Exportações caem 8,7% em novembro por causa da greve dos estivadores em Setúbal
Mais de dois terços da queda veio das exportações de material de transporte. No trimestre terminado em novembro, as vendas para o exterior recuaram pela primeira vez nos últimos 26 meses.
As exportações caíram 8,7% em novembro em relação ao mesmo mês de 2017, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quarta-feira. A greve dos estivadores do porto de Setúbal afetou a saída de carros para exportação, designadamente da Autoeuropa, explica em grande parte o recuo. 66% da queda das exportações vem do material de transporte.
“Em novembro de 2018, em termos das variações homólogas mensais, as exportações diminuíram 8,7% (+5,3% em outubro de 2018), devido à diminuição verificada no comércio Intra-UE e no comércio Extra-UE, sendo de destacar o decréscimo das exportações de material de transporte, maioritariamente de Automóveis para transporte de passageiros, em 29,4% (contributo de -5,7 p.p. para a taxa de variação homóloga do total das exportações de bens), que estará associado à greve dos estivadores no porto de Setúbal”, diz o INE na nota publicada esta quarta-feira sobre a evolução do comércio internacional até novembro.
“Em novembro de 2018, o défice da balança comercial atingiu 2.066 milhões de euros, mais 1.157 milhões de euros que no mesmo mês de 2017”, acrescenta o INE.
Evolução das exportações (variação homóloga)
Fonte: INE
A greve dos estivadores do porto de Setúbal afetou a saída de carros da Autoeuropa para o exterior do país. A multinacional alemã de Palmela chegou a ter 20 mil carros parados à espera que a paralisação dos estivadores terminasse para os poder colocar fora do país.
No mesmo mês, “as importações aumentaram 11,5% (+5,4% em outubro de 2018), igualmente em resultado da evolução em ambos os tipos de comércio, com as importações de Material de transporte a registarem um acréscimo de 21,3% (contributo de +3,4 p.p. para a taxa de variação homóloga do total das importações), em resultado fundamentalmente da aquisição de outro material de transporte (aviões)”, acrescenta o instituto estatístico.
Este comportamento levou as exportações a apresentarem um comportamento recorde quando se analisam os dados num trimestre terminado em novembro. “No trimestre terminado em novembro de 2018, as exportações registaram uma diminuição (-1,0%) pela primeira vez nos últimos 26 meses, e as importações aumentaram 5,8%, face ao mesmo período de 2017 (+2,9% e +4,4%, pela mesma ordem, no trimestre terminado em outubro de 2018).”
No entanto, em termos acumulados no conjunto dos primeiros onze meses do ano, as exportações apresentaram um crescimento de 4,9% face ao período janeiro a novembro de 2017. Trata-se ainda assim de uma desaceleração em relação ao aumento observador até outubro quando as vendas para o exterior tinham subido 6,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A 18 de dezembro, o Banco de Portugal dava conta de uma revisão em baixa das previsões para a economia portuguesa em 2018, de 2,3% para 2,1%, por causa das exportações. No entanto, esta projeção ainda não tinha em conta o impacto da greves na reta final do ano, já que a informação recolhida pelo banco central ainda não contemplava todo o mês de novembro.
O Governo prevê que em 2018 as exportações totais (de bens — como as que são reveladas pelo INE — como também as de serviços) cresçam 6,6%.
“Em novembro de 2018 nas exportações, tendo em conta os principais países de destino em 2017, todos os países, com exceção de Itália (+1,5%), registaram decréscimos face ao mês homólogo de 2017, evidenciando-se a Alemanha (-21,6%) e a França (-12,2%), em ambos os casos devido sobretudo aos Veículos e outro material de transporte”, revela o INE.
Já em relação aos principais fornecedores em 2017, em novembro de 2018 os “aumentos mais expressivos em termos homólogos registaram-se nas importações provenientes de França e Alemanha (+37,2% e +10,2%, respetivamente), sobretudo em veículos e outro material de transporte. As importações da Rússia registaram o único decréscimo (-36,2%), justificado pela redução das importações de combustíveis minerais”.
(Notícia em atualização)
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