Proibir importações de queijo? Paquistão pensa fora da caixa para evitar resgate do FMI
Proibir, durante um ano, as importações de queijo, carros, telemóveis e frutos que poderia "poupar quatro a cinco mil milhões de dólares" ao Paquistão. A ideia é evitar um novo resgate do FMI.
Os conselheiros económicos do Paquistão analisaram a possibilidade de proibir a importação de carros de luxo, telemóveis e queijo num alargado conjunto de ideias para tentar evitar recorrer a um resgate financeiro junto do Fundo Monetário Internacional, revela a Reuters.
Apesar de não ter sido tomada qualquer decisão, o facto de o novo Conselho Consultivo Económico estar a estudar medidas tão radicais para lidar com o crescente défice externo paquistanês, revela a determinação do novo Executivo em evitar ter de pedir ajuda ao FMI. O défice externo aumentou 43% para 18 mil milhões de dólares no ano que terminou em junho, devido ao aumento dos preços do petróleo, porque o Paquistão importa 80% do petróleo que utiliza.
A economia paquistanesa está a enfrentar uma escassez de dólares resultado de uma travagem a fundo das exportações e um pico nas importações, o que aumenta a pressão na moeda local e reduz as reservas em divisas. A gravidade da situação está a alimentar as especulações de que o Paquistão se vai virar o FMI recorrendo ao que seria o 15º pacote de ajuda financeira desde os anos 80.
Mas o novo primeiro-ministro, Imram Khan, antigo campeão de críquete, é crítico da cultura de dependência do Fundo. Assim que tomou posse recebeu das autoridades financeiras um plano para pedir um resgate de 12 mil milhões de dólares ao FMI. Os responsáveis do partido, Tehreek-e-Insaf (PTI), estão preocupados com o conjunto de medidas de austeridade que o FMI iria exigir em contrapartida e que certamente iria pôr em causa as promessas de aumento da despesa pública que o novo Executivo fez.
Ashfaque Hasan Khan, um professor universitário que faz parte do novo Conselho composto por 12 elementos, disse à Reuters, que, no encontro que decorreu na quinta-feira passada, que o foco era encontrar medidas fora da caixa que pudessem ajudar a travar as importações. “Nenhum dos membros sugeriu que o Paquistão recorresse ao FMI porque não existe mais nenhuma alternativa. Temos de agir. O cenário de não fazer nada é inaceitável”, disse.
De acordo com o ministro das Finanças, Asad Umar, o Paquistão tem de encontrar nove mil milhões de dólares de financiamento, mas o FMI deve ser o último recurso, disse recentemente perante o Senado.
Segundo Kan as medidas mais radicais discutidas foram: a proibição durante um ano das importações de queijo, carros, telemóveis e frutos que poderia “poupar quatro a cinco mil milhões de dólares”. Um impulso nas exportações poderia gerar mais de dois mil milhões de dólares”, acrescentou. “O mercado está cheio de queijo importado. Este país, que não tem dólares, merece isto?”, questionou.
O anterior Governo aumentou, em 2017, em 50% as tarifas de 240 bens importados, incluindo o queijo e os carros de elevada cilindrada e impôs taxas regulatórias de dezenas de novos produtos. Por outro lado, para aliviar as tensões do défice externo, o banco central paquistanês desvalorizou a rupia quatro vezes desde dezembro e aumentou a taxa diretora três vezes este ano.
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