Daniel Bessa: “O Diabo não veio, mas isto está por arames”
O economista não tem dúvidas. Centeno não irá para o Governo para "não ser ele a gerir as consequências da política que tem sido seguida". E diz que "não vai haver dinheiro" para investimentos.
Daniel Bessa não tem dúvidas sobre o atual estado da economia portuguesa. “O Diabo não chegou, e ainda bem, mas isto está por arames”, diz entrevista ao Observador (acesso condicionado).
Para o economista “as contas públicas estão por arames. Estão melhor do que estavam há dez anos, mas o que está por arames é o sucesso, o 0,2% do défice, Isso está por arames”.
Numa extensa entrevista, o ex-ministro da economia no governo de António Guterres afirma que Centeno não irá fazer parte do próximo governo. “Centeno vai deixar o Ministério das Finanças também para não ter de gerir as consequências da política que tem sido seguida“.
Centeno vai deixar o ministério também para não ter de gerir as consequências da política que tem sido seguida
Bessa diz que no “dia em que for preciso meter os funcionários públicos a funcionar com as 35 horas, no dia em que for preciso pagar aos fornecedores, no dia em que se tenham de fazer os investimentos que o país exige… aí vamos ter aqui grandes problemas de finanças públicas.”
De resto, o pacote de investimentos avançados pelo Governo é também alvo de críticas por parte do economista. Depois de “anos em que não se investiu nada”, agora estão a ser “lançados novos investimentos todos os dias, talvez para promover o ministro Pedro Marques”, frisa. Mas Bessa deixa um aviso: “a partir do próximo ano não vai haver dinheiro para esses investimentos todos”.
“Vão ter de pagar às farmácias… Vão ter de recrutar os funcionários para resolver o problema das 35 horas. Não vão querer reduzir os salários ou aumentar os impostos… Têm os compromissos que foram agora anunciados em matéria de investimento… A maionese não prende, como se costuma dizer”, sublinha.
Bessa confessa ainda que tem grande apreço pelo ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. E atira: se Portugal fosse um país equilibrado” Passos Coelho seria melhor aproveitado. Ainda assim, diz que um dos maiores erros do ex-primeiro ministro foi o “ir além da troika. Foi absolutamente desnecessário”.
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