Horta Osório: “É de elementar justiça que os portugueses saibam como o dinheiro dos bancos foi aplicado”
O presidente do Lloyds Bank defende que deveriam ter sido os acionistas, e não os contribuintes, a assumir as perdas dos bancos durante a crise.
O Parlamento aprovou, esta quinta-feira, vários projetos de lei que abrem a porta à divulgação dos grandes devedores dos bancos que já tenham recebido ajudas públicas. Esta é, para António Horta Osório, uma medida “de elementar justiça” para os contribuintes, que considera terem o direito de saber como é que o dinheiro que injetaram nos bancos foi aplicado pelos mesmos.
O presidente do Lloyds Bank falava, esta sexta-feira, na conferência Banca e Seguros: O Futuro do Dinheiro, que decorre esta manhã. “O princípio do sigilo bancário, que é importante, colide com outro princípio que me parece mais importante: os bancos nunca deveriam ter tido de recorrer a ajudas públicas para continuar a operar”, disse o banqueiro, em declarações aos jornalistas à margem da conferência. “Os bancos têm acionistas, esses acionistas obtiveram os resultados positivos quando os houve e deveriam ter sido responsáveis pelas perdas quando as houve”, frisou.
"Os bancos têm acionistas, esses acionistas obtiveram os resultados positivos quando os houve e deveriam ter sido responsáveis pelas perdas quando as houve.”
Contudo, reconhece, “os efeitos da crise” impediram que isso acontecesse e foi necessário “recorrer a medidas excecionais de apoio aos bancos para continuarem a operar”. Tendo sido os contribuintes a injetar dinheiro nos bancos, “é de elementar justiça que os portugueses saibam como é que esse dinheiro foi aplicado”, sublinha Horta Osório. “Acho muito bem que o Parlamento esteja a legislar no sentido de aqueles bancos que tiveram ajudas públicas serem obrigados a publicar a lista dos maiores devedores, para os portugueses ficarem, com clareza, a par de como é que esse dinheiro foi empregue”, acrescenta,
Quanto a uma outra medida também aprovada na quinta-feira no Parlamento, que permitirá ao Fisco ter acesso automático a saldos bancários superiores a 50 mil euros, Horta Osório mostra maiores reticências. “Deve haver transparência, mas é importante haver equiparação a nível europeu e ser bem ponderado, em termos de confiança, qual é o limite adequado. Esse é um assunto mais técnico do que outra coisa”, considera.
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