Fitch mantém rating de Portugal dois níveis acima de lixo
Fitch volta a não mexer na notação financeira de Portugal. Rating fica dois níveis acima de lixo em BBB com perspetiva estável.
A Fitch surpreendeu tudo e todos em dezembro do ano passado quando decidiu subir o rating de Portugal em dois níveis para BBB, já num patamar de investimento de qualidade. Depois, em junho decidiu reafirmar o rating, mas com um alerta quanto à possibilidade de um novo desequilíbrio nas contas públicas por causa das eleições. Esta sexta-feira, a opção foi a mesma: manter a notação financeira em BBB com perspetiva estável.
A agência, na nota de análise que publica no seu site, revela que a economia nacional atingiu o seu pico em 2017, com um crescimento de 2,8%, mas agora a dinâmica é de abrandamento: 2,2% de crescimento este ano, 1,8% em 2019 e 1,5% em 2020. Valores que vão ao encontro das previsões do FMI hoje revistas na sétima avaliação pós-troika. A Fitch sublinha ainda que o rácio da dívida pública está numa “firme trajetória descendente”. Mas, “ainda assim, a dinâmica da dívida será afetada negativamente por algumas medidas extraordinárias”. As previsões da agência apontam para uma dívida de 121,5%, no final deste ano, um valor quase igual à previsão do Governo (121,2%), e de 95% em 2027.
A dívida pública está numa firme tendência decrescente e o rácio dívida face ao PIB vai continuar a descer no médio prazo
A Fitch espera que “o Novo Banco receba um apoio público adicional através do mecanismo de capital contingente em 2019” para além de outras medidas extraordinárias inscritas no Orçamento de 2019 que vão pesar sobre a dívida, “tal como sugerem os 2,5 mil milhões de euros de ajustamento défice-dívida, que representam 1,4% do PIB”. Ou seja operações que não vão ao défice mas influenciam negativamente a dívida.
O facto de as condições de financiamento continuarem a ser positivas é um ponto a favor de Portugal. “As condições de financiamento ainda são favoráveis porque o efeito de contágio das yields italianas mais elevadas, até agora tem estado limitado“, escrevem os analistas da Fitch. Por outro lado, a curva das yields alemãs, que servem de benchmark tem continuado num nível “muito baixo” apesar da proximidade do fim do programa de quantitative easing do BCE. “Graças à emissão de dívida com maturidades mais elevadas , as baixas taxas de juros estão garantidas por um longo período, aumentando a resiliência a choques futuros”, sublinha a Fitch.
Graças à emissão de dívida com maturidades mais elevadas , as baixas taxas de juros estão garantidas por um longo período, aumentando a resiliência a choques futuros.
Por outro lado, a Fitch saúda o facto de os grandes bancos portugueses terem voltado aos lucros em 2017 graças a custos operacionais mais baixos e assim como redução dos custos com imparidades no crédito. Ainda assim, “os elevados níveis de malparado continuam a ser uma fragilidade, apesar de terem caído de quase 18% em 2016 para 12% no final de junho de 2018, na sequência da venda de carteiras e redução das imparidades”.
A Fitch aponta apenas dois riscos para o rating de Portugal: “uma inversão na queda do rácio da dívida face ao PIB” e “um novo stress no setor financeiro que exija um apoio público adicional significativo e/ou afete a estabilidade e as perspetivas de crescimento”.
Em sentido contrário, o rating poderia ser revisto em alto caso o rácio da dívida “descesse substancialmente”, houvesse sinais de um crescimento potencial mais forte no médio prazo, superior a 2%, sem pôr em causa o ajustamento externo e um crescimento forte cujo motor fossem as exportações e assim aumentando os excedentes da balança das transações correntes.
(Notícia atualizada)
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