Idai: População afetada em Moçambique cresce 50% para 794 mil com 447 mortos
Já são 794 mil pessoas afetadas pelo ciclone Idai, em Moçambique, um número que aumentou 50% face aos últimos registos. Centros de acolhimento já registaram 129 mil entradas.
A população afetada pelo ciclone Idai em Moçambique subiu para 794.000, anunciaram esta segunda-feira as autoridades, que contabilizam 447 mortos.
Em relação a domingo, o resumo de informação distribuída pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) acrescenta uma vítima mortal aos dados divulgados e aumenta em 50% o número de pessoas atingidas. Esta população afetada não significa que esteja “em risco de vida”.
“São pessoas que perderam as casas” ou que estão “em zonas isoladas e que precisam de assistência”, explicou no domingo o ministro da Terra e Ambiente, Celso Correia. Por seu lado, o número de salvamentos faz com que os centros de acolhimento continuem a encher e registem já 128.941 entradas (mais 18% que no domingo), das quais 6.500 dizem respeito a pessoas vulneráveis — por exemplo, idosos e grávidas que recebem assistência particular.
Autarca da Beira alerta para várias mortes com sintomas de cólera
Daviz Simango, presidente do município da Beira, no centro de Moçambique, referiu esta segunda-feira em entrevista à Lusa que há várias mortes registadas com sintomas de cólera, elevando os receios de um surto após o ciclone Idai. “Estamos à procura de [meios de] diagnóstico, mas nós conhecemos a cólera, conhecemos os sintomas e dinâmica”, referiu o autarca acerca de uma doença que é tratável, mas que todos os anos provoca mortes em Moçambique na época das chuvas.
“Se numa unidade sanitária há seis, sete mortos nas mesmas circunstâncias de diarreia, é um indicativo claro de que a cólera está aí à porta”, acrescentou, ao descrever os casos que conhece.
Com a região inundada e sem saneamento básico, a cólera passa para a água e comida, criando-se um ambiente propício à sua propagação. Depois do pesadelo do ciclone, Daviz Simango teme o pesadelo de um surto de doenças. “Nos centros de acomodação” para os desalojados, improvisados em escolas, “tem de se colocar tapetes e água desinfetada” para que, quem entra, “não leve a cólera lá para dentro”, destacou.
São locais de abrigo que estão apinhados, nalguns casos com centenas de pessoas, facilmente expostas. “Nos centros de acomodação, as pessoas não vivem em condições humanas”, referiu. Na cidade são necessárias latrinas, pede o autarca.
Celso Correia, ministro da Terra e Ambiente de Moçambique, referiu no domingo que “a prioridade nas próximas semanas é evitar a eclosão de doenças”. “É importante termos consciência de que vamos ter cólera, malária, já temos filária, e vai haver diarreias. O trabalho está a ser feito para mitigar” os surtos, destacou.
A estratégia inclui a instalação de centros de tratamento — habitualmente instalados em zonas de surto para conter e tratar doentes — e distribuição de equipas médicas por todo o território afetado. As Nações Unidas anunciaram a instalação de campos de abrigo temporário, com tendas e hospