Governo quer estimular vistos ‘gold’ a investir mais

  • Lusa
  • 11 Abril 2017

"Está também a ser promovida a valorização da rede de grandes empresas estrangeiras a operar em Portugal", lê-se ainda no Programa Nacional de Reformas.

O Governo está a desenvolver ações para estimular os atuais beneficiários dos vistos ‘gold’ a “reforçar o seu investimento”, segundo o Programa Nacional de Reformas, enviado ao Conselho Económico e Social a que a Lusa teve hoje acesso.

De acordo com o documento, enviado ao Conselho Económico e Social (CES), para emissão de parecer, “encontra-se em curso o desenvolvimento de ações para estimular os atuais beneficiários das Autorizações de Residência para Investimento (ARI) a reforçar o seu investimento/envolvimento em Portugal, especialmente na vertente empresarial”.

O regime de ARI, também conhecido como vistos ‘gold’, está em vigor desde 08 de outubro de 2012 e permite a cidadãos de Estados fora da União Europeia obter uma autorização de residência temporária para atividade de investimento com a dispensa de visto de residência para entrar em Portugal.

A obtenção dos vistos ‘gold’, com os chineses a liderarem a lista, depende de vários critérios, entre eles a transferência de capitais no montante igual ou superior a um milhão de euros, a criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho, ou a compra de bens imóveis no valor igual ou superior a meio milhão de euros.

Além disso, lê-se no Plano Nacional de Reformas (PNR), “está também a ser promovida a valorização da rede de grandes empresas estrangeiras a operar em Portugal, bem como a identificação e atração dos grandes empresários da diáspora, no âmbito da diplomacia económica”.

Sobre a alavancagem de financiamento e investimento, o Governo refere no documento que, “atendendo à necessidade de sensibilização e capacitação dos agentes económicos para o acesso a novas formas de financiamento e capitalização ou angariação de novos investidores, será implementado, no plano nacional, um programa de acesso das empresas portuguesas às oportunidades de negócio das instituições multilaterais”.

Por outro lado, no que respeita à promoção das oportunidades de investimento, o PNR aponta “o sucesso da Web Summit”, que decorreu em novembro do ano passado, “e cujo ‘follow-up’ [seguimento] ocorrerá no corrente ano, reforçou a dinamização da articulação entre empresas nacionais e investidores estrangeiros”.

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Despedimento coletivo na Cofina afeta mais de 50 pessoas

  • Lusa
  • 11 Abril 2017

O grupo que detém o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios diz estar, no âmbito de uma reestruturação, a reduzir na imprensa e a apostar "cada vez mais no digital, na multimédia".

A Cofina Media avançou com um despedimento coletivo de mais de meia centena de trabalhadores, na sequência da reorganização interna que já tinha sido anunciada, confirmou hoje à Lusa fonte oficial do grupo.

Esta medida surge na sequência de um processo de reorganização que o grupo que detém o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios, entre outros títulos, já tinha anunciado.

Em declarações à Lusa, em 6 de março último, fonte oficial da Cofina tinha afirmado que o grupo tinha ajustado as equipas, reduzindo a imprensa, e que não colocava “de lado a utilização dos meios legais disponíveis”, se tal fosse necessário, “para ajustar a atividade às tendências de mercado”.

Na altura, questionada sobre rescisões voluntárias no grupo, a mesma fonte tinha referido que a empresa vinha a “ajustar as suas equipas, reduzindo na imprensa e apostando cada vez mais no digital, na multimédia”.

O lucro da Cofina caiu 14,4% em 2016, face ao ano anterior, para 4,3 milhões de euros, e as receitas operacionais recuaram 0,7% para 99,9 milhões de euros.

No documento de divulgação de resultados, em 3 de março, o grupo tinha referido que iria “aprofundar a sua política de reforço da eficiência operativa como forma de fazer frente ao ambiente de mercado extremamente adverso”, salientando que “serão aprofundadas medidas de corte de custos nas áreas mais expostas ao ciclo e, em simultâneo, serão reforçadas as áreas de crescimento, como sejam a televisão e o ‘online'”.

Numa informação interna, a que a Lusa teve acesso no início de março, é referido que a quebra de receitas de publicidade continua e acentuar-se no início deste ano, pelo que a Cofina decidiu avançar para um programa de corte de 10% de custos.

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Quem vai pagar aos bolseiros daqui a três anos?

  • Marta Santos Silva
  • 11 Abril 2017

Incerteza sobre financiamento dos contratos dos atuais bolseiros doutorados faz investigadores temer que não sejam renovados. Para o PS, tudo depende "da procura de trabalhadores científicos".

Desde agosto, quando o Governo aprovou um novo regime de contratação de bolseiros doutorados com o objetivo de reduzir a precariedade na ciência, que o diploma tem sido criticado de todas as direções por deixar o problema resolvido de forma incompleta. A um dia de serem votadas na Comissão de Educação e Ciência as diferentes propostas de alteração, que pretendem tornar a lei mais clara e eficaz, já parece haver vários pontos de consenso entre os partidos. No entanto, há uma área onde ainda não há acordo e que preocupa os investigadores.

“O que vai acontecer na prática é que, estando as instituições universitárias subfinanciadas e descapitalizadas, daqui a três anos há uma onda enorme de despedimentos coletivos na ciência“, diz ao ECO o investigador Paulo Granjo, representante da Rede de Investigadores contra a Precariedade Científica.

