“Banca não pode cometer os erros do passado”, diz Teixeira dos Santos
O presidente do EuroBic justificou a maior exigencia da banca em aprovar projetos de investimentos com os erros do passado. E defende que essa exigência traz maior prosperidade.
De fatos à medida, passando pela vitória do Futebol Clube do Porto no campeonato, até à história do Pedro e do Lobo, Fernando Teixeira dos Santos, presidente do EuroBic defendeu esta tarde em Aveiro, que a banca não pode repetir os erros do passado.
Para Teixeira dos Santos, “os bancos têm que fazer o seu papel, há aqui um dever fiduciário da banca, e é bom que assim seja”. O presidente do EuroBic justificava assim o maior grau de exigência da banca para com as empresas e com os projetos que viabiliza.
Teixeira dos Santos, que falava no Fórum Desafios e Oportunidades promovido pelo EuroBic, frisou, perante uma plateia de cerca 150 empresários, que esta exigência da banca é boa e necessária porque só assim é que os projetos “vão para a frente e trazem prosperidade”.
“Esta atitude da banca é positiva e as empresas estão a responder de forma muito positiva”, referiu o ex-ministro das Finanças para logo a seguir acrescentar: “não me parece que a banca esteja a ser um fator de dificuldade para as empresas”.
Teixeira dos Santos recorda que as empresas têm vindo a fazer um grande esforço no que se refere ao reforço dos capitais, sobretudo numa altura em que o preço do dinheiro está baixo. Aliás, o ex-ministro enfatiza que “as empresas tiveram que aliviar o peso da sua dívida e, portanto, agora têm maior apetência pelo investimento”.
Sobre o EuroBic, diz que este “quer estar próximo das empresas e das famílias”. “Queremos ser um banco de retalho”, nota. No fundo adianta, “estaremos em todas as áreas em que haja bons projetos com risco aceitável”.
Ministro das Finanças europeu? Só se tiver recursos
As questões europeias foram também motivo de análise por parte do presidente do EuroBic. Teixeira dos Santos diz que a figura de um ministro das Finanças europeu só faz sentido se existirem recursos para isso, caso contrário “o melhor é não existir ministro nenhum”.
“Não me repugna a ideia de um ministro das Finanças europeu, mas se não existirem recursos é dar um passo maior que a perna, e estamos ainda muito longe dessa Europa federada”. E defende que o importante é “reforçar a capacidade de intervenção dos mecanismos que foram criados, nomeadamente do Mecanismo de Estabilidade Europeu”.
Mais fundos, menos fundos… “É positivo para a economia”
Sobre a questão dos fundos europeus, Teixeira dos Santos disse nunca se saber qual é que vai ser o último quadro comunitário de apoio, tendo mesmo feito a alegoria com a história do Pedro e do Lobo. Mas salienta que “vamos ter um novo quadro e isso é positivo para a economia portuguesa”.
Já sobre a diminuição de recursos diz que “isso não é forçosamente negativo para a economia, desde que utilizados de forma correta” e não resistiu a evocar o seu clube, o Futebol Clube do Porto, que no último fim de semana se sagrou campeão nacional de futebol. “É a tal questão de gerir poucos recursos de forma eficiente”, brincou.
"Vamos ter um novo quadro [comunitário de apoio] e isso é positivo para a economia portuguesa”
Teixeira dos Santos defende ainda que existe um desafio importante na área do euro e que passa pelo maior equilíbrio entre a boa gestão orçamental e o papel dos próprios mercados. No fundo, o ex-ministro defende a existência de uma baliza maior, até porque enfatiza que “as economias são todas diferentes, têm dinâmicas diferentes e não se pode ter um fato com as mesmas medidas para todos, até porque há uns que são baixos, altos, magros, gordos”.
Défice baixo. “É esse o caminho”
Relativamente ao programa de estabilidade apresentado pelo governo de António Costa e que aponta para uma descida do défice para 0,7%, Teixeira dos Santos volta a reafirmar que “esse é o caminho, mas não porque as regras europeias assim o ditam, mas sim porque é o caminho que os mercados exigem de um país tão endividado com o nosso”.
Teixeira dos Santos afirma que a dívida só desceu o ano passado e se “não dá sinais de continuar a descer, e que se vai atenuar com o tempo, os mercados acham que somos um país de alto risco e é por isso que temos que fazer esse esforço”.
“Temos que nos convencer que se a economia está a crescer, a par do esforço do investimento temos que fazer um grande esforço de pagar o que devemos, alimentar a redução da dívida e não o aumento do consumo. Se fizermos isso, a confiança dos empresários sai reforçada e teremos uma base sólida de crescimento para a economia, caso contrário podemos viver um momento efémero”, sublinhou.
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