Costa acusa PSD de “esquizofrenia” sobre orçamento e diz que preveniu “tempestades”
O primeiro-ministro espera que as alterações apresentadas pelos partidos não adulterem a proposta do Governo e defende que a política económico-financeira seguida previne "tempestades" do exterior.
O primeiro-ministro acusa o PSD de revelar “esquizofrenia” sobre o orçamento, espera que as alterações apresentadas pelos partidos não adulterem a proposta do Governo e defende que a política económico-financeira seguida previne “tempestades” que cheguem do exterior.
Estas posições foram assumidas por António Costa em entrevista à agência Lusa, durante a qual afirma ter “confiança” de que o debate na especialidade do Orçamento de Estado, na Assembleia da República, não desequilibre “uma receita que já demonstrou dar bons resultados”.
“Lembram-se que há três anos muitos diziam que era aritmeticamente impossível que isto funcionasse, no segundo ano disseram que esta política conduziria à vinda aí o diabo – e a verdade é que aritmeticamente foi possível. O diabo não chegou e, pelo contrário, temos, pela primeira vez desde o início do século, dois anos consecutivos de crescimento acima da média europeia, temos 341 mil novos postos de trabalho criados, temos 1000 milhões de euros a menos que os portugueses pagam em termos de IRS e vamos ter pelo segundo ano consecutivo o défice mais baixo da história da nossa democracia. Portanto, quando os resultados são bons, não acredito que alguém vá querer alterar uma política orçamental que tem dado bons resultados”, defende.
Questionado por que é que o seu Governo inscreveu uma meta de 0,2% de défice para 2019, quando seria um marco histórico em Portugal um défice zero, António Costa contrapôs: “Os 0,2% de défice já são uma marca histórica, como os 0,7% este ano também são uma marca histórica. Foram os défices mais baixos da nossa história democrática”.
Porém, António Costa recusou que haja da parte do Governo “uma obsessão relativamente ao défice”.
“Hoje, aliás, o que se discute em Portugal é bastante diferente do que se discutia, felizmente, há três anos”, considera.
De acordo com o primeiro-ministro, hoje, discute-se em Portugal “como é que se vai mais além e não os receios de ficar aquém daquilo que eram as expectativas que se tinha”.
“Agora, não temos é um discurso contraditório, como o PSD, que simultaneamente, por um lado, diz que é um orçamento em que o défice deveria ser menor e que é uma verdadeira orgia orçamental, mas, depois, as únicas propostas que apresenta são propostas que ou diminuem a receita ou aumentam a despesa. Esta esquizofrenia é que não é possível“, acusa.
Interrogado se o seu executivo está a governar em tempo de ‘vacas gordas’, numa conjuntura de crescimento económico internacional, António Costa alega que, quando o país cresce acima da média europeia, “é difícil dizer” que se trata de um crescimento “à boleia do que acontece na Europa“.
“Como é evidente, como não somos um planeta próprio, influi naturalmente sobre a economia portuguesa tudo o que acontece no espaço económico onde estamos inseridos. Mas é precisamente por não desconsiderarmos esses graus de incerteza que nós temos previsões e um cenário macroeconómico para o próximo ano que acomoda precisamente esses riscos. E é precisamente por termos em conta esses riscos que não nos podemos dar ao luxo de poder correr o risco de dar um passo maior do que a perna, porque esses fatores de incerteza existem e podem atingir-nos, independentemente da nossa vontade, da nossa ação”, adverte.
Confrontado com um cenário de saída desordenada do Reino Unido da União Europeia ou com a hipótese de a política do executivo italiano conduzir a uma subida elevada das taxas de juro, o primeiro-ministro sustenta que “qualquer pessoa de bom senso tem o dever de temer qualquer desses cenários imprevisíveis”.
“Mas aquilo que devemos fazer é trabalhar para que nenhum desses cenários imprevistos se verifique e, por outro lado, garantir que estaremos em condições de segurança num porto de abrigo caso essas tempestades venham a surgir. E é por isso que não nos devemos aventurar no mar e devemos ter em conta que devemos manter a proximidade necessária a um porto de abrigo para o caso de alguma dessas tempestades surgirem inesperadamente”, salienta.
Questionado sobre a ideia de quem vier a seguir no Governo em Portugal ter de pagar a fatura, António Costa reage: “Sim, mas também é porque temos em conta isso que tencionamos suceder a nós próprios e, portanto, não queremos criar hoje problemas que tenhamos de gerir no próximo ano”.
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