulgados não apenas os montantes das transferências financeiras para offshores mas também dados com informação desagregada relativa à origem e natureza dessas operações.

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Caixa: PS promete interromper deputados que usem emails de Domingues

A confusão invadiu o inquérito à Caixa depois de permitida a consulta dos documentos requeridos potestativamente pelo CDS. Esquerda e direita dividem-se. Saiba como. E quais as consequências.

E se um deputado da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD) usar a informação que consta nos emails trocados entre António Domingues e o Ministério das Finanças, numa das próximas audições? João Paulo Correia, o coordenador dos socialistas para esta comissão, garante que o interrompe.

A reunião desta quinta-feira onde os deputados decidiram como será consultada a troca de correspondência entre o ex-presidente da Caixa e o Ministério das Finanças pareceu simples. Mas essa foi apenas uma primeira impressão. Os deputados saíram da reunião convencidos de que tinham tomado decisões com consequências diferentes.

O ECO falou com os socialistas, comunistas e deputados da direita e os responsáveis demonstram que têm interpretações diferentes sobre o que aconteceu e as consequências que resultam da reunião. Até ao momento, ainda não foi possível obter o ponto de vista do Bloco de Esquerda.

Vamos por partes. Primeiro, vale a pena recordar os pontos fundamentais do que aconteceu na tarde de quinta-feira. A seguir, o ECO explica-lhe a interpretação e respetiva argumentação do PS, PCP, PSD e CDS sobre o que ficou decidido na reunião. Além disso, revela-se a opinião do atual presidente da comissão parlamentar de inquérito, Emídio Guerreiro.

O que aconteceu na reunião?

Foi logo no início que esta questão foi discutida. O presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI) começa por dizer que existe um requerimento potestativo do CDS que incide sobre a documentação alvo de polémica, que ficou pendente a pedido do PCP. Logo nesse momento o deputado centrista João Almeida deixa um aviso: “A posição do CDS é que este requerimento não deve ser sujeito a votação”.

O mesmo inesperado acontece assim que o deputado comunista Paulo Sá começa a falar. Em causa está o facto de este requerimento ser igual ao anterior, mas potestativo: “sendo potestativo, não é colocado a votação e é assumido a sua consequência”. O deputado do PCP afirma que a documentação deve ser disponibilizada, mas como é “matéria sensível” relativa ao “plano de negócios” não deve ser tornada pública. Assim, deve ser visualizada pelos deputados numa “sala à parte, sem poder ser fotografada, fotocopiada ou reproduzida”.

Os documentos devem fazer parte do espólio desta comissão, devem ser consultados e compulsados pelo deputado relator e as suas informações e o que neles constar devem constar das conclusões do relatório.

Hugo Soares

Deputado do PSD

A direita fica espantada e responde pela voz de Hugo Soares: “Queria saudar efusivamente a evolução do pensamento do PCP, um grande sinal de respeito pelos deputados desta comissão”, afirmou. O deputado socialista João Paulo Correia pede a palavra: “O requerimento já foi aprovado na comissão de inquérito, e não me recordo de ter recebido grande oposição, a não ser do PS, que manifestou discordância em relação ao requerimento”. Foi, aliás, pouco o que o deputado do PS disse durante a reunião, o que deixou em aberto a sua posição, concretizada mais tarde.

Depois, foi Moisés Ferreira, deputado do BE, a admitir que os “requerimentos foram tratados com deferimento tácito e foi por isso que os documentos chegaram até aqui”, alinhando com o PCP. João Almeida aproveita para dizer que “não pode haver deputados de primeira e de segunda numa comissão de inquérito” e, logo a seguir, Hugo Soares saúda novamente a alteração de postura da esquerda, desta vez do deputado Moisés Ferreira. Contudo, o deputado do PSD faz questão de deixar claro: “Os documentos devem fazer parte do espólio desta comissão, devem ser consultados e compulsados pelo deputado relator e as suas informações e o que neles constar devem constar das conclusões do relatório”. Esta afirmação passou sem contraponto e foi a que suscitou toda a confusão posterior.

