Crédito à habitação: prestação a três meses não mexe, a seis sobe e a 12 cai
Os empréstimos da casa cujas taxas são revistas em maio sofrem rumos distintos no valor da prestação consoante os indexantes. Há más notícias para quem usa a Euribor a seis meses. A prestação sobe.
Com o mês de maio ao virar da esquina, há boas e más notícias para quem revê a taxa de juro do crédito à habitação. Afortunados serão sobretudo os portugueses com crédito associado à Euribor a 12 meses, que vão sentir um novo alívio da prestação. Razões para sorrir terão também as famílias cujos créditos usam como referência a Euribor a três meses, que não sofrem qualquer alteração dos encargos. Mas o mesmo já não acontecerá com quem tem como indexante do crédito a Euribor a seis meses. Essas famílias vão sofrer a primeira subida do valor da prestação nos últimos quatro anos.
Assumindo o cenário de um crédito no valor de 100 mil euros, a 30 anos, e com um spread de 1%, quem tiver o crédito associado à Euribor a 12 meses vai ver o valor da prestação recuar 1%, ou o equivalente a 3,21 euros, para se fixar nos 312,99 euros ao longo dos próximos 12 meses. De salientar que este é o indexante que atualmente mais é usado pelos bancos na nova concessão de crédito à habitação de taxa variável.
Euribor a 3 meses no último ano
Fonte: Reuters| Lusa
No caso dos créditos da casa que utilizam como referência a Euribor a três meses, o valor da prestação não sofre qualquer alteração. Com base no mesmo cenário, quem tem o empréstimo da casa indexado à Euribor a três meses, vai continuar a pagar uma prestação mensal de 306,8 euros.
Já as famílias que têm como referência nos seus contratos de crédito a Euribor a seis meses, e que reveem a prestação da casa em maio, vão ver a prestação ficar mais cara, apesar de se tratar de uma subida ligeira. O valor da prestação aumenta 0,06%, ou 18 cêntimos, para 309,39 euros mensais.
Trata-se assim da primeira vez, nos últimos anos, que este grupo de famílias vai sentir um aumento dos encargos com prestações. Este será também o segundo conjunto consecutivo de famílias com créditos indexados à Euribor a seis meses a sentir uma subida da prestação. Tal já tinha acontecido nas revisões efetuadas em abril.
Nível de juros deve manter-se até setembro de 2019
O rumo distinto dos encargos com os empréstimos da casa na próxima revisão da prestação ilustra a relativa estabilização das Euribor em níveis historicamente baixos, numa altura em que a inversão do rumo das taxas de juro também já é pedida por diversos responsáveis.
Contudo, tal parece não ser para já. Na última reunião de política monetária desta quinta-feira, o presidente do BCE voltou a reforçar essa ideia. “O Conselho do BCE espera que as taxas de juro diretoras do BCE permaneçam nos níveis atuais durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de ativos”, voltou a referir o comunicado da entidade liderada por Mario Draghi.
O fim do programa de compra de dívida está previsto que dure pelo menos até setembro deste ano. Já o mercado antecipa que os juros se mantenham em valores negativos pelo menos mais cerca de um ano e meio. O mercado de futuros coloca a Euribor a três meses em terreno negativo até setembro de 2019. No entanto, a concretização deste cenário está dependente do rumo da política monetária do BCE que poderá não corresponder ao que o mercado antecipa.
Enquanto ainda nada está decidido neste campo, certo é que as famílias portuguesas continuam a beneficiar do nível historicamente baixo dos juros de referência, mesmo quando são confrontados com aumentos do valor da prestação.
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