Prejuízos da Farfetch duplicam antes da entrada em bolsa
Unicórnio registou prejuízos de 68 milhões de dólares no primeiro semestre do ano, isto apesar de o negócio continuar em crescimento. Farfetch já avisou que não pretende pagar dividendos.
A caminho da bolsa de Nova Iorque, a Farfetch viu os prejuízos mais do que duplicarem no primeiro semestre do ano, uma evolução penalizada pelo aumento dos gastos administrativos, segundo os documentos que entregou no regulador norte-americano. Ainda assim, as vendas da retalhista online de roupa e acessórios de luxo continuam de vento em popa: aumentaram mais de 50% para os 267,5 milhões de dólares nos primeiros seis meses do ano.
O unicórnio português entregou um conjunto de documentos junto da SEC (Securities Exchange Comission, a CMVM americana) esta segunda-feira, em mais uma etapa da sua caminhada rumo à NYSE, numa oferta pública inicial (IPO) que poderá avaliar a companhia em mais de cinco mil milhões de dólares — os documentos ainda não revelam nem o número de ações a emitir, nem o intervalo de preços a que será vendido cada um desses títulos.
Na informação prestada ao regulador, a Farfetch teve de revelar os seus resultados financeiros mais recentes. Estes mostram uma subida gradual da faturação nos últimos anos. Mas as receitas ainda não são suficientes para a empresa fundada por José Neves chegar aos lucros.
Entre janeiro e junho deste ano, a Farfetch registou prejuízos de 68,4 milhões de dólares, refletindo um agravamento de 133% face ao mesmo período do ano passado. Isto corresponde a um resultado líquido negativo de 1,42 dólares por ação, acima do prejuízo de 0,75 dólares por ação registado na primeira metade em 2017. No total do ano passado, a empresa apresentou prejuízos de 112 milhões (contra 81 milhões em 2016).
Contas da Farfetch ainda não saíram do vermelho
Fonte: Farfetch
Duas rubricas explicam o agravamento dos prejuízos da empresa liderada por José Neves: por um lado, os custos por receita aumentaram dos 78 milhões para os 130 milhões de dólares; por outro, as despesas de vendas, despesas gerais e administrativas subiram dos 125,7 milhões para 208,8 milhões de dólares.
"Não antecipamos qualquer pagamento de dividendos no futuro previsível. Pretendemos reter todos os fundos disponíveis e quaisquer lucros futuros para financiar o desenvolvimento e expansão do nosso negócio.”
Desde 2015 que as contas da Farfetch não saem do vermelho, isto apesar de as receitas terem subido 173% nos últimos três anos. Fechou o ano passado a faturação 385,9 milhões de dólares, quando o ano de 2015 tinha terminado com vendas abaixo dos 150 milhões de euros.
Não é só pelo facto de registar prejuízos que a empresa não pretende pagar dividendos. Nos documentos entregues à SEC, a Farfetch já avisou que vai querer manter fundos disponíveis para financiar o desenvolvimento da sua atividade numa indústria global de bens e acessórios de luxo que valia 307 mil milhões de dólares em 2017, segundo um estudo da Bain citado pela própria companhia.
“Não antecipamos qualquer pagamento de dividendos no futuro previsível. Pretendemos reter todos os fundos disponíveis e quaisquer lucros futuros para financiar o desenvolvimento e expansão do nosso negócio”, afirmou a empresa. “Contudo, se pagarmos dividendos relativos às nossas ações ordinárias no futuro, vamos pagar tal dividendo com base nos nossos lucros”.
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