Bolsas asiáticas tombam mais de 4%. “Correção saudável ou quinta-feira negra?”, pergunta Commerzbank
Bolsas chinesas cederam mais de 4% após pressão vendedora iniciada em Wall Street. Analistas do Commerzbank questionam se vamos ter uma "quinta-feira negra" nos mercados.
As bolsas asiáticas encerraram a sessão desta quinta-feira sob forte pressão vendedora, com os principais índices bolsistas chineses a tombarem mais de 4%, numa crise de confiança entre os investidores que teve início em Wall Street e poderá prolongar-se agora com a abertura da sessão europeia. Vem aí uma “correção saudável ou uma quinta-feira negra?”, questionam os analistas do Commerzbank.
O índice de Shanghai caiu perto de 4,3% para fechar nos 2.607,44 pontos, um nível que não observava desde 26 de novembro de 2014, quando as ações chineses iam a caminho do crash de 2015. Também o Nikkei 225, o benchmark de Tóquio, recuou quase 4%, enquanto o Hang Seng, que reúne as principais cotadas chinesas em Hong Kong, cedeu 3,76% para o valor mais baixo em sete meses.
Os analistas falam em conjugação de fatores que desencadearam este sell-off que poderá chegar às bolsas do Velho Continente, cuja sessão abre pelas 8h00 na generalidade.
“Os mercados acionistas estão aprisionados numa forte pressão vendedora, com as preocupações em torno da subida dos juros da dívida, os avisos do Fundo Monetário Internacional sobre os riscos para a estabilidade financeira e a persistência das tensões comerciais que causam incerteza”, resumiram os analistas da ANZ, citados pela agência Reuters.
Já o banco alemão Commerzbank pergunta se estamos perante uma correção saudável — como já fez questão de frisar o secretário de Estado do Tesouro americano, Steve Mnuchin — ou se os mercados se preparam para viver uma nova “quinta-feira negra”.
E fazia o ponto de situação: “O sell-off nas ações americanas acelerou no final da sessão em Nova Iorque e na Ásia com o S&P a ceder 3,3% e o Vix (índice que mede a volatilidade) a disparar. O Nikkei tombou 4% antes de as obrigações norte-americanas estabilizarem. O dólar desliza contra as moedas dos mercados desenvolvidos enquanto os mercados emergentes sofrem. O petróleo corrige em baixa. O ministro das Finanças dos EUA Mnuchin não está surpreendido com o facto de o mercado registar “uma espécie de correção””.
De facto, Wall Street fechou a sessão desta quarta-feira com quedas expressivas. Além do S&P 500, o industrial Dow Jones tombou 3,09 % e o tecnológico Nasdaq recuou mais de 4%, com os índices americanos altamente pressionados pela escalada dos juros da dívida para máximos de mais de sete anos – a yield dos títulos americanos a 10 anos aliviava ligeiramente após este rally.
“A subida nas yields a 10 anos deu origem a uma repentina reavaliação do impacto de uma mudança das baixas taxas de juro após a crise para um ambiente de subida das taxas”, explicou Eleanor Creagh, do Saxo Capital Markets, citada pela Bloomberg.
Sobre as perspetivas de subida dos juros de referência pela Reserva Federal norte-americana, que prevê aumentar as taxas a cada trimestre no próximo ano, o Presidente americano, Donald Trump, já disse que se trata de um “erro” se isto se verificar, dizendo que o banco central “enlouqueceu”.
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