Temer volta a negar renúncia. “Se quiserem, derrubem-me”

  • ECO
  • 22 Maio 2017

O Presidente do Brasil volta a negar a renúncia ao cargo. Michel Temer afirma que não sabia que Joesley Batista, um dos donos da JBS, era investigado quando o recebeu em casa.

Michel Temer negou mais uma vez renunciar ao cargo. O Presidente do Brasil afirma que abandonar as funções seria o mesmo que admitir a culpa. “Se quiserem, derrubem-me”, desafiou Temer. Em causa está uma denúncia feita pelos donos da JBS, os empresários Joesley Batista e Wesley Batista, que gravaram uma conversa com o Chefe de Estado na qual Temer terá, supostamente, dado aval para o pagamento de suborno ao ex-deputado Eduardo Cunha, preso por envolvimento nos casos de corrupção da Petrobras.

Numa entrevista à Folha de São Paulo, Michel Temer esclarece que não se vai afastar. “Eu não vou renunciar. Se quiserem, derrubem-me. Porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa“, refere o Presidente do Brasil. Temer afirma ainda, segundo o jornal brasileiro, que não sabia que Joesley Batista era investigado quando o recebeu na sua casa em março. Nessa altura, o dono da JBS já estava envolvido em três casos diferentes. “Ele [Joesley Batista] disse que as pessoas estavam a tentar apanhá-lo, investigá-lo”, explica.

"Eu não vou renunciar. Se quiserem, derrubem-me, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa.”

Michel Temer

Presidente do Brasil

“Não vou fazer isso [renunciar], tanto mais que já contestei muito acentuadamente a gravação espetaculosa que foi feita. Tenho demonstrado com relativo sucesso que o que o empresário fez foi induzir uma conversa“, defende-se. O Presidente brasileiro disse que vai recorrer no Supremo Tribunal de maneira a fazer suspender o inquérito que decorre e no qual é acusado de ter dado o “aval” para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, envolvido na Operação Lava Jato.

O Procurador-Geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, acusou formalmente o presidente brasileiro por indícios da prática de três crimes. Michel Temer, mas também o senador afastado Aécio Neves, estão a ser acusados de corrupção passiva, obstrução à justiça e organização criminosa no âmbito das investigações de corrupção da Operação Lava Jato.

Quase duas dezenas de cidades em protesto contra Temer

Pelo menos 17 capitais brasileiras manifestaram-se, no domingo, contra o Presidente do Brasil, avança a Folha de São Paulo. Os manifestantes pediram a realização de eleições em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte ou Recife.

No entanto, os protestos tiveram uma baixa adesão. Segundo o jornal, a chuva afastou os manifestantes em algumas cidades, como foi o caso de São Paulo. Mas, em todo o país, os organizadores afirmaram que isto não reflete a insatisfação da população com o Governo de Temer, que é generalizada.

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Governo: “Portugal continuará a cumprir os seus compromissos”

O Governo assegura que "está plenamente empenhado em prosseguir a implementação de reformas ambiciosas", depois do anúncio da saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo.

A Comissão Europeia recomendou, esta segunda-feira, que Portugal seja retirado do Procedimento por Défice Excessivo (PDE). Este é um reconhecimento que “sustenta a inflexão na trajetória da dívida pública”, mas não há lugar para folgas. “O Governo está plenamente empenhado em prosseguir a implementação de reformas ambiciosas” e “Portugal continuará a cumprir os seus compromissos”, garante o Ministério das Finanças.

Em comunicado enviado esta manhã às redações, o Ministério das Finanças sublinha que “Portugal trabalhou arduamente para alcançar este resultado e dará seguimento a este trabalho para melhorar as perspetivas da economia e da sociedade portuguesas”.

Já em Bruxelas, depois do anúncio oficial da Comissão Europeia, Mário Centeno reforçou esta ideia. “Temos de manter uma trajetória de rigor e exigência nas contas públicas, desde logo com um exercício de revisão da despesa pública, que tem de ser tornada mais eficiente”, disse o ministro das Finanças, em declarações transmitidas pela SIC Notícias, sublinhando que o Governo vai continuar “a implementar as políticas do Programa Nacional de Reformas”.

