Falência da Germania: Algarve pode perder 25 mil passageiros
A transportadora aérea entrou em falência depois do Estado alemão ter recusado financiamento para uma necessidade de liquidez a curto prazo.
A falência da companhia aérea alemã Germania pode afetar o tráfego de 25 mil passageiros para o Algarve, uma quebra de 5% no número total de passageiros provenientes da Alemanha, estimou esta quarta-feira a Associação de Turismo do Algarve (ATA).
Segundo o presidente da ATA, João Fernandes, a falência da companhia de baixo custo implica a perda de quatro rotas entre Faro e as cidades de Erfurt, Münster/Osnabrück, Dresden e Nuremberg, traduzindo-se “numa eventual diminuição de aproximadamente 5% face ao número total de passageiros que chegam ao Algarve” provenientes deste mercado.
“Infelizmente, esta é mais uma notícia que não queríamos ter recebido, especialmente tendo em conta que a Alemanha é um dos principais mercados tradicionais do Algarve”, refere aquele responsável, citado em comunicado, indicando que a estimada quebra de 5% corresponde a 0,5% do número total de passageiros que aterram no aeroporto de Faro.
Para fazer face à situação, a ATA, responsável pela promoção do destino junto dos mercados externos, irá, em conjunto com o Turismo de Portugal e o Aeroporto de Faro, “procurar reforçar as negociações com outras companhias aéreas, dando-lhes a conhecer o potencial que as rotas até agora operadas pela Germania representam”.
Paralelamente, “será intensificado o esforço tendo em vista a realização de campanhas de ‘marketing’ conjuntas com companhias e operadores turísticos, no sentido de incrementar as vendas do destino junto do mercado alemão, tido como prioritário”, lê-se na nota.
No entanto, afirma João Fernandes, a região “está preparada” para enfrentar estas situações, como já aconteceu no passado recente, e tem “as ferramentas necessárias para minimizar” o esperado impacto da falência da companhia aérea alemã.
“Tal como aconteceu recentemente com as falências de companhias como a Monarch, a Air Berlin ou a Niki, acreditamos que a região será capaz de dar a volta por cima e de colmatar as rotas e frequências perdidas”, acrescenta.
No inverno de 2018 registou-se um aumento da oferta de lugares em todos os mercados que servem o aeroporto de Faro, com destaque para a Alemanha e o Reino Unido, dois mercados que se encontravam em recuperação das perdas causadas pelas falências das companhias Air Berlin, Niki e Monarch.
“Essas perdas foram já supridas e, no caso do mercado alemão, o Algarve conta já, desde o final do ano passado, com uma nova rota para Berlim (Schoenefeld) e com novos serviços para as cidades de Colónia e Düsseldorf”, explica.
As rotas da Germania que serviam o Algarve operavam no período de verão IATA, isto é, de fevereiro a outubro, o que implica “um fraco impacto no período em que o destino é ainda alvo de uma maior sazonalidade”, ou seja, novembro, dezembro e janeiro, conclui.
A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) aconselhou na terça-feira os passageiros com reserva na companhia aérea insolvente Germania a encontrar alternativas, depois do cancelamento de todos os voos.
A companhia ‘low cost’ (de baixo custo), com 37 aparelhos na sua frota, voava principalmente da Alemanha e Suíça para destinos turísticos no Mediterrâneo e Médio Oriente e transportava mais de quatro milhões de passageiros anualmente.
Na origem da insolvência da transportadora aérea, segundo esclareceu a mesma, esteve a ausência de financiamento para uma necessidade de liquidez a curto prazo.
Os problemas de liquidez surgiram devido a imprevistos, como “aumentos consideráveis nos preços dos combustíveis no verão passado, ao mesmo tempo que se registava um enfraquecimento do euro em relação ao dólar, atrasos consideráveis na entrega de aparelhos para a frota e várias operações de manutenção que tiveram um encargo pesado para a empresa”.
O Governo alemão excluiu qualquer ajuda do Estado à Germania.
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