Comecemos pelos consensos. Todos concordam — incluindo o ministro Manuel Heitor, que prometeu no Parlamento que haveria mudanças — que o diploma aprovado pelo Governo tinha uma grande falha. Criava um regime através do qual as universidades deveriam contratar os investigadores doutorados, substituindo as bolsas de investigação que deveriam ser usadas apenas para as necessidades que não fossem permanentes e para investigadores em formação. No entanto, não tornava claro como os investigadores poderiam fazer a transição deste modelo para a carreira científica.

O diploma previa que os investigadores doutorados fossem contratados por três anos, renováveis até seis, e não estabelecia qualquer ponte para, depois desses seis anos, haver acesso à carreira científica. Agora, os diferentes partidos que apresentaram propostas de alteração ao diploma, concordam que deve haver um caminho que leve estes doutorados a entrar na carreira científica no final dos seis anos. O mecanismo de transição em si, porém, tem levantado discórdia.

O PCP e o Bloco de Esquerda, nas suas propostas de alteração separadas, propunham que os investigadores doutorados que chegassem ao final do contrato de seis anos fossem integrados automaticamente na carreira científica, para evitar a criação daquilo a que chamaram uma “carreira paralela” com base em contratos com termo certo.

Não pode ser possível que um doutorado esteja seis anos fora da carreira e depois tenha de entrar. A instituição não é obrigada a contratá-lo.

Porfírio Silva

Partido Socialista

O Bloco, pelo menos, já mostra abertura para negociar esta quarta-feira que a entrada seja por concurso público. “À imagem de qualquer entrada na carreira”, explica ao ECO o deputado bloquista Luís Monteiro. Para o deputado, as instituições teriam de, no final dos seis anos, abrir concursos públicos para que aquelas vagas fossem preenchidas através da entrada na carreira científica.

Porfírio Silva, deputado do Partido Socialista, não concorda que as universidades sejam obrigadas a abrir concursos para as vagas que, durante seis anos, forem preenchidas por um doutorado. “Não pode ser possível que um doutorado esteja seis anos fora da carreira e depois tenha de entrar. A instituição não é obrigada a contratá-lo”, refere o deputado. Para Porfírio Silva, o diploma reduz a precariedade ao esclarecer que, no final de seis anos de contrato a termo certo, a universidade não pode optar por voltar a fazer um contrato precário ao doutorado. “Para continuar a ter essas pessoas que acumularam essa experiência” a trabalhar na instituição, a faculdade tem de abrir um concurso público, explica. E, além disso, os bolseiros “não têm proteção contratual nem direitos associados a um contrato” o que, com o novo diploma e acesso a contratos de trabalho, passarão a ter.

Investigadores temem onda de despedimentos

Estando acordado que haverá alguma espécie de mecanismo de entrada na carreira científica no final de seis anos de contrato a termo certo, continua a haver preocupações para os investigadores que temem não ver solucionadas. “Há questões em que parece que não há abertura por parte do PS ou pelo menos do Ministério das Finanças”, afirma o investigador Paulo Granjo ao ECO. “E uma delas é particularmente grave”.

A questão que se coloca prende-se, não com o regime em si, mas com a norma transitória que servirá para integrar neste novo regime de contrato a termo aqueles investigadores que estão atualmente nas universidades com bolsas. O decreto-lei original é vago num dos aspetos, dizendo apenas que, no caso dos bolseiros da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), “os encargos resultantes da respetiva contratação são suportados por esta, através de contrato a realizar com a instituição de acolhimento do bolseiro”. Sem estar esclarecido por quanto tempo a FCT financiaria a contratação, entende-se que seria até ao término da bolsa — se o bolseiro tivesse apenas mais seis meses restantes na sua bolsa, a FCT financiaria esses seis meses.

Agora, os partidos têm propostas diferentes para melhor esclarecer esta alínea. Para o PCP e para o Bloco, a FCT deve financiar os seis anos de contrato, no final dos quais o doutorado tem acesso ao mecanismo de entrada na carreira científica. Mas é a proposta do Partido Socialista que preocupa os investigadores, ao determinar que “os encargos resultantes da respetiva contratação apenas são suportados [pela FCT] por um período de três anos”, lê-se no documento.

“O que vai acontecer na prática é que, estando as instituições universitárias subfinanciadas e descapitalizadas, daqui a três anos há uma onda enorme de despedimentos coletivos na ciência“, considera Paulo Granjo, da Rede de Investigadores contra a Precariedade na Ciência.

"O risco é as instituições dizerem: ‘Não estou a abrir concurso porque não tenho orçamento para contratar essas pessoas’. ”

Ana Rita Bessa

CDS

Luís Monteiro, do Bloco de Esquerda, também está preocupado com este hiato. “Ao fim de três anos, as instituições podem não conseguir pagar” para renovar o contrato do doutorado por mais um, dois, ou três anos. Ana Rita Bessa, do CDS, também reconhece que pode existir um problema, embora a proposta dos centristas não preveja uma alteração nesta área. “Eu percebo a preocupação”, afirma. “O risco é as instituições dizerem: ‘Não estou a abrir concurso porque não tenho orçamento para contratar essas pessoas'”. No entanto, continua Ana Rita Bessa, “se a tutela estabelece estes princípios é porque acautelará, de forma orçamental, estas questões”.

O Partido Socialista, porém, defende a sua opção de alocar financiamento da FCT para os primeiros três anos do contrato. “É preciso ter em conta o seguinte: não são as leis que mudam a natureza das instituições”, afirmou Porfírio Silva ao ECO. “Vai continuar a haver contratação, na medida em que as instituições tenham estratégias que passem pelo reforço da investigação e precisem de investigadores”.

O decreto-lei incentiva, por si só, a contratação através de vínculos duradouros. “Queremos que as instituições, precisamente por causa deste enquadramento, precisem de contratar e contratem cada vez menos precários”, concluiu Porfírio Silva. No entanto, não quis falar de um possível aumento da dotação para a ciência que pudesse facilitar essa contratação, a não ser para dizer que “em abstrato” seria a favor de um maior investimento nessa área.

Muitos destes impasses poderão ficar nas mãos do PSD. Embora o partido tenha inicialmente prometido apresentar uma proposta de alteração ao decreto-lei, tendo mesmo chegado a pedir um adiamento do prazo de entrega de propostas, esta intenção acabou por não se concretizar. No debate da apreciação parlamentar, a deputada social-democrata Nilza de Sena afirmou que o PSD não se revia na proposta. O ECO tentou contactar a deputada, mas não obteve resposta.

“Ninguém sabe o que o PSD vai fazer”, conclui o investigador Paulo Granjo. “Acham que o decreto é uma porcaria, e têm razão, mas que não é responsabilidade deles estar a melhorá-lo”. Esta quarta-feira, essa posição tornar-se-á mais clara na discussão de todas as propostas no Parlamento — as aprovadas pela Comissão de Educação e Ciência serão depois votadas por todos os deputados, no plenário.

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Banif: Lesados dizem ter 1.300 reclamações na CMVM

  • Lusa
  • 11 Abril 2017

“Acabamos de entregar 883 reclamações, acrescentando às que a CMVM já tinha recebido diretamente, o que faz com que já tenha cerca de 1.300", disse o presidente da Alboa.

A associação de lesados do Banif (Alboa) disse hoje que já há 1.300 reclamações de clientes na CMVM e que esperam entregar mais algumas centenas nas próximas semanas, para provar que houve venda fraudulenta de produtos pelo banco.

“Acabamos de entregar 883 reclamações, acrescentando às que a CMVM já tinha recebido diretamente, o que faz com que já tenha cerca de 1.300”, disse à Lusa o presidente da Alboa, Jacinto Silva, que hoje se deslocou à sede do regulador dos mercados financeiros, em Lisboa, para entregar em mãos as queixas que a associação andou a recolher por todo o país (sobretudo Madeira e Açores) mas também nas comunidades portuguesas no estrangeiro.

O responsável acrescentou que nas próximas semanas a Alboa espera entregar mais umas “centenas de reclamações”, provenientes sobretudo de clientes que vivem na Venezuela e na África do Sul.

Sobre o tratamento que a CMVM dará a estas queixas, Jacinto Silva considerou que o regulador “terá agora um trabalho monumental para analisar tudo”, uma vez que tem de avaliar cada caso e em causa estão 21 produtos diferentes, o que prevê que seja “extremamente moroso”. Contudo, mostrou-se esperançado em que a CMVM acabe por concluir que houve no Banif uma “operação global de ‘misseling’”, ou seja, que houve vendas enganosas ou fraudulentas de produtos financeiros.

O objetivo da associação é que, com esse parecer, o Governo dinamize uma solução para compensar estes clientes, à semelhança da que está a ser executada para os lesados do papel comercial do BES.

Um dos problemas com que a CMVM se poderá confrontar, neste processo, é com o contraditório que normalmente é requerido à instituição que emite o produto alvo de reclamação e ao intermediário financeiro, uma vez que o Banif foi alvo de resolução em dezembro de 2015 e não é certo quem detém o acervo destes produtos, explicou Jacinto Silva.

A ALBOA estima que haja 3.500 clientes lesados pelo Banif que perderam 265 milhões de euros em investimentos de produtos no banco.

A associação divulgou hoje o ‘perfil do lesado Banif’, que tem em média 61 anos e grau de escolaridade inferior ao 9.º ano em mais de 60% dos casos. Há mesmo 39% desses clientes cuja escolaridade é inferior ao 4.º ano do ensino básico.

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Alegadas demolições ilegais obrigam a proteger prédio de Nadir Afonso

  • Marta Santos Silva
  • 11 Abril 2017

É um dos poucos edifícios projetados pelo transmontano e a Direção-Geral da Cultura e Património abriu hoje o processo de classificação, mas muitos elementos distintivos foram já destruídos.

Foi através das redes sociais que a Câmara Municipal de Vila Real tomou conhecimento das denúncias de alegadas demolições que estariam a acontecer na Panificadora, um dos únicos edifícios projetados pelo artista transmontano Nadir Afonso.

Devoluto há décadas, o edifício estava a ser usado por toxicodependentes e pessoas sem-abrigo, mas estava em curso uma proposta para o proteger junto da Direção-Geral do Património e Cultura (DGPC), quando a partir de sábado começaram a chegar relatos da destruição de alguns dos seus elementos mais característicos. Esta terça-feira, a DGPC decidiu iniciar o processo de classificação “atendendo às denúncias recentes de destruição do edifício”, mas ainda vai a tempo?