Seja como for, reconhece Mário Centeno, o Governo tem agora mais liberdade. “Não se trata de saber se vamos ou não ter mais folga, mas vamos viver num espaço económico e financeiro que nos permite fazer o que não podíamos fazer até agora”, admite. Mais importante, diz o ministro, é a melhoria das condições de financiamento “que se projeta num futuro próximo”.

Sobre as linhas orientadoras que a Comissão Europeia deixou a Portugal para os próximos tempos, Mário Centeno garante que “não há nenhuma carta com novas medidas”. O que há é “um conjunto de princípios assentes na nossa política”, nomeadamente na “melhoria das condições de funcionamento do mercado de trabalho e na convergência real com a União Europeia”.

Ao anunciar a saída de Portugal do PDE, Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, destacou que o país deve agora manter o caminho das políticas orçamentais, fazer face ao aumento dos custos dos sistemas de saúde e pensões, reforçar o setor financeiro, com especial atenção ao crédito malparado, e melhorar as políticas do mercado de trabalho”.

Na resposta a estas recomendações, o Ministério das Finanças assegura que “o Governo está plenamente empenhado em prosseguir a implementação de reformas ambiciosas, que visam aumentar o crescimento potencial e assegurar prosperidade económica sustentável e inclusiva”.

“Portugal continuará a cumprir os seus compromissos”, conclui o Ministério, relembrando ainda que, este ano, espera reduzir o défice para 1,5% do PIB, depois de já ter alcançado um défice de 2% no ano passado. “Prevê-se ainda que Portugal alcance o seu objetivo orçamental de médio prazo em 2021”.

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Moedas: “Tudo aquilo que sofremos foi com uma razão”

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 22 Maio 2017

Para Carlos Moedas, está em causa "o fim de uma história", que começa em 2009, quando Portugal tinha um défice próximo de 10% do PIB.

O Comissário europeu Carlos Moedas entende que esta segunda-feira “é um dia muito importante para Portugal e para a Europa” e notou que foi com o programa de ajustamento que Portugal conseguiu “ganhar um primeiro passo de credibilidade”.

No dia em que a Comissão Europeia recomendou a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), o Comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação recordou o programa de ajustamento “muito difícil”, com “sacrifícios para os portugueses”, para depois acrescentar: “Não devemos esquecer que foi graças a ter conseguido ultrapassar esse programa de ajustamento que conseguimos ganhar um primeiro passo de credibilidade e depois conseguimos continuar a cumprir e hoje temos uma imagem totalmente diferente na Europa”.

Quer isto dizer que a “Europa olha para Portugal como um país robusto que cumpre”, disse, à margem da conferência “Crescimento da Economia Portuguesa — Mitos e Realidades”. “Tudo aquilo que sofremos foi com uma razão”, adiantou ainda.

As boas notícias também são para a Europa, que cresce há mais de 15 trimestres e tem conseguido “que os países resolvam as suas crises”, disse ainda Carlos Moedas. Em 2011, mais de 20 países estavam em PDE, hoje são apenas quatro, salientou.

Para Carlos Moedas, está em causa “o fim de uma história”, que começa em 2009, quando Portugal tinha um défice próximo de 10% do PIB. “Oito anos depois, mas no fundo demorámos quase uma década” a corrigir a situação. “E isso é que é importante ressalvar: é que muitas vezes estes erros que se fazem, erros de uma década, demoram uma década para corrigir, mas felizmente conseguimos“, notou.

Para o comissário, esta é “uma maratona” que vem desde o programa de ajustamento, “mas depois é para continuar a cumprir”, alertou. E nesse sentido, todos os governos, desde 2011, “trabalharam e muito” para este resultado. Mas Moedas quis dar os parabéns sobretudo às pessoas, “que sentiram as dificuldades no seu bolso”.

