Os robôs vão roubar os empregos? Em Portugal, nem tanto
A PwC analisou o impacto da tecnologia no mercado de trabalho. Vão os robôs roubar os empregos? Consultora diz que em Portugal "assalto" será menor do que noutros países europeus.
No palco principal do Web Summit, a famosa robô Sophia confirmou os piores receios de todos: “vamos tirar-vos os empregos”. Quase quatro meses depois, a consultora PwC lança mais achas para essa fogueira, com o estudo Will robots really steal our jobs?, mas nem tudo são más notícias… pelo menos para Portugal.
“Portugal, sendo um país maioritariamente de serviços, deverá ter um crescimento da taxa de automação do trabalho menor do que outros países europeus”, explicou ao ECO a sócia da PwC responsável pela área de Management Consulting. Apesar da perspetiva otimista, Gabriela Teixeira sublinhou que todos os trabalhadores devem ser “mais empreendedores, assumindo maiores responsabilidade pela sua própria aprendizagem ao longo da vida”.
O estudo da PwC agora divulgado debruçou-se sobre o impacto da automação nos empregos, setores e competências pessoais em 27 países (Portugal não integra a lista). A análise estima que, até 2030, a vizinha Espanha, por exemplo, verá 30% dos seus postos de trabalho ameaçados pela quarta revolução tecnológica. A Eslováquia, por sua vez, é o país a aparecer como país cujo mercado de trabalho será mais afetado, com quase 45% dos seus empregos em risco, nas próximas duas décadas.
Gabriela Teixeira acrescenta que são os países com maior concentração de mão-de-obra em setores mais industriais (por oposição ao setor dos serviços) a tender ter maiores taxas de automação potenciais, daí a menor exposição de Portugal a essa ameaça.
Por outro lado, a sócia da PwC deixou claro que, nessa equação, estão também presentes outros fatores como a formação, educação e competências dos trabalhadores. “Países com maior proporção de mão-de-obra em empregos com elevados requisitos educacionais [poderão] apresentar menor potencial de automação”, conta. Assim, em países como o Japão, ao invés de se perderem postos, há funcionários a trabalhar ao lado dos robôs.
“O potencial de disrupção, nos mercados de trabalho, devido aos avanços na tecnologia não é um fenómeno novo”, reforçou a sócia da PwC. Gabriela Teixeira esclarece que, nos últimos anos, os receios relativos ao impacto tecnológico no mercado de trabalho têm conquistado maior expressão, nomeadamente com a popularização da Inteligência Artificial, robótica, veículos autónomos e assistentes virtuais inteligentes como a Siri da Apple, a Cortana da Microsoft e a Alexa da Amazon.
Novas tormentas, novas oportunidades
Já dizia Albus Dumbledore — pela pena de J.K. Rowling — “a felicidade [e as oportunidades de negócio] pode ser encontrada, mesmo nas horas mais sombrias, se alguém se lembrar de acender a luz”. No que diz respeito às sucessivas ondas tecnológicas, o mantra não é diferente.
“Além de terem aprimorar as propostas de valor existentes, permite também que as empresas ofereçam a mesma proposta de uma forma mais económica, o que pode ser particularmente benéfico para as pequenas e médias empresas e startups, o principal tecido empresarial português”, realça Gabriela Teixeira.
A consultora lembra ainda que no exemplo mais famoso — a 1ª Revolução Industrial — a longo prazo, verificou-se não só a expansão do número de novos empregos, como também ganhos na produtividade trazidos pela mecanização. Portanto, conclui Gabriela Teixeira, com base na história e mesmo no quadro atual, é possível estimar “grandes benefícios para a economia” e a criação de “novos e melhores produtos e serviços”.
Além disso, Gabriela apela ao empreendedorismo e à criação de novos projetos, deixando mais uma previsão: “grande parte da automação do futuro pode vir a ser conduzida por estes negócios que, potencialmente, podem vir a substituir ou pelo menos desafiar as empresas estabelecidas”.
A sócia da PwC deixa, por fim, um conselho: “as empresas e os Governos precisam de trabalhar em conjunto para apoiar as pessoas na transição para este futuro mais brilhante”. Só assim, diz Teixeira, poderá o maior número possível de pessoas beneficiar das novas tecnologias.
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