Confronto económico entre grandes potências é o principal risco de 2019
O relatório do Fórum Económico Mundial considera, também, o impacto para a economia dos riscos ambientais e dos ataques cibernéticos.
O aumento dos confrontos e fricções económicas entre as grandes potências mundiais em 2019 é o principal risco identificado pelo Relatório de Riscos Globais 2019 do Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla inglesa) divulgado esta quarta-feira.
De acordo com este relatório, que reúne os resultados anuais do Inquérito Global de Perceção de Risco de aproximadamente 1.000 especialistas e decisores, 88% dos inquiridos prevê ainda um deteriorar das regras e acordos comerciais multilaterais. Para 85% dos inquiridos pelo WEF, é ainda esperado um aumento dos riscos de “confrontos políticos entre as grandes potências” durante 2019.
Estes números são interpretados pelo Fórum Económico Mundial como reflexo de uma ordem mundial “multiconceptual”, que reflete mudanças nos equilíbrios de poder e em diferenças de “valores fundamentais” entre os vários protagonistas globais.
As instabilidades “refletem também o facto de que assunções pós-Guerra Fria – particularmente no Ocidente – de que o mundo convergiria em normas ocidentais se revelaram inocentemente otimistas”, pode ler-se no relatório.
Para Børge Brende, presidente da instituição sediada em Genebra, na Suíça, “a necessidade de renovar a arquitetura da cooperação internacional é hoje mais urgente do que nunca”.
O presidente do WEF considera que o mundo está sem “força motriz” para contrariar o tipo de desaceleração à qual a atual dinâmica poderá conduzir, apelando para uma “ação coordenada e concertada” para “combater as graves ameaças” correntes.
O relatório considera os riscos ambientais os mais graves a curto, médio e longo prazo para a economia, com todos a pontificarem nas categorias de alta probabilidade e alto impacto.
O Fórum Económico Mundial coloca os eventos climáticos extremos (como inundações ou tempestades) como os riscos mais prováveis de acontecer nos próximos dez anos, seguindo-se o fracasso na mitigação e adaptação às alterações climáticas, as grandes catástrofes naturais (como terramotos, maremotos ou erupções vulcânicas), incidentes massivos de fraude ou roubo de dados, e acidentes cibernéticos em grande escala nos cinco primeiros lugares.
De resto, para o ano de 2019, relativamente a ataques cibernéticos, 82% dos inquiridos consideram que há uma grande probabilidade do aumento de roubos de dados ou dinheiro por via informática, com 80% a preverem disrupções de operações e de infraestruturas através deste tipo de acontecimentos.
Na categoria de riscos de alto impacto a 10 anos, as armas de destruição em massa ocupam o primeiro lugar, seguindo-se o fracasso na mitigação e adaptação às alterações climáticas, os eventos climáticos extremos (como inundações ou tempestades), as crises de água e, no final dos primeiros cinco riscos, as grandes catástrofes naturais.
O Fórum considera ainda que as transformações vigentes na sociedade atual referentes a mudanças sociais, tecnológicas e laborais “estão a ter um impacto profundo na vida das pessoas” em termos psicológicos, o que “afeta também o cenário mais amplo dos riscos globais, nomeadamente através de impactos na coesão social e na política”.
Na secção denominada “Choques Futuros”, o Fórum Económico Mundial traça dez possíveis futuros cenários limite, relativos a mudanças “súbitas e dramáticas”, entre os quais o populismo na política monetária, o fim de direitos sociais, guerras climáticas, o fim do abastecimento de água, o colapso da criptografia atual face à computação quântica ou ainda o controlo social através de biometria.
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