Bruxelas deixou alguns recados mas o comissário quis destacar dois pontos: “Ganhámos uma certa liberdade” e “credibilidade”, o que significa que “podemos tomar decisões no futuro que não tomávamos hoje” e “ter custos em termos de reformas que queremos efetuar” que não contam para o défice, disse. Por outro lado, “continuamos a ser um país muito endividado”, e é preciso reduzir a dívida, avisou. E este ponto “vai demora muito mais a resolver”, frisou.

O comissário também não antecipa problemas de maior com a Caixa Geral de Depósitos, acreditando que existe toda a informação necessária sobre a capitalização. “Esperamos não ter nenhum tipo de surpresa”, referiu. Mesmo que conte para o défice, “não haverá aqui nenhuma mudança porque o que interessa aqui é o longo prazo, ou seja, se conseguirmos manter a trajetória e se Portugal continua a cumprir, isso é o mais importante, afirmou o comissário.

Quando ao cenário político internacional, Moedas acredita que os resultados nas eleições em França e Holanda mostram que “o populismo” que começava “a invadir”, “parece não estar a chegar ao objetivo”, o que é importante para a “estabilidade da Europa”.

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Dombrovskis: “Portugal assegurou-nos de que o impacto da CGD será contido”

  • Margarida Peixoto
  • 22 Maio 2017

O vice-presidente da Comissão Europeia reconheceu que o impacto da recapitalização da Caixa não está contabilizado, mas adiantou que as autoridades portuguesas dizem que o efeito será contido.

O impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos no défice português deverá ser contido, e não deverá colocar em causa o caminho de ajustamento estrutural das contas públicas portuguesas. Esta foi, pelo menos, a indicação que as autoridades portuguesas deram à Comissão Europeia, revelou o vice-presidente, Valdis Dombrovskis, esta segunda-feira, em Bruxelas.

“Vamos continuar a monitorizar de perto os custos com a recapitalização da CGD, mas temos estado em contacto próximo com as autoridades portuguesas e eles asseguraram-nos de que este impacto será contido”, disse Valdis Dombrovskis, na conferência de imprensa onde os comissários anunciaram a decisão de recomendar a retirada de Portugal do PDE.

Pierre Moscovici, comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros, adiantou que a decisão não suscitou dúvidas, os comissários têm “exatamente a mesma posição”, garantiu, sublinhando que se trata sobretudo de analisar factos. “De acordo com as nossas Previsões de Primavera, Portugal cortou o défice para menos de 3% de forma duradoura. Esta é a principal razão para a retirada”, frisou Moscovici. “Tendo em conta a informação recebida pelo Governo português, não esperamos que a CGD coloque em causa o corte duradouro do défice”, somou.

De visita a Portugal, o comissário Carlos Moedas corroborou as palavras de Dombrovskis e Moscovici: “Tivemos toda a informação necessária sobre a recapitalização da Caixa. Não esperamos qualquer tipo de surpresa”, disse, em declarações aos jornalistas, à margem da conferência “Crescimento da economia portuguesa — Mitos e Realidades”, que decorrem em Lisboa, transmitidas pela RTP3.

Já em Bruxelas, para a reunião do Eurogrupo desta tarde, o ministro das Finanças português, Mário Centeno, confirmou esta mesma leitura, aproveitando para comprometer também a Comissão Europeia quanto à interpretação das regras: “A notação, em termos estatísticos, é de que [a recapitalização da CGD] não vai ter nenhum impacto na sustentabilidade e durabilidade da correção das contas públicas portuguesas.” Centeno frisou que este “é um facto reconhecido pela Comissão Europeia”.

A dimensão do impacto da recapitalização da CGD, concretizada no primeiro trimestre deste ano, no défice orçamental ainda está a ser avaliada pelo Instituto Nacional de Estatística e pelo Eurostat, sendo esperada uma decisão para junho. O Governo português já reconheceu que deverá haver impacto, mas ainda não se sabe de que montante, nem a que anos será imputado.

