Privados acusam ADSE de pagar a 240 dias. Lei limita prazo a 60 dias
Os hospitais privados afirmam que o prazo médio de pagamento por parte da ADSE ronda os 240 dias, quatro vezes mais do que o que define a lei. Acusam ADSE de "grande sobranceria".
Os hospitais privados afirmam que o prazo médio de pagamento por parte da ADSE ronda os 240 dias, o dobro do que foi imposto e quatro vezes o que define a lei.
Na comissão parlamentar de saúde, o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada foi esta quarta-feira questionado pelo CDS sobre os prazos de pagamento da ADSE aos prestadores privados. Óscar Gaspar indicou que a ADSE (subsistema de saúde dos funcionários públicos) impôs a sua própria regra quanto ao prazo médio de pagamento em 120 dias, quando a lei define um prazo máximo de 60 dias.
Contudo, o responsável referiu que nem os 120 dias são cumpridos, rondando atualmente o dobro, 240 dias, sem pagamento de juros de mora.
Óscar Gaspar queixou-se ainda de que a ADSE, ao conferir faturas, as devolve sistematicamente sem apontar qualquer justificação ou chegando a devolver mais de uma vez a mesma fatura, mas por motivos diferentes.
O responsável da associação que representa os hospitais privados voltou a mostrar-se contra a regra da regularização de faturas, que fez a ADSE exigir no final do ano passado aos privados o pagamento de 38 milhões de euros que alegadamente terão sido cobrados a mais em atos ou itens sem preço fixo. Esta exigência por parte da ADSE fez algumas unidades privadas ameaçarem que deixarão de ter convenção com a ADSE e de receber os seus beneficiários através do regime convencionado.
Sobre aos 38 milhões exigidos aos privados pela ADSE, Óscar Gaspar afirmou estar convencido de que a situação vai acabar por ser dirimida em tribunal.
O responsável adiantou que dados que lhe foram apresentados mostram que em “90% dos casos não há nenhum fundo de verdade” em relação ao que é argumentado pela ADSE. Óscar Gaspar acusou a ADSE de ter uma “atitude de grande sobranceria”, definindo regras sem qualquer diálogo, e avisou que “ainda se está longe de um desfecho positivo” entre privados e o subsistema de saúde.
“A ADSE sempre teve uma atitude de grande sobranceria em relação aos privados, com as regras que muito bem entende e normalmente sem nenhum tipo de diálogo”, afirmou aos deputados da comissão parlamentar de Saúde.
No mês passado, alguns grupos privados ameaçaram romper as convenções com a ADSE, sobretudo pela exigência de pagamento de 38 milhões de euros por regularização de faturas de anos anteriores. Óscar Gaspar disse que até hoje não houve qualquer tipo de diálogo entre a ADSE e a Associação de Hospitalização Privada sobre a questão da regularização de faturas.
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