A reunião vista pelo PS

Logo após a reunião, é o coordenador do PS na comissão de inquérito que contraria a interpretação de que os documentos passaram a fazer parte do espólio. “Uma coisa é o requerimento, outra coisa é a admissibilidade da documento no âmbito do objeto da comissão”, explicou João Paulo Correia ao ECO, no dia seguinte. Para o deputado socialista a votação realizada em fevereiro continua a impedir que os documentos sejam admitidos e, por isso, afirma sem dúvidas que “os deputados não podem fazer uso da documentação”.

Uma coisa é o requerimento, outra coisa é a admissibilidade da documento no âmbito do objeto da comissão.

João Paulo Correia

Deputado do PS

Não temos a menor dúvida de que tudo se mantém. A única coisa que se alterou é que os documentos tinham sido consultados por oito deputados e agora serão por 17″, conclui ao ECO. Mas não é essa a interpretação do PSD e CDS, nem mesmo do PCP que admite que a tal votação “não respeita a igualdade” porque só estavam os coordenadores dos partidos e não todos os deputados da CPI. O PCP diz mesmo que sendo um requerimento potestativo “não dá para não aceitar”.

Contudo, João Paulo Correia não concorda. E se houver necessidade de esclarecer essa interpretação? “Vamos outra vez a votos“, indica o deputado socialista. Até porque se algum deputado fizer uso da informação que consta dos documentos durante uma audição, por exemplo, João Paulo Correia garante que “o PS vai dizer que não o pode fazer”.

A reunião vista pelo PCP

A visão do PCP é próxima dos socialistas, mas tem nuances. Os comunistas continuam a rejeitar que estes documentos estejam no âmbito do objeto da atual comissão. E, por isso, numa eventual votação futura sobre esta questão específica poderão manter-se contra a sua admissibilidade. Mas o deputado Miguel Tiago reconhece que este “novo requerimento é potestativo” e que, por isso, “não dá para não aceitar”.

Assim, o PCP retomou a sua proposta inicial. Logo na reunião em que se colocou a questão de saber se aqueles documentos, com informação sensível e sigilosa, deveriam ser distribuídos aos deputados, Miguel Tiago chegou a sugerir “fazer uma consulta à porta fechada“. Foi isto mesmo que acabou por ser acordado na reunião desta quinta-feira. O deputado explica que esta solução mereceu forte contestação e que por isso “não pareceu possível na altura”. Na reunião de coordenadores, o PCP acabou por votar a favor da não distribuição dos documentos: “Decidimos sob pressão, de ter de escolher entre distribuí-los informaticamente a todos os deputados, ou fechá-los. Decidimos fechá-los”, refere.

Também por respeitarmos esse direito potestativo é que consideramos que os deputados devem poder ver os documentos.

Miguel Tiago

Deputado do PCP

Os comunistas não se vão opor logo à partida caso o conteúdo seja usado politicamente na comissão de inquérito. Miguel Tiago explica a posição ao ECO: “Se um deputado fizer uma pergunta sobre o plano de recapitalização, é muito claro que o presidente deve desautorizar a pergunta. Se for sobre o resto, deve ser feito o apuramento pergunta a pergunta”. Ou seja, o PCP traça uma linha vermelha entre o que é informação sobre a recapitalização e o que poderá ser informação sobre outros assuntos, nomeadamente o que o ECO revelou sobre a correspondência trocada entre Domingues e Centeno.

O deputado comunista vai mais longe: apesar de ter “sérias dúvidas” sobre se a informação relativa ao período em que Domingues não era administrador cabe no objeto da comissão, Miguel Tiago revela que o que levou o PCP a “colocar esta documentação fora do âmbito da comissão são as partes sobre os planos de reestruturação da Caixa — que é a maior parte”. Existem vários “anexos” nos emails que falam do plano de recapitalização que “não podem ser revelados”, defende, uma vez que têm “dados sobre a estratégia comercial do banco”.

Além disso, Miguel Tiago recorda ao ECO que “a deliberação [de fevereiro] de que a documentação está fora do âmbito não respeita a igualdade porque só estavam coordenadores. Mas agora, que a consulta foi permitida a todos os deputados da comissão, qualquer deputado pode contestar essa deliberação”. “Também por respeitarmos esse direito potestativo é que consideramos que os deputados devem poder ver os documentos“, explica.