Esta era também uma das razões que impedia que a decisão, por parte da Comissão Europeia, de recomendar a saída de Portugal do PDE, fosse dada como adquirida. Bruxelas tem sublinhado nos documentos sobre Portugal que o impacto da recapitalização da CGD é um risco para o défice português.

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Juros do crédito da casa nunca estiveram tão baixos

A taxa de juro implícita no crédito à habitação está a cair desde agosto de 2014, seguindo o rumo descendente dos indexantes.

Os juros implícitos no crédito para a compra de casa continuam a cair, e já somam 32 meses consecutivos de alívio. Em abril, a taxa de juro implícita no conjunto dos créditos à habitação concedidos desceu 0,004%, para se fixar num novo mínimo histórico de 1,012%. Já a prestação média vencida manteve-se inalterada pelo oitavo mês consecutivo, nos 237 euros.

Já nos contratos celebrados nos últimos três meses foi notório um ligeiro agravamento na taxa de juro, com esta a passar dos 1,665%, para 1,675%. Trata-se da primeira vez desde agosto do ano passado que esta taxa regista um agravamento. Já no valor médio da prestação nos empréstimos para a compra de casa celebrados nos últimos três meses foi observada uma descida, com esta a passar de 297 euros, em março, para 290 euros, em abril.

No que diz respeito ao financiamento para a aquisição de casa, a taxa de juro implícita também recuou em 0,3 pontos base para 1,028%. Neste segmento, os juros dos contratos celebrados nos últimos três meses subiram para 1,646% em abril, ficando 0,018 acima do valor registado em março.

A taxa de juro implícita do crédito à habitação tem acompanhado a evolução da Euribor, que está a negociar em terreno negativo a três, seis e 12 meses.

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Portugal precisa de 75 mil imigrantes por ano para manter população ativa

  • ECO
  • 22 Maio 2017

Se não houver entradas de imigrantes, Portugal enfrentará uma "crise demográfica grave" e, em 2060, terá menos 2,6 milhões de pessoas.

Portugal precisa de receber 75 mil imigrantes adultos por ano para manter a atual população ativa. Ao mesmo tempo, terá de travar a emigração, sobretudo dos jovens. As conclusões constam do estudo “Migrações e sustentabilidade demográfica”, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que será apresentado esta tarde e que é citado na edição desta segunda-feira do Diário de Notícias.

O estudo foi elaborado por sociólogos, demógrafos e economistas e parte de uma pergunta de partida: “Quantos imigrantes seriam necessários para compensar a falta de nascimentos?”.

Os investigadores chegam a várias conclusões. Desde logo, se não houver entradas de imigrantes, Portugal enfrentará uma “crise demográfica grave” e, em 2060, terá menos 2,6 milhões de pessoas. Para manter os atuais 10,4 milhões de residentes atuais, Portugal terá de receber 47 mil imigrantes por ano.

Já para manter a população ativa, terá de receber 75 mil imigrantes por ano, um número pouco realista, tendo em conta que nem nos anos de maior fluxo migratório se atingiram esses valores. Os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) dão conta de que, em 2015, foram concedidas 37.851 novas autorizações de residência, mais 7,3% do que no ano anterior. As associações de imigrantes apontam, contudo, para que haja outros 30 mil imigrantes à espera de autorização de residência.

Resta uma alternativa: evitar que os portugueses emigrem e implementar medidas para que os que já emigraram voltem. Este poderá ser um cenário mais exequível: um estudo da Fundação Associação Empresarial de Portugal (AEP), realizado recentemente, indica que 70% dos jovens portugueses qualificados e emigrados nos últimos querem regressar ao país. Entre 2013 e 2015, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), saíram, em média, 100 mil residentes de Portugal por ano.

O estudo indica ainda que, até 2020, Portugal não precisa de mais mão-de-obra, mas, a partir desse ano, passará a ser deficitário. O défice de trabalhadores verificar-se-á a todos os níveis, mas será nos trabalhados altamente qualificados que se sentirá mais este défice.

