Usamos muito a internet? E quanto investimos na investigação? Cinco gráficos que nos comparam com a UE
O gabinete de estatísticas da União Europeia analisa dados para as regiões de cada país. Em Portugal, Lisboa destaca-se por chegar mais próximo das médias do grupo europeu.
O que revela a edição do Eurostat Regional Yearbook deste ano? O gabinete de estatística da União Europeia compila dados sobre várias áreas, como saúde, economia e investigação, para as regiões de cada país, numa publicação que permite ver as diferenças entre as diferentes zonas de cada nação.
Os portugueses são utilizadores diários da internet?
A taxa de utilizadores diários de internet em Portugal apresenta uma diferença considerável quando comparada com os valores médios da União Europeia. Apenas a área metropolitana de Lisboa está acima da média, com 74% — contra os 72% médios da UE. O resto do país apresenta valores muito abaixo da média europeia, sendo que o destaque vai para o norte, que conta apenas com 57% de utilizadores entre o total de população.
No país vizinho, a situação é bastante diferente: Madrid regista uma taxa de 75% e Andaluzia de 67%. No entanto, as diferenças geográficas não são tão acentuadas como em Portugal, uma vez que nenhuma das outras regiões de Espanha apresenta taxas inferiores a 60%, exceto a Galiza (59%).
Em França, a realidade é também semelhante à espanhola. O centro do país regista uma taxa de utilizadores diários de Internet de 72% e a região Languedoque-Rossilhão de 69%.
“O acesso às TIC [Tecnologias de Informação e Comunicação] é considerado, por muitos, como fundamental para melhorar os níveis de produtividade e competitividade das regiões. Embora a internet seja uma parte quase constante da vida quotidiana de muitos europeus, algumas partes da população continua a ser excluída do mundo digital”, pode ler-se no Regional Yearbook do gabinete de estatísticas da União Europeia.
Como está a entrada dos recém-licenciados no mercado de trabalho?
No ano passado, a União Europeia (UE) registou uma taxa de emprego para os recém-licenciados de 80,2%, mais 4,8 pontos percentuais do que no rescaldo da crise financeira e económica global. Em 2013, esta taxa ficou perto dos 75,4%.
No caso específico de Portugal, a taxa de emprego para recém-licenciados é superior no centro do país, que apresenta 86,5% dos jovens recém-licenciados, entre os 20 e os 34 anos, empregados. Na área metropolitana de Lisboa, a taxa situa-se nos 79,8%, sendo que os valores mais baixos de todo o país são os que o Alentejo regista (79%).
A capital espanhola, por exemplo, apresenta uma taxa de 73,8%, valores inferiores aos de Lisboa. Já a Andaluzia regista números ainda mais baixos, que não ultrapassam os 62,7%. Ao lado, em França, o centro não apresenta uma taxa melhor do que as capitais espanhola e portuguesa, pelo contrário. A região centro, onde se situa Paris, regista uma taxa de 68,3% de jovens recém-licenciados no mercado de trabalho. Já no sul, na região Languedoque-Rossilhão, os valores rondam os 57,6%.
Se olharmos para o contexto dos 28 países membros da União Europeia, as maiores taxas de jovens recém-licenciados empregados são da Suécia, Holanda, Alemanha, República Checa e Áustria.
Portugal está envelhecido
Em 2016, a União Europeia registou um total de 5,13 milhões de mortes, um número menos elevado quando comparado com o do ano anterior, uma vez que se registaram menos 92 mil mortes. Este padrão verificou-se na maioria dos restantes países membros da UE, que apresentam um número de mortes a um ritmo particularmente acelerado. O número total de mortes aumentou entre 1% e 2% na Estónia, Holanda, Irlanda e Portugal. A Finlândia foi o país que registou o maior aumento de mortes (2,7%).
Entre as causas de morte mais frequentes da União Europeia estão as doenças do sistema circulatório (1,9 milhões de mortes), o cancro (responsável por 1,3 milhões), as doenças do sistema respiratório (442 mil óbitos) e as causas externas, que incluem quedas, acidentes rodoviários, entre outras (238 mil mortes no total).
Portugal registou uma taxa de mortalidade devido ao cancro superior à média da União Europeia, em qualquer uma das regiões do país. O Alentejo é, no entanto, a zona que apresenta os valores mais altos (520,4 mortes por 100 mil habitantes), seguido da área metropolitana de Lisboa (517,3 mortes por 100 mil habitantes).
Em Espanha, Madrid apresenta uma taxa de mortalidade de 354,2, por 100 mil habitantes, e Andaluzia regista números significativamente superiores, 471,3 mortes. Em terras francesas, o centro do país apresenta 396,5 mortes em cada 100 mil devido ao cancro e, a região Languedoque-Rossilhão, 282,1.
Maioria das regiões abaixo do PIB médio
No total, 101 das 276 regiões registaram um nível de PIB per capita acima da base da UE 28. Em Portugal, apenas a Área Metropolitana de Lisboa superou a média, e por apenas um ponto, com 101,72.
O PIB per capita foi mais baixo que a média na maioria das regiões espanholas, francesas e britânicas. Mas nas capitais concentra-se a criação de riqueza, por exemplo um dos municípios de Londres registou um valor mais de seis vezes acima da média europeia. Em Espanha, Madrid supera a média ao chegar aos 124,96, mas Andaluzia fica-se pelos 67,75 de PIB por habitante.
Na Áustria e na Suécia apenas uma área ficou abaixo da média da UE 28. Já a maior subida na riqueza deu-se na zona da capital da Irlanda, que demonstrou uma recuperação rápida depois da crise.
No relatório apontam que as políticas de coesão podem estar a amenizar as divergências entre os países, que demonstram menos disparidade.
Quanto se investe em Investigação e Desenvolvimento?
Os gastos em Investigação e Desenvolvimento (ID) incluem investimento em empreendimentos empresariais, instituições de ensino superior e organizações sem fins lucrativos. Foram despendidos 302,9 mil milhões de euros na UE 28 em 2016, o que equivale, em média, a 594 euros por habitante. O rácio já não sofre alterações significativas há três anos.
Na UE-28 os gastos correspondem a uma média de 2,04% do PIB. A meta estabelecida no Europa 2020 é 3%, e cerca de um terço das regiões onde a percentagem foi superior a esse objetivo são na Alemanha. Por terras francesas, o sítio onde se investe mais em I+D é no sul dos Pirenéus, cerca de 4,75%, região que se destaca por albergar investigações de aeronáutica e aeroespacial. No centro do país está nos 1,63%.
Em Portugal, nenhuma das regiões chega perto média europeia, e o Alentejo e Algarve têm uma intensidade abaixo de 1%. Já no país vizinho, em Madrid, a percentagem é ligeiramente superior à capital portuguesa, com 1,72% dedicado a I+D, enquanto por Andaluzia é inferior, com 1,03%.
Afinal, onde estão os progressos?
De acordo com o Regional Yearbook, do Eurostat, a União Europeia fez alguns progressos, nomeadamente nas áreas de produção e consumo responsáveis, energia acessível e limpa, cidades e comunidades sustentáveis e, também, no que diz respeito à vida nas zonas mais rurais.
Do outro lado, o progresso foi moderado no que toca a reduzir as desigualdades, terminar a fome, erradicar a pobreza e equilibrar a igualdade de género.
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