Filipe Mayer: “Agora fora de brincadeiras, eu aprendi a gostar de ser advogado”
Conheça Filipe Mayer, advogado do mês de julho e sócio da CCA Ontier. Especializado em TMT, o advogado conta como se deu o crescimento na sociedade e como o surf lhe ocupa a outra metade da sua vida.
Com 13 anos de casa na CCA Ontier, Filipe Mayer, hoje sócio de capital da sociedade, revela que já fez de tudo um pouco no escritório, que começou pequeno, até chegar à sua área de eleição – TMT. Diz que ser advogado é uma profissão de que aprendeu a tomar o gosto e que o surf, mais do que um escape, é tudo o que quer fazer. É esse pragmatismo de que é feito que se reconhece logo em conversa. E o bronze também. Com três filhos pequenos e uma bicicleta chegar a todo o lado não é fácil, mas vai-se fazendo. Como as ondas.
Há dois fenómenos que, sem querer, ligam a vida de Filipe Mayer, sócio da CCA Ontier, ainda antes de a sociedade ser Ontier, que é como quem diz “desde que éramos só oito até sermos 70”. São estes o surf e as startups, para desgosto seu, que entrou no mundo dos dois ainda antes de a sua febre rebentar em Portugal. Na verdade, a sua história com o surf começou em idade tenra – aos seis anos. “Toda a vida e todo o dinheiro que ganhava era para viajar, todas as mesadas eram destinadas ao surf. Portanto, era praticamente o centro de tudo: muito mais do que um desporto, muito mais do que um escape, havia tudo para eu depois fazer surf. A minha ideia sempre foi ganhar suficientemente bem para depois me dedicar só a este desporto o resto da vida. Entretanto casei-me, tive filhos e as prioridades mudam”, conta, com um ar satisfeito.
Vê-se, contudo, no rosto moreno que o advogado ainda aproveita todos os fins de semana que pode para ir apanhar ondas. É uma questão de pragmatismo, revela, e de adaptar um hábito antigo às novas prioridades. “Surfo sempre que posso. Agora só tenho uma maneira: como tenho três filhos pequeninos, tenho uns horários muito particulares. Por isso, faço surf desde as seis da manhã de sábados e domingos até às oito. Antes costumava fazer durante a semana, à hora de almoço”.
O advogado para quem Direito foi um curso custoso, “eu tirei o curso porque tive de tirar alguma coisa”, diz hoje que aprendeu a gostar da profissão. Se o preenche? “Em termos quantitativos, sem dúvida, das oito às oito do dia seguinte”, diz, entre risos. “O que torna esta profissão se calhar mais difícil, além da dificuldade técnica, é que nós lidamos com problemas de outras pessoas e temos de os resolver. Essa vertente de uma pessoa poder sentir-se útil, a ter uma missão e a ajudar o outro, só assim é que eu consigo ver a advocacia. Faz-me às vezes alguma confusão, e passa muito pela comunicação social, a ideia de que o advogado é um bandido que chega e, que além de não resolver problema nenhum, vai lá e rebenta contas gigantescas. É uma visão trágica da profissão”, conta.
Toda a vida e todo o dinheiro que ganhava era para viajar, todas as mesadas eram destinadas ao surf. Portanto, era praticamente o centro de tudo: muito mais do que um desporto, muito mais do que um escape, havia tudo para eu depois fazer surf. A minha ideia sempre foi ganhar suficientemente bem para depois me dedicar só a este desporto o resto da vida. Entretanto casei-me, tive filhos e as prioridades mudam.
Filipe Mayer começou e tem-se mantido na área de Telecomunicações, Média e Tecnologia de Informação, “porque era aquilo de que o escritório precisava na altura e trabalhávamos com bastantes clientes da área dos média e das agências de publicidade”. Área de que gosta particularmente por ser muito dinâmica. “Trabalhamos com pareceres sobre a admissibilidade de anúncios, campanhas, várias questões de direito de imagem… São questões que muitas vezes acontecem de um dia para o outro. Depois, esta área não é tão jurídica no sentido formal e pesado do termo, o que para mim é uma vantagem. O próprio cliente típico são pessoas que não são tão institucionais”. Sobre o chegar a sócio de capital encara-o como sendo uma natural evolução: “minha e do escritório, eu vejo-o sempre como uma conquista da sociedade, termos mais e melhores clientes”.