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Caldeira Cabral: Saída do PDE é “uma notícia justa”

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 22 Maio 2017

O ministro da Economia diz que Portugal fez o "seu trabalho" e apresenta resultados "reconhecidos por todos".

O ministro da Economia salientou hoje que “Portugal vive um bom momento”. A saída do Procedimento por Défices Excessivos é a “boa noticia que já todos aguardávamos”, porque “sabíamos que era uma notícia justa”, salientou o Manuel Caldeira Cabral na conferência do Millennium BCP “Crescimento da Economia Portuguesa – Mitos e Realidades”, que decorre no Centro Cultural Belém.

De acordo com o governante, Portugal fez o “seu trabalho” e apresenta resultados “reconhecidos por todos”. A saída do PDE, hoje confirmada, foi conseguida “por mérito próprio” e é um sinal de confiança, afirmou ainda. Portugal tem também hoje “a confiança das instituições europeias plenamente reconhecida”, notou.

À margem da conferência, em declarações aos jornalistas Manuel Caldeira Cabral, considerou que a recomendação da Comissão Europeia para Portugal sair do Procedimento por Défice Excessivo é “uma ótima notícia” e reflete “o esforço que Portugal fez”. Um esforço que “permitiu ganhar a confiança das instituições europeias”, acrescentou. No entanto, segundo o responsável frisou que o país tem de “continuar a trabalhar com rigor”.

Caldeira Cabral reconhece que o país está na moda mas salienta que “estar na moda dá muito trabalho”. E isso “foi conseguido com o esforço de todos nós”, adiantou ainda. O enfoque agora tem de ser crescimento económico, avisou Caldeira Cabral.

Na sua intervenção, o ministro da Economia quis desmistificar alguns mitos. Um deles diz respeito à competitividade: o governante admite que há problemas a esse nível mas reforça que as exportações tiveram um desempenho ao nível dos melhores países europeus durante uma década. E entende por isso que o problema da competitividade é desmentido pela realidade.

Ainda assim, o endividamento elevado do país “é uma realidade, não é um mito”, salientou. Nesse sentido, o reconhecimento da Comissão Europeia mostra que “Portugal está a a trabalhar para resolver os problemas da dívida publica” e das contas públicas, salientou Caldeira Cabral.

 

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PDE é “passo fundamental, mas não é o último”, diz Marcelo

O Presidente da República já reagiu à saída do Procedimento por Défices Excessivos.

A Comissão Europeia recomendou esta segunda-feira a saída de Portugal do braço corretivo do Procedimento por Défice Excessivo (PDE). Em reação a esta decisão, o Presidente da República avisa que este é um “passo fundamental, mas não é o último”. Por isso, Marcelo Rebelo de Sousa preferiu apontar para o futuro elencando a criação de emprego, investimento e crescimento económico. E alertou que é preciso continuar a controlar o défice.

Em declarações transmitidas pela RTP3, Marcelo deu as “felicitações” aos portugueses, classificando a saída do PDE como uma “grande alegria”. “Foram muitos anos de sacrifícios que permitiram esta decisão”, disse, referindo que é preciso “converter esta decisão em mais confiança cá dentro e lá fora em relação a Portugal”.

Ou seja, “o trabalho continua”, avisa. Marcelo Rebelo de Sousa pede assim que os esforços do país estejam concentrados em reforçar a criação de emprego, mais crescimento económico — controlando o défice — e estimulando o investimento. “Temos todos de trabalhar”, afirmou o Presidente da República, referindo que é preciso aproveitar o reforço da confiança em Portugal junto dos investidores.

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A saída do PDE em seis slides

  • Margarida Peixoto e Raquel Sá Martins
  • 22 Maio 2017

Esta segunda-feira, a Comissão Europeia recomendou a retirada de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo. O ECO conta-lhe o que aconteceu em seis slides.