A panificadora de Vila Real estava ao abandono há muito, mas algumas das partes mais significativas começaram a desaparecer recentemente. Esta imagem de sábado mostra a destruição da fachada.Cortesia de Hugo Santos

A história é mais bem contada pela vila realense Ana Luísa Morgado, cuja tese de mestrado na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa teve como tema a Panificadora de Vila Real, e deu origem à candidatura para que o edifício passasse a ser um Imóvel de Interesse Público.

Nadir Afonso, que morreu em 2013, focou-se mais na pintura mas era arquiteto de formação e, além de outros projetos, é o pai de duas panificadoras, uma em Chaves, a sua terra natal, e outra em Vila Real. Enquanto arquiteto, estagiou com Oscar Niemeyer e Le Corbusier, dois dos mais influentes da época. Ana Luísa Morgado, ao estudar a Panificadora de Vila Real juntamente com os seus orientadores na Universidade de Lisboa, decidiu criar uma candidatura a Imóvel de Interesse Público, a entregar à DGPC, que recolheu assinaturas que incluem a de Álvaro Siza Vieira.

Desde que entregou essa candidatura, a 12 de maio de 2016, Ana Luísa Morgado tem visto uma degradação crescente da Panificadora. “Em novembro tive de voltar lá”, conta ao ECO. “Tinham demolido uma parte da fachada nordeste. Onde havia uma porta, estava toda destruída, e parecia mesmo que tinha sido com uma retroescavadora”. E algumas das partes mais icónicas do edifício tinham desaparecido. “O forno estava lá, mas o painel de azulejo e o tijolo de burro que revestiam estavam no chão”, recorda. E a cobertura abobadada “que, em março estava em condições, estava destruída”.

Os azulejos azuis à volta do forno são uma das características distintivas do edifício que desapareceram recentemente.Cortesia Merooficina

Os relatos deste fim de semana, porém, são os mais flagrantes. Grande parte da fachada da Panificadora, que era uma das facetas mais importantes e mais marcantes do edifício, tinha sido demolida. “Desapareceu todo o envidraçado da fachada principal”, incluindo as suas caixilharias de betão armado, refere Ana Luísa Morgado. O quadriculado vermelho e branco faz parte do rosto da Panificadora, mesmo nos anos em que tem estado devoluta, e os caixilhos de betão são específicos deste edifício.

O envidraçado vermelho e branco era visível, mesmo degradado, antes da demolição deste fim de semana.Cortesia Merooficina

Para Ana Luísa Morgado, o momento do desaparecimento destas características especiais do edifício, que o favoreceriam para uma classificação como Imóvel de Interesse Público e o protegeriam de ser demolido ou alterado, é suspeito. “Coincidir com as semanas da decisão final” da DGCP sobre se iria considerar o processo faz a jovem pensar que “as coisas não acontecem por acaso”.

A Panificadora é um edifício privado, que já é detido há 17 anos por José Meireles. O ECO tentou contactar o proprietário, mas não obteve resposta. À agência Lusa, José Meireles disse não ser responsável pelas demolições. “O meu conhecimento é que já não é a primeira vez que entram lá máquinas e que destruíram já tudo, também por dentro, e roubaram tudo o que havia lá de valor”, disse à agência noticiosa. “Já há três anos que não entro lá e não faço a mínima ideia de como aquilo está”.

DGPC abriu hoje processo de classificação

Em comunicado, a Direção-Geral do Património Cultural anunciou que abriu esta terça-feira, o procedimento de classificação da Panificadora. “Atendendo às denúncias recentes de destruição do edifício, a diretora-geral do Património Cultural, Paula Silva, avocou a decisão por forma a impedir danos continuados no imóvel em vias de classificação”, lê-se nesse comunicado.

De acordo com a DGPC, cabe agora à Câmara Municipal certificar-se de que não são feitas mais intervenções no edifício enquanto não houver um parecer da DGPC. Ao ECO, o vereador Adriano Sousa, que entre outros pelouros detém o do urbanismo, explicou que a Câmara Municipal de Vila Real ainda não foi notificada pelo órgão, mas que quando tomou conhecimento das denúncias de demolições enviou ao local uma equipa de fiscalização.

“Ainda não me chegou o relatório da fiscalização, e não sei o que a fiscalização apurou: se foi um aluimento, se alguém fez lá uma intervenção…”, disse o vereador. Reconheceu, porém, que qualquer demolição seria ilegal sem autorização municipal. “Nenhum proprietário pode demolir o que quer que seja sem autorização da Câmara Municipal de Vila Real”, afirmou, “e não tivemos qualquer pedido de demolição para aquele imóvel”.

A fachada do edifício ficou totalmente desfalcada, com os caixilhos em betão e os vidros removidos.Cortesia de Hugo Santos.

Mas porque vale a pena manter a Panificadora de Vila Real? O arquiteto vila realense Vitório Leite, da Merooficina, explicou ao ECO que “tem algum poder simbólico, o edifício, por ser um dos poucos projetados por Nadir Afonso. É um dos mais importantes artistas do país, e daquela região então é possível que seja o mais importante”.