A realidade dos meios de comunicação, das startups e das agências de publicidade é “um tipo de cliente com que se identifica”, diz o advogado, que não trocaria esta área por nada. “Foi este o meu caminho e estou contente com ele”, garante. É integrando hoje a chamada StartinnovationTeam do escritório, que o sócio dá apoio a startups desde a sua fase mais embrionária, “quando tudo é apenas uma ideia”, até à sua entrada no mercado. “Procurámos sempre ir por caminhos um bocadinho diferentes, onde outros ainda não tinham ido” e a Startinnovation Team, parceira da Web Summit, faz parte desse percurso da CCA Ontier. “Nós somos um escritório que tradicionalmente contactou sempre com alguns empresários e PMEs. E a partir desse know-how com a área tecnológica, com que lidamos desde cedo, ficámos a perceber que podíamos montar um produto que juntasse as valências dos vários advogados”.
Juntaram-se, pois, todos numa equipa que pudesse apresentar-se ao mercado – “não com o peso institucional de um escritório de advogados, mas como uma marca e um produto como se ela própria fosse quase uma startup jurídica”. O foco foi sempre para as empresas e para os empreendedores, assegura. “Estivemos sempre neste ecossistema do empreendedorismo virado muito mais para as startups do que propriamente para os investidores, fundos de investimento ou capitais de risco”.
E por falar em risco, eles próprios o correm, ao apostar nestas ideias inovadoras e pouco previsíveis. “Costumamos dizer quando nos conhecemos que nós também vamos um bocadinho em jogo. Temos de criar uma relação de confiança com o cliente desde o princípio. Sabemos que, se acreditarmos no seu negócio, o cliente vai reconhecê-lo anos mais tarde e valorizar o nosso papel, que se não tivesse existido se calhar eles não estariam ali”, conta Filipe Mayer. “É nessa altura que o nosso trabalho vai ser reconhecido e vai ser pago, mais tarde, depois de a empresa dar frutos. Assumimos esse risco”.
O boom turístico ajuda e temos cada vez mais solicitações de startups a querer arrancar. Isto significa que há aqui valor, há pessoas muito capazes e temos ótimas ideias. Portugal já tem estruturas para isso, o investidor já sabe o que tem de fazer, e por isso tem havido bastante negócio e emprego gerado por essas empresas. O facto de sermos um escritório global permite também que providenciemos essa evolução.
Quanto a casos de sucesso, são muitos os que passam por eles. E que, mais importante do que esses casos, é “vermos que já muitas pessoas desde os negócios mais simples, como os Tuk Tuk, à animação turística, passando pelas áreas da agricultura tecnológica, têm tido sucesso de uma maneira surpreendente”, a que o boom turístico tem ajudado um pouco. “Isto significa que há aqui valor, há pessoas muito capazes e temos ótimas ideias. Portugal já tem estruturas para isso, o investidor já sabe o que tem de fazer, e por isso tem havido bastante negócio e emprego gerado por essas empresas. O facto de sermos um escritório global permite também que providenciemos essa evolução”, admite o advogado, dando conta da abrangência da sociedade.
Numa família de cinco, a falta de tempo faz parte de uma equação que Filipe Mayer e a mulher – também advogada – ainda não conseguiram resolver e, por isso, o futuro passará certamente por tentar colmatar isso. “Às vezes conversamos os dois sobre isso e é unânime: a coisa que nos falta mais é tempo. Quando as coisas não correm bem nem sequer conseguimos perceber o que correu mal e o porquê”, desabafa. Portanto, não há previsões certeiras e o novo sócio de capital não consegue sequer saber onde vai estar daqui a 3 anos. “Já me pedem tanta coisa aqui neste momento que o que quero no futuro, do ponto de vista profissional, é que o escritório evolua como tem evoluído”. E apanhar mais ondas, com certeza.
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