Foi esta segunda-feira que a Comissão Europeia recomendou a retirada de Portugal do braço corretivo do Procedimento por Défice Excessivo. Saiba o que aconteceu, em menos de um minuto.

Infografia por Raquel Sá Martins

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A Comissão decidiu sobre o PDE. Quais são os próximos passos?

  • Margarida Peixoto e Raquel Sá Martins
  • 22 Maio 2017

A Comissão Europeia recomendou esta segunda-feira a retirada de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo. Saiba quais são os próximos passos a dar em Bruxelas, no âmbito do semestre europeu.

Esta segunda-feira, a Comissão Europeia recomendou retirar Portugal do Procedimento por Défice Excessivo. Mas para a decisão ser vinculativa ainda faltam alguns passos. Desde logo, esta recomendação — e as restantes sugestões feitas ao país — vão ser debatidas esta tarde no Eurogrupo, e amanhã no Conselho dos Ministros das Finanças da União Europeia. Mas há mais: maio é apenas um dos capítulos do ciclo do semestre europeu. Saiba o que aí vem.

O ciclo do Semestre Europeu

Infografia por Raquel Sá Martins

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Brexit: exigências da UE podem custar as negociações

  • ECO
  • 22 Maio 2017

O Governo britânico recusa-se a pagar 100 mil milhões pelo divórcio e ameaça cessar as conversações caso a UE exija oficialmente este valor. Representantes de Bruxelas reúnem hoje.

A conta apresentada ao Reino Unido pela sua saída tem estado em debate nas últimas semanas e ainda não está definida. Contudo, a possibilidade de os valores ascenderem a 100 mil milhões de euros já provocou reações no Governo britânico. O ex-aliado recusa-se a pagar um montante tão elevado ao bloco, e ameaça mesmo desistir das conversações caso esta proposta avance.

O secretário destacado pelo Governo britânico para o Brexit, David Davis, afirma que mesmo mil milhões de libras seria “muito dinheiro”. Theresa May reforça que “pagamentos passados” devem ser tomados em conta, referindo-se a participações no Banco Europeu de Investimento e em projetos conjuntos com a UE.

O valor mencionado por Juncker foi cerca de 60 mil milhões de euros — o mesmo valor apontado pelo primeiro ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel, como teto. A base seriam os 40 mil milhões de euros. A revisão que sobe a fasquia para os 100 mil milhões foi avançada pelo Financial Times, citado pela Bloomberg.

Os ministros da União Europeia vão reunir-se esta segunda-feira, para consolidar a posição relativamente às condições a apresentar. As conversações entre as duas partes deverão ter início a 19 de junho.

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Já está: Portugal sai do PDE ao fim de 2.784 dias

  • Margarida Peixoto
  • 22 Maio 2017

A Comissão Europeia recomendou esta segunda-feira a saída de Portugal do braço corretivo do Procedimento por Défice Excessivo. O mérito é "do povo português", disse Valdis Dombrovskis.

Ao fim de 2.784 dias, Portugal saiu do Procedimento por Défices Excessivos. A decisão foi comunicada esta segunda-feira pela Comissão Europeia. O país deixa agora de ter as suas finanças públicas sob vigilância reforçada de Bruxelas, goza de alguma flexibilização das regras orçamentais e liberta-se da ameaça das sanções por não cortar o défice.

“Este é um dia importante para Portugal. Recomendamos a revogação do Procedimento por Défice Excessivo para Portugal e esperamos que os Estados-membros apoiem a nossa recomendação”, frisou Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia.

Quanto ao mérito da saída, o comissário atribuiu-o aos portugueses: “O feito de hoje deve-se, antes de mais, ao povo português.

Mas porque ainda não está tudo feito, Valdis Dombrovskis aproveitou para sublinhar a importância dos próximos passos, defendendo que é preciso reforçar o crescimento e torná-lo “sustentável (duradouro)”, ao mesmo tempo que o país deve “garantir que beneficia todos os membros da sociedade.” Por isso, notou, é “crucial que Portugal continue empenhado num ambicioso plano de reformas estruturais.”