O escritório de arquitetos Merooficina, de Vitório Leite e Catarina Ribeiro, foi o vencedor de um concurso de ideias lançado pela Câmara Municipal de Vila Real para uma reabilitação da Panificadora. “As características mais peculiares são as coberturas abobadadas e as entradas de luz que permitem, e alguns elementos como a caixilharia em betão”, afirmou. O concursos de ideias do município, sabe o ECO, serviria apenas para atrair a atenção de possíveis compradores para o edifício que o pudessem reabilitar aproveitando algum dos projetos submetidos, um dos quais era o de Vitório Leite e Catarina Ribeiro.

Proposta da Merooficina para a reabilitação da Panificadora mantendo aspetos como a fachada envidraçada e as coberturas.Cortesia Merooficina

A ideia da recuperação do edifício era tentar preservar ao máximo as suas características, mesmo aplicando materiais que existiam, recuperar caixilharias e coberturas, e introduzir algumas estruturas para um mercado gastronómico para aquela zona da cidade, que tem habitação e outros pontos de interesse, mas não tem nenhum mercado”, explica Vitório Leite ao ECO. Contudo, a proposta nunca passou disso mesmo: uma proposta.

Questionado sobre se o desaparecimento, alegadamente através de demolição ilegal, de algumas das características mais emblemáticas do edifício poderia pôr em risco a recuperação da Panificadora ou a sua classificação como Imóvel de Interesse Público, Vitório Leite não hesita: “Isso era o que eles queriam”. Há muitas características que se mantêm, afirma, além de haver esboços e registos de como o edifício era anteriormente. “Ainda vamos a tempo, e não será difícil”, reconhece, até porque “não são materiais muito caros, nem muito trabalhados, nem são coisas que não se possam facilmente repetir”.

Falta saber se o edifício ficará em pé. “A nossa questão agora tem sido quando é que a torre vai abaixo”, teme Ana Luísa Morgado. “Se vai ser hoje, se vai ser amanhã…”. A decisão atempada da DGCP poderá ser o travão que fazia falta.

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Contrato-Emprego apoia criação de 15.000 empregos com 60 milhões de euros

  • Lusa
  • 11 Abril 2017

Estão previstos, para 2017, concursos para apoio à criação de 15.000 postos de trabalho, com uma dotação de 60 milhões de euros, refere o Programa Nacional de Reformas.

Ao abrigo da nova medida de apoio ao emprego Contrato-Emprego, estão previstos, para 2017, concursos para apoio à criação de 15.000 postos de trabalho, com uma dotação de 60 milhões de euros, refere o Programa Nacional de Reformas.

No Programa, enviado pelo Governo ao Conselho Económico e Social (CES) para emissão de parecer, é referido que em 2016 foi feita uma avaliação das políticas ativas de emprego e de seguida procedeu-se à “reorientação sustentada das medidas de combate à precariedade e de fomento da empregabilidade”.

O documento, a que a agência Lusa teve acesso, salienta as medidas Contrato-Emprego, Estágios profissionais e Contrato-Geração como forma de integração no mercado de trabalho de jovens e desempregados de longa duração, nomeadamente.

“Sublinhe-se que este conjunto de medidas associa-se a um conjunto de metas para o horizonte 2020, designadamente as que se associam, por um lado, à garantia de que 75% dos apoios à contratação são direcionados para contratos sem termo e de que 70% dos abrangidos por políticas ativas do mercado de trabalho são desempregados de longa duração”, diz o Programa Nacional de Reformas (PNR).

O objetivo é abranger 600 mil desempregados de longa duração com as políticas ativas de emprego em curso.

A par da reorientação das políticas ativas de emprego, o Governo assume que irá concretizar em 2017 e anos seguintes um conjunto de intervenções no plano da regulação laboral “para reduzir os níveis de segmentação e melhorar o combate à precariedade, questões que considera prioritárias para fomentar o emprego e a competitividade.

Neste âmbito, foi reforçada já a capacidade inspetiva da Autoridade para as Condições do Trabalho, com a entrada de 80 inspetores do trabalho.

O Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na administração Pública, iniciado este mês, é outra das medidas salientadas no PNR.

O primeiro-ministro, António Costa, apresentou a 29 de março 2016 o Programa Nacional de Reformas 2016-2020, que inclui, na sua grande maioria, objetivos que já eram conhecidos anteriormente, do Programa de Governo ou do Orçamento de Estado, por exemplo.

O Programa Nacional de Reformas (PNR) envolve um investimento de cerca de 12.500 milhões de euros (entre 10.500 milhões de euros do Portugal 2020 e 2.000 milhões do Plano Juncker).

O Programa Nacional de Reformas 2016 apresentou a estratégia de médio prazo do XXI Governo Constitucional para o desenvolvimento do país e identificou medidas específicas de “promoção das reformas necessárias para superar os bloqueios estruturais que caracterizam a economia nacional”.

O Programa Nacional de Reformas 2017 dá sequência à estratégia em curso, não apenas através da conclusão das medidas ainda não implementadas, mas também do lançamento de novas medidas.

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EDP Renováveis paga dividendo a 8 de maio, preço da OPA desce para 6,75 euros

Liquidação do dividendo de cinco cêntimos acontece a partir do dia 8 de maio, implicando que a EDP reduza o preço da sua OPA sobre a EDP Renováveis dos 6,8 euros para os 6,75 euros.