A reunião vista pela direita

A direta não tem dúvidas: os documentos pedidos pelo requerimento potestativo do CDS têm de ser obrigatoriamente admitidos e consultados por todos os deputados. “A avaliação sobre se os documentos cabem ou não no objeto da comissão de inquérito é do autor do requerimento potestativo”, afirma João Almeida, deputado do CDS, ao ECO. A mesma opinião é partilhada pelo deputado do PSD, Hugo Soares: “O PSD, e a comissão de inquérito, têm a obrigação de conhecer os documentos”.

Uma avaliação jurídica não tem cabimento.

João Almeida

Deputado do CDS

Em causa está o ponto 4 do artigo número 13 do regime jurídico dos inquéritos parlamentares: “Nas comissões parlamentares de inquérito requeridas ao abrigo da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º [potestativas], as diligências instrutórias referidas no número anterior que sejam consideradas indispensáveis à boa realização do inquérito pelos deputados que as proponham são de realização obrigatória, não estando a sua efetivação sujeita a deliberação da comissão”.

Uma avaliação política sobre a informação pode sempre existir, mas só pode ser feita depois de consultada a documentação“, acrescenta João Almeida. No entanto, “uma avaliação jurídica não tem cabimento”. Ou seja, rejeita a ideia do PS de que se possa fazer uma votação sobre a admissão dos documentos na comissão, o que — em último caso — poderia inviabilizar qualquer comissão de inquérito potestativa, onde não existe uma maioria do lado de quem a requer.

A reunião vista pelo presidente da comissão

“Tenho alguma dificuldade em debater essa questão porque esse não foi o tema tratado” na reunião, começa por dizer, ao ECO, Emídio Guerreiro. O segundo presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI), após a demissão de Matos Correia, diz que o tema tratado “foi a metodologia do acesso” e, por isso, refere que o debate que tem visto nas últimas horas “não tem nada a ver com o debate que se fez na comissão”. A esquerda pode impedir a admissão dos documentos? “Isso já não é um assunto hoje em dia”. “Faz parte do espólio da comissão, como é óbvio”, garante.

[A documentação] faz parte do espólio da comissão, como é óbvio.

Emídio Guerreiro

Deputado do PSD e presidente da CPI

Ou seja, para o deputado do PSD e atual presidente da CPI, “esse assunto colocou-se quando nem era presidente da comissão”, não agora. Como o requerimento do CDS foi potestativo, para Emídio Guerreiro é muito claro que estes foram admitidos: “Se os documentos não tivessem sido admitidos, tinham sido devolvidos“, contrapõe ao ECO, referindo que “os documentos são aceites, nem é preciso discutir“. O que esteve em causa, acrescentou, foi um pedido do PCP “para fazer uma análise formal ao requerimento potestativo do CDS”.

Assim, o que se discutiu foi a forma de acesso aos mesmos e isso ficou acordado. No entanto, a sua utilização tem de ser feita com cuidado. “Estes documentos fazem parte do portefólio da comissão, mas não podem constar do relatório público”, afirma Emídio Guerreiro, acrescentando que, contudo, “o conteúdo de todos os documentos serve exatamente para o debate“. “Não é passível de publicitação, mas é passível de ser analisado e de ser enquadrado no âmbito dos objetivos da comissão e de cada grupo parlamentar”, explica ao ECO.

Confrontado pelo ECO com estas afirmações, João Paulo Correia respondeu: “Se o presidente da comissão tem essa interpretação, e sabendo que não é consensual, deveria diligenciar uma reunião sobre essa matéria”.

Relatório final pode passar ao lado dos documentos

No relatório final, que vai ser redigido pelo deputado socialista Carlos Pereira, estes documentos — caso se confirme a interpretação do PSD, CDS e PCP de que são admitidos — têm de ser referidos. Tal como explica o regulamento desta comissão de inquérito, “o relatório final refere obrigatoriamente as diligências efetuadas pela Comissão”. Contudo, o seu conteúdo não pode ser revelado, dado que é matéria sensível e sob sigilo.

Podem, ainda assim, ser tiradas conclusões que, não referindo o conteúdo, têm como base informações que daí advêm — mas para isso é preciso que sejam aprovadas por maioria.

