Subsidiária da Altri emite 50 milhões de euros. Paga 1,9% por green bonds a 10 anos
A Sociedade Bioelétrica do Mondego colocou de obrigações verdes. A EDP tinha estreado o mercado em Portugal, mas esta é a primeira operação de títulos deste género admitida à negociação no país.
O grupo Altri fechou esta terça-feira a colocação de 50 milhões de euros em dívida verde a 10 anos, conhecida como green bonds. A operação, na qual pagou um juro de 1,9%, foi feita através da participada Sociedade Bioelétrica do Mondego (SBM) e estes serão os primeiros títulos deste género a serem admitidos à negociação na bolsa portuguesa.
“A participada Sociedade Bioelétrica do Mondego, S.A. procedeu, hoje [terça-feira,], à emissão de um empréstimo obrigacionista, por subscrição particular, no montante de 50.000.000 (cinquenta milhões de euros), com a designação “SOCIEDADE BIOELÉTRICA DO MONDEGO 2019 – 2029” e taxa de cupão de 1,90%”, anunciou a Altri, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
As obrigações verdes são um instrumento de dívida que permite às empresas e Estados captar investimento para projetos existentes ou para projetos novos, aos quais estejam associados benefícios ambientais. A SBM explicou que a emissão destina-se a financiar a construção de uma nova central termoelétrica a biomassa na Figueira da Foz.
“Este investimento da SBM contribuirá para a diversificação das fontes energéticas do grupo Altri e insere-se na estratégia definida para a política energética nacional, através da construção de uma central de produção de eletricidade a partir de fontes não convencionais”, referiu a empresa.
A atividade da empresa do grupo Altri foca-se na promoção, desenvolvimento e gestão de centrais elétricas e outras instalações de produção e venda de energia bioelétrica em Portugal. A sociedade trabalha principalmente com resíduos e biomassa, o que explica o recurso a esta fonte de financiamento.
“A central a biomassa irá contribuir para a prossecução de uma política estruturante no campo energético, que permitirá diminuir a dependência externa e o efeito de estufa resultante da utilização de combustíveis fósseis. A utilização de biomassa florestal, por outro lado, além de contribuir para a criação de emprego e para o ordenamento da floresta, permite reduzir os riscos de incêndio, promovendo um ambiente de produção de energia limpa e renovável, reforçando assim o compromisso de sustentabilidade do grupo Altri”, acrescentou.
Em Portugal, este mercado foi estreado pela EDP, em 2018, com a colocação de 600 milhões de euros (que não foram, no entanto, admitidas à negociação em Portugal). Além da EDP, e agora da SBM, também o Estado português já mostrou interesse no mercado de dívida sustentável. O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse no ano passado que esta poderá ser uma hipótesepara diversificar as fontes de financiamento do país, a par das panda bonds.
O mercado de obrigações verdes por parte das empresas globais tem vindo a crescer, tendo atingido um recorde de sempre em 2017. Após um abrandamento no ano passado, a agência Moody’s antecipou, num relatório recentemente, que o montante total das colocações volte a acelerar para 200 mil milhões de euros este ano. A concretizar-se, representará um aumento homólogo de 20%.
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