A EDP Renováveis vai pagar o dividendo de cinco cêntimos a partir do dia 8 de maio, o que vai implicar que a casa-mãe EDP reduza o valor da contrapartida da Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a subsidiária de energias limpas dos 6,80 euros para os 6,75 euros.

De acordo com o comunicado publicado esta terça-feira na CMVM, a cotada liderada por Manso Neto aprovou em assembleia geral o pagamento do dividendo relativo a 2016 a partir do próximo dia 8 de maio, com o destaque da remuneração acionista a ocorrer no dia 4 de maio.

Ou seja, com a conclusão da OPA prevista apenas para o final do segundo trimestre, a EDP vai mesmo baixar o preço da oferta no valor correspondente ao dividendo, em cinco cêntimos, tal como já havia anunciado no lançamento da operação.

Foi em 27 de março que a elétrica nacional avançou com a OPA sobre a EDP Renováveis. Pretende comprar os 22,5% que ainda não detém na sua subsidiária de energias limpas que colocou em bolsa em 2008. Ainda assim, a contrapartida de 6,8 euros tem sido contestada tanto pelos investidores como pelos analistas.

Na bolsa, as ações da EDP Renováveis têm negociado cerca de 20 cêntimos acima da oferta da EDP, num sinal de que o mercado espera mais de António Mexia.

 

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Mastercard apoia startups fintech e expande candidaturas

  • ECO
  • 11 Abril 2017

Mastercard quer fomentar novas soluções financeiras através do apoio de startups centradas nesta área. O programa Start Path opera a nível global e quer apoiar startups numa fase mais avançada.

“O futuro digital está a ser moldado por startups fintech em todo o mundo”, justifica Paulo Barroso, country manager da Mastercard Portugal. O Programa Start Path quer incentivar as soluções financeiras das startups pois “elas seguem uma nova abordagem que melhora a experiência e a escolha dos consumidores em toda a indústria”. Assim, o Start Path abre novas candidaturas para uma edição de verão, a realizar-se nos próximos seis meses.

O prazo de candidaturas fecha este domingo, 23 de abril, e é possível através deste site. O programa pretende acelerar o crescimento das startups vencedoras ao permitir o acesso à rede de especialistas da Mastercard, assim como o contacto com os parceiros e clientes da empresa. Desde 2014, as quatro edições do Start Path concederam a oportunidade às startups de trabalharem com mais de 100 empresas de 24 países diferentes. Um quinto acabou por desenvolver pilotos ou por trabalhar em compromissos comerciais com a Mastercard.

Este ano, a edição que se encontra em vigor em 2017 dá destaque a soluções de inteligência artificial, desenvolvidas por três das cinco startups envolvidas, com o objetivo de promover o engagement com o consumidor. As restantes duas focam-se nos pontos de venda e na expansão de rede dos consumidores.

Agora, o programa estende-se a startups já numa fase avançada, em resultado da participação numa ronda de investimento da série A ou angariação de capital semente.

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Empresas públicas: vai haver prémios para trabalhadores que descubram poupanças

  • Margarida Peixoto e Cristina Oliveira da Silva
  • 11 Abril 2017

Os trabalhadores das empresas públicas que encontrem medidas para melhorar a gestão das suas empresas vão ganhar prémios financeiros. A medida consta da versão preliminar do PNR.

O Governo vai criar um prémio para os trabalhadores das empresas públicas que consigam identificar planos para aumentar a eficiência das suas empresas ou gerar poupanças. A medida faz parte da versão preliminar do Programa Nacional de Reformas, a que o ECO teve acesso, e replica um modelo que também vai estar disponível para os serviços públicos.

No documento, o Executivo explica que o programa de incentivos “atribui benefícios financeiros, até a um máximo pré-definido, aos trabalhadores que identifiquem planos de eficiência/poupança na gestão da entidade”. O objetivo é criar um esquema de incentivos à melhoria da gestão no Setor Empresarial do Estado, em que os prémios de gestão sejam mais adequados aos resultados financeiros.

O Governo reconhece que “o histórico financeiro” deste setor “coloca aos Conselhos de Administração desafios de melhoria da gestão” — uma forma delicada de referir os resultados líquidos negativos que as empresas públicas têm apresentado.

De acordo com a informação mais recente da Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Empresarial do Estado, no segundo trimestre de 2016 as empresas públicas apresentavam resultados líquidos negativos de 333 milhões de euros e um endividamento de quase 32 milhões de euros. Face ao segundo trimestre de 2015, os resultados líquidos tinham, ainda assim, melhorado em cerca de 104 milhões de euros. De acordo com a análise do Conselho das Finanças Públicas, a dívida das empresas públicas reclassificadas no perímetro das administrações públicas aumentou no total ano passado.

Esta medida que pretende melhorar a gestão do SEE não aparece, contudo, no quadro preliminar, anexo ao documento. Não está por isso disponível, pelo menos para já, a sua calendarização. Do mesmo modo, também não é revelado o limite máximo dos benefícios financeiros que estão a ser considerados para este programa.

O esquema de criação de incentivos para as empresas públicas pretende replicar um modelo que será implementado para as equipas dos serviços públicos. Contudo, nesse caso, conforme adiantou o Jornal de Negócios (acesso pago) e o ECO já confirmou, o documento prevê “uma estrutura de prémios financeiros e não financeiros” para as “equipas”, que será “assente em metas de redução efetiva da despesa e preservação do desempenho dos serviços.”

