Cavaco Silva avisa que Portugal arrisca ser “lanterna vermelha” da Zona Euro
Cavaco Silva, antigo Presidente da República, avisou que se o país continuar a seguir as políticas seguidas até aqui, arrisca vir a ser "lanterna vermelha" da Zona Euro, "mais ano, menos ano".
Aníbal Cavaco Silva está insatisfeito com o “caminho” que tem vindo a ser seguido pelo Governo socialista liderado por António Costa. Num discurso proferido em Coimbra, o ex-Presidente da República alertou que Portugal arrisca vir a ser “lanterna vermelha do pelotão da Zona Euro”, se o país continuar as mesmas políticas seguidas até aqui.
“Por este caminho, mais ano menos ano, Portugal será lanterna vermelha do pelotão da Zona Euro. E, então, pode faltar-nos o ânimo para recuperar”, disse o ex-chefe de Estado, no âmbito da Academia Calvão da Silva, uma homenagem ao antigo ministro João Calvão da Silva, que morreu no ano passado, vítima de doença oncológica.
Para Cavaco Silva, o seu antigo ministro da Administração Interna “não deixaria de ficar chocado ao ouvir vozes de satisfação relativamente ao crescimento económico, quando Portugal continua a ser ultrapassado pelos países do centro e leste europeu em termos de desenvolvimento medido pelo rendimento per capita, e quando entre os 19 países da Zona Euro, só a Letónia e a Grécia ainda estão atrás de nós”, afirmou.
Por este caminho, mais ano menos ano, Portugal será lanterna vermelha do pelotão da Zona Euro.
Cavaco Silva deixa alertas para uma inversão de ciclo após anos de recuperação económica. Anos esses que se seguiram à maior crise financeira desde a década de 30 e que, na Europa, acabou por se transformar numa crise da dívida soberana, arrastando Portugal para um programa de resgate.
Olhando para trás, o antigo Presidente aproveitou para pedir desculpa por algumas críticas que fez a “líderes políticos” na altura da crise financeira de 2008. “Face às muitas críticas que foram dirigidas aos líderes políticos de então, penso que eu próprio me devo redimir de algumas palavras menos justas”, disse. Cavaco Silva enalteceu a coragem que estes tiveram para adotarem medidas impopulares, como as que foram tomadas pelo Executivo liderado por Pedro Passos Coelho.
Brexit? Portugal não é dos mais prejudicados
Questionado no final do discurso acerca do Brexit, Cavaco Silva garantiu que “os custos para o Reino Unido serão muito, muito maiores do que os custos para os 27” Estados-membros da União Europeia (UE). Ainda assim, avisou que “a UE, com certeza, também suportará alguns custos” com a saída do Reino Unido do bloco, nomeadamente ao nível “da Defesa” e da “força do mercado financeiro”.
Também relativamente ao Brexit, Cavaco Silva confessou que, com ou sem acordo, o Reino Unido deve sair da UE, uma vez que os britânicos já invocaram o artigo 50 do Tratado de Lisboa. “Eu lamento profundamente que se tenha chegado a esta situação, mas não sei se neste momento não serão muitos aqueles que pensam, ao alto nível político, que o melhor é deixar o Reino Unido sair mesmo”, revelou.
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