Dombrovskis deixou mesmo as principais linhas orientadoras dos próximos passos que o Governo deve dar:

  1. Continuar no caminho das políticas orçamentais responsáveis e garantir uma despesa pública mais eficiente;
  2. Fazer face ao aumento dos custos dos sistemas de saúde e pensões;
  3. Um maior reforço do seu setor financeiro, que inclui dar resposta aos elevados níveis de crédito mal parados.
  4. Dar uma atenção contínua no que se refere à melhoria das políticas do mercado de trabalho, em especial o auxílio a quem procura emprego.

No final, rematou: “Convido as autoridades portuguesas a aproveitar este momento e agir agora com determinação para que Portugal desbloqueie o seu verdadeiro potencial e cresça no sentido de numa economia resiliente, dinâmica e inovadora.”

Como foram os sete anos, sete meses e 15 dias de PDE

O Procedimento por ter falhado o limite do défice orçamental de 3%, previsto nas regras comunitárias, tinha sido aberto a 7 de outubro de 2009, com o Partido Socialista de José Sócrates na liderança política do país. Sócrates já tinha cumprido uma primeira legislatura e tinha renovado um segundo mandato, nas eleições de 27 de setembro. Preparava-se para liderar um Governo que, sem maioria absoluta na Assembleia da República e perante a inevitabilidade de um pedido de resgate para evitar a bancarrota, duraria apenas dois anos.

Naquele ano de 2009, os países europeus já estavam a braços com a crise económica. Aliás, Portugal fez parte de um pacote total de dez países que foram colocados sob vigilância orçamental reforçada na mesma altura, com um calendário definido para corrigir o desequilíbrio financeiro das Administrações Públicas e a obrigatoriedade de prestar contas a Bruxelas.

José Sócrates previa, à data, que o défice atingisse 5,9%. Mais tarde, sucessivas revisões do Instituto Nacional de Estatística, em parte provocadas por alterações metodológicas mas não só, atirariam o número para 9,8%.

Uma série longa do INE mostra bem como défices acima dos dois dígitos foram escassos, mas também evidencia como há 40 anos a norma portuguesa são finanças públicas desequilibradas.

Fonte: INE

A troika e o “ponto de honra” de Passos

Dois anos depois de ter conduzido o país ao PDE, José Sócrates demitiu-se do Governo, perante a necessidade de pedir ajuda internacional para evitar que as Administrações Públicas entrassem em bancarrota. Nesta altura, já os funcionários públicos tinham sofrido os primeiros cortes salariais — mas este seria apenas o início de um caminho das pedras, atravessado por toda a sociedade portuguesa e sob liderança de Pedro Passos Coelho, o primeiro-ministro do Governo de coligação PSD/CDS-PP.

Obrigada a cumprir o programa de resgate da troika — Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu — a economia nacional afundou-se na recessão. Os cortes de rendimentos e direitos levaram a uma guerra — perdida — entre o Executivo e o Tribunal Constitucional. Mesmo assim, milhares de portugueses emigraram: entre 2013 e 2015, saíram cerca de 110 mil pessoas por ano de Portugal.

Em 2012 a economia bateu no fundo, com uma recessão de 4%. No ano seguinte, voltou a contrair 1% e a taxa de desemprego atingiu o pico de 16,2%. Mas daí em diante começou lentamente a recuperar. O défice orçamental, apesar de todos os cortes na despesa pública e aumentos de impostos, manteve-se persistentemente elevado. Para estes resultados contribuíram os resgates aos bancos.

Em 2015, no último ano da legislatura de direita, Pedro Passos Coelho elegeu a correção do défice e a saída do PDE como um “ponto de honra”. O resgate do Banif impediu-o de cumprir a promessa. E apesar de o défice ter ficado a escassas décimas dos 3%, com a intervenção no banco da Madeira voltou a superar o limite autorizado, atingindo 4,4%.

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