Lagarde: “Muitos bancos, especialmente na Europa, continuam fracos”
A diretora do FMI considera que o problema da falta de ética permanece e apela a que seja feita uma reforma dentro das instituições, para além do reforço da regulação que já foi feito.
As posições de liquidez dos bancos melhoram, a regulação está mais apertada o endividamento é menor e os créditos do subprime que deram origem à crise, na sua maior parte, já não existem. Foram feitos progressos desde a crise financeira de 2008, que teve o ponto de partida no colapso do Lehman Brothers, mas não chega. Ainda há muitos bancos que permanecem frágeis, a capitalização das instituições financeiras ainda não é suficiente e os bancos “too big to fail” continuam a ser um problema. Estas ideias foram defendidas por Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), num artigo publicado esta terça-feira no blogue da instituição.
“Tudo [o que foi feito] é bom, mas não bom o suficiente“, resume Lagarde no artigo publicado por ocasião do aniversário de dez anos da queda do Lehman Brothers, que declarou falência a 15 de setembro de 2008.
E continua: “Muitos bancos, especialmente na Europa, continuam fracos. A capitalização da banca deveria ir mais longe. A ideia de ‘too big to fail‘ permanece um problema, numa altura em que os bancos crescem em dimensão e em complexidade. Ainda não houve progresso suficiente no que toca à resolução de bancos falidos”, escreve.
A diretora do FMI alerta ainda para a evolução das atividades no setor do chamado “shadow banking“, termo que designa o sistema bancário paralelo e que está assente num sistema financeiro informal, não regulamentado, que serve como fonte de crédito para quem não tem acesso a financiamento regular. A agravar este cenário está ainda o facto de a inovação financeira trazer mais desafios para a estabilidade do setor tradicional.
E, talvez o mais preocupante, os “decisores políticos enfrentam pressão significativa da indústria para aliviar as regulações pós-crise“.
Os decisores políticos enfrentam pressão significativa da indústria para aliviar as regulações pós-crise.
Para além de todos estes fatores, há um outro que Lagarde considera não ter mudado nos últimos dez anos: a ética. “O setor financeiro continua a colocar o lucro imediato à frente de prudência de longo alcance, o curto prazo à frente da sustentabilidade. Basta pensar na quantidade de escândalos financeiros que tiveram lugar após o Lehman”, aponta, sublinhando que “as falhas éticas têm consequências económicas claras”.
Lagarde apela, assim, a que seja feita uma reforma dentro das instituições, para complementar o reforço da regulação e supervisão.
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