Os deputados podem fazer o uso político que quiserem. O que não podem é obrigar a que o relatório traga uma coisa concreta porque ele tem de ser aprovado pela maioria.

Miguel Tiago

Deputado do PCP

Ou seja, a esquerda pode unir-se para que o “uso político” dos documentos não esteja incluído no relatório final, uma vez que o PS, PCP e BE argumentam que não faz parte do objeto do inquérito. É isso que indica ao ECO o deputado comunista Miguel Tiago: “Nada nem ninguém pode impedir um deputado do CDS, ou a mim, de apresentar propostas de alteração ao relatório usando aquela informação. Os deputados podem fazer o uso político que quiserem. O que não podem é obrigar a que o relatório traga uma coisa concreta porque ele tem de ser aprovado pela maioria“.

Essas propostas de alteração ao relatório por parte da direita devem mesmo acontecer. “O PSD, e a comissão de inquérito, têm a obrigação de conhecer os documentos e integrá-los no relatório”, assegura Hugo Soares. Já João Almeida refere que “esta informação não pode não constar do relatório“. “Se é obtida pela comissão parlamentar de inquérito nos termos da lei, a lei não prevê nenhuma limitação”, argumenta, afirmando que “só não constaria no relatório se fosse irrelevante”.

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Offshores: PSD quer divulgação dos montantes e naturezas das operações financeiras

  • Lusa
  • 4 Março 2017

Grupo Parlamentar do PSD quer consagrar na lei a obrigatoriedade de serem divulgados os montantes das transferências financeiras para ‘offshores’, mas também a natureza das operações financeiras.

O Grupo Parlamentar do PSD quer consagrar na lei a obrigatoriedade de serem divulgados não apenas os montantes das transferências financeiras para ‘offshores’, mas também dados com informação desagregada relativa à origem e natureza dessas operações.

Estas medidas estão entre as propostas de alteração apresentadas pela bancada social-democrata ao diploma que obriga à publicidade anual do “valor total, destino e motivo das transferências e envio de fundos para países, territórios e regiões com regimes de tributação privilegiados”.

“Apesar dos grandes avanços realizados a propósito destas matérias, as notícias das últimas semanas recomendam que se consagre em lei a obrigatoriedade de divulgação de informação relativa a transferências para países, territórios e regiões com regime de tributação privilegiada mais favorável, desagregada em função do tipo de operação que se encontra na origem das mesmas”, lê-se na nota justificativa do diploma dos sociais-democratas, que tem como primeiro subscritor o dirigente e ex-secretário de Estado António Leitão Amaro.

"Apesar dos grandes avanços realizados a propósito destas matérias, as notícias das últimas semanas recomendam que se consagre em lei a obrigatoriedade de divulgação de informação relativa a transferências para países, territórios e regiões com regime de tributação privilegiada mais favorável, desagregada em função do tipo de operação que se encontra na origem das mesmas”

PSD

PSD

Na perspetiva da bancada do PSD, nesta questão referente a operações financeiras para ‘offshores’, “para correta apreensão dos dados estatísticos, torna-se importante conhecer não apenas os volumes agregados de transferências por território, mas [igualmente] a natureza ou tipologia das operações a que se referem os montantes transferidos”.

No mesmo documento, ao qual a agência Lusa teve acesso, os sociais-democratas propõem também que o relatório de combate à fraude e à evasão fiscais, que é enviado pelo Governo à Assembleia da República até ao final de junho de cada ano, seja a partir de agora “mais abrangente na informação prestada relativamente ao tratamento conferido pela Autoridade Tributária e Aduaneira às transferências para países, territórios e regiões com regime de tributação privilegiada mais favorável“.

“Assim, aquele relatório deverá elencar obrigatoriamente os resultados da ação da inspeção tributária, da justiça tributária e de outras áreas da Autoridade Tributária relativamente a estas transferências, designadamente no que respeita ao número de inspeções realizadas, divergências detetadas, correções à matéria coletável, liquidação de imposto correspondente e remessa ao Ministério Público”, especifica o diploma da bancada social-democrata, que é também subscrito pelos deputados Duarte Pacheco, Cristóvão Crespo, Inês Domingos, Carlos Silva e Margarida Balseiro Lopes.

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