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Plano Nacional de Reformas: Beneficiários de tarifa social da eletricidade recua para 786.598 famílias

  • Lusa
  • 11 Abril 2017

Nos últimos dados fornecidos, relativos a dezembro passado, eram 815.000 os beneficiários de desconto da tarifa social na conta da eletricidade. Os números de março revelam uma diminuição.

A tarifa social de eletricidade abrangia em março 786.598 contratos de fornecimento, o que representa um recuo face aos 815.000 existentes em dezembro, de acordo com o Programa Nacional de Reformas, enviado ao Conselho Económico e Social, a que a Lusa teve acesso. Segundo o documento, em março existiam 823.375 contratos de fornecimento de energia com tarifa social, dos quais 786.598 contratos relativos a eletricidade e os restantes 36.777 de gás natural.

Nos últimos dados fornecidos, relativos a dezembro passado, eram 815.000 os beneficiários de desconto da tarifa social na conta da eletricidade. A atribuição “oficiosa” da tarifa social a agregados economicamente vulneráveis – desde 1 de julho de 2016 – surge como uma das medidas de “acessibilidade a outros serviços essenciais” do capítulo de Energia, que prevê a criação de um observatório para supervisionar a aplicação desta tarifa.

Em 1 de julho, a atribuição da tarifa social de energia passou a ser automática, no seguimento de uma proposta do Bloco de Esquerda durante o debate do Orçamento do Estado (OE) para 2016, que fez disparar o número de beneficiários. A tarifa social de eletricidade foi criada em 2010, no Governo de José Sócrates, como instrumento de justiça social para proteger clientes finais beneficiários de prestações sociais e/ou em situação económica considerada vulnerável.

O rendimento anual máximo é um dos critérios de elegibilidade para que os consumidores possam aceder à tarifa social de eletricidade, considerando-se para tal o rendimento total verificado no domicílio fiscal do titular do contrato de fornecimento de energia, bem como o número de coabitantes que não aufiram de qualquer rendimento.

Assim, o rendimento anual máximo varia consoante o número de elementos do domicílio: dos 5.808 euros anuais para uma família com um só elemento, 8.712 euros anuais para uma família com dois elementos (um casal), 11.616 euros anuais para uma família com três elementos (casal com um filho) e 14.520 euros por ano para uma família com quatro elementos. Isto é, o valor do rendimento anual máximo é acrescido de 50% por cada elemento adicional que habite no domicílio fiscal – até um máximo de 10.

Esta tarifa é também aplicável aos beneficiários do complemento solidário para idosos, do rendimento social de inserção, do subsídio social de desemprego, do abono de família, da pensão social de invalidez e da pensão social de velhice.

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Revisão ao Código dos Contratos Públicos chega com seis meses de atraso

A revisão alargada ao Código dos Contratos Públicos só será publicada a 1 de julho de 2017. A medida já vem de 2016 e estava previsto ser publicada no segundo semestre do ano passado.

O Governo está atrasado na revisão do Código dos Contratos Públicos e já só o vai fazer a 1 de julho. A medida está inscrita no Plano Nacional de Reformas (PNR) do ano passado e tinha publicação prevista para o segundo semestre 2016, o que não se verificou. Agora, de acordo com uma versão preliminar do PNR de 2017, a que o ECO teve acesso, essas alterações estão “em processo legislativo” com publicação prevista para julho de 2017″. É um atraso de seis meses em relação ao inicialmente agendado.

A medida em causa, designada “simplificar a contratação pública para favorecer a inovação”, insere-se no pacote da “modernização do Estado”. As alterações foram sujeitas a consulta pública “entre agosto e outubro de 2016” e “o projeto está em circulação desde 3 de março de 2017”. Mais à frente, o documento indica que a entrada em vigor está “definida para 1 de julho de 2017”. A medida representa uma despesa total de 11.600 euros, comparticipada em mais de 17% por fundos comunitários do Portugal 2020.

O Código dos Contratos Públicos foi aprovado em 2008 e, desde então, tem sido alvo de várias alterações. Agora, estão em causa “alterações mais profundas” e cuja motivação é “reforçada” com a aprovação, por parte do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu, de novas diretivas que têm de ser transportas para a legislação nacional. A alteração que deverá entrar em vigor em julho é, por isso, uma “revisão alargada” desse mesmo código.

Desta vez, entre as principais alterações, o Governo vai limitar “a utilização do procedimento de ajuste direto com consulta a apenas uma entidade para aquisições de baixo valor” e vai conferir “autonomia ao procedimento de consulta prévia, com consulta a três entidades”. Além disso, o executivo tenciona tornar mais digitais os “procedimentos de formação de contratos públicos com a utilização de meios eletrónicos” e plataformas digitais.

"Medida: Aproveitar a transposição de novas diretivas da contratação pública para na revisão do Código dos Contratos Públicos encontrar soluções que facilitem a contratação de projetos inovadores pelos organismos públicos.”

Plano Nacional de Reformas 2017

Versão preliminar

Diploma também contempla combate à corrupção e resolução rápida de litígios

De acordo com o documento de trabalho a que o ECO teve acesso, as alterações também vão contemplar “medidas de prevenção e eliminação do conflito de interesses” nos procedimentos de formação de contratos e prevê a “criação da figura do gestor do contrato”, bem como “a necessidade de fundamentação especial dos contratos com valor elevado, com base numa avaliação custo-benefício”.

O diploma introduz ainda “a alteração da regra de fixação do critério do preço anormalmente baixo, eliminando a sua indexação ao preço-base” e a “fixação da proposta economicamente mais vantajosa como critério regra de adjudicação, utilizando uma análise custo-eficácia”, mas “sem deixar de permitir a adjudicação pelo preço mais baixo, quando adequado” lê-se num dos quadros explicativos.

Por fim, e entre outras alterações, o Governo criará um regime que vai promover “a resolução alternativa de litígios” e que deverá permitir “um julgamento mais rápido e menos oneroso de litígios que oponham cidadãos e empresas às entidades públicas em matéria de contratação pública”. Recorde-se que o debate parlamentar do PNR 2017 está agendado para esta quarta-feira, às 15h, na Assembleia da República.

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Governo equaciona mecanismo de penalizações e incentivos para os bancos

O Executivo quer que a supervisão bancária tenha um papel central na redução do crédito em risco. Para atingir esse objetivo, uma das soluções é criar um mecanismo de "chicote" e "cenoura".

O Governo quer que o novo supervisor bancário equacione um mecanismo de penalizações e incentivos para os bancos. Em causa está a implementação dos planos e da estratégia definida pelas instituições financeiras, principalmente para atacar os níveis elevados de créditos malparado. Esta vontade está expressa numa versão preliminar do Plano Nacional de Reformas de 2017, que o Executivo vai apresentar a 19 de abril, a que o ECO teve acesso. No início de março, Mário Centeno anunciou na Assembleia da República que o Governo iria criar uma entidade de supervisão bancária superior aos atuais reguladores.

“Simultaneamente, ao acompanhamento da execução do plano, o supervisor deve equacionar a definição, dentro do enquadramento regulamentar existente, de penalizações para os bancos que incumpram nos seus planos e um mecanismo de incentivos para aqueles que conseguem implementar com sucesso a estratégia definida“, lê-se no documento elaborado pelo Governo na secção “Reforço da supervisão prudencial”. Estes planos referem-se às estratégias que os bancos portugueses devem apresentar ao Banco Central Europeu para reduzirem o nível de crédito malparado nos seus balanços.

Este mecanismo de penalizações e incentivos é uma das sugestões que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico fez para o sistema bancário português. É uma espécie de chicote e cenoura: usar “cenouras”, ou seja incentivos, que levem os bancos a criar planos que “limpem” os empréstimos em incumprimento dos balanços e usar o “chicote”, ou penalizações, para aquelas instituições financeiras que não o façam. A experiência já foi feita em Espanha e foi bem-sucedida, sendo que o país vizinho impôs uma redução progressiva do valor dos colaterais nos empréstimos após dois anos.

No início do mês passado, no âmbito de um debate pedido pelo CDS sobre supervisão bancária, o ministro das Finanças tinha revelado que o Governo vai criar uma nova entidade de supervisão que será a responsável pela supervisão macroprudencial e pelos poderes de resolução bancária. Esta entidade beneficiará ainda da contribuição obrigatória e regular de informação por parte do Banco de Portugal, da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Na prática, esta nova entidade esvaziará alguns dos poderes do Banco de Portugal e ficará acima dos três reguladores.

No Plano Nacional de Reformas de 2017, o Executivo escreve que “a supervisão bancária tem um papel central na redução do crédito em risco”. Além da redução, o Ministério das Finanças quer também que existam medidas “de cariz preventivo direcionadas ao fluxo de novo crédito em risco”. No documento o Governo explica que “a definição de parâmetros exigentes de concessão de crédito, tal como adotada em alguns países europeus, pode prevenir ex-ante [antecipadamente] o aparecimento de novos fluxos de créditos em risco”.

E se para o Executivo é claro que o Governo vai ter um papel mais ativo na estabilidade do sistema bancário, também é claro as exigências que quer fazer aos bancos. “Deverão ser exigidas aos bancos metas ambiciosas mas realistas, incluindo objetivos quantitativos de redução dos NPL [crédito malparado, na sigla em inglês non-performing loans], baseadas em planos operacionais credíveis, dotados de recursos adequados à sua execução”, lê-se no documento.

Uma das possibilidades equacionadas pelo Ministério das Finanças, para além do mecanismo de penalizações e incentivos, é a criação de unidades de recuperação, dentro dos bancos, “operacionalmente segregadas do resto da atividade”, que se dediquem à venda “carteiras de créditos ou a adesão a uma solução sistémica privada“. Ou seja, o veículo para resolver o malparado que tem vindo a ser estudado entre o Banco de Portugal e o Governo, segundo António Costa.

“Em qualquer das possibilidades, a supervisão, exercida através de uma ação intrusiva, deve estar dotada de mecanismos e ferramentas que permitam o acompanhamento e monitorização da execução do plano”, acrescenta o Plano Nacional de Reformas de 2016, salientando que “a necessidade de alinhamento e articulação com os trabalhos no âmbito do mecanismo único de supervisão (‘SSM’) é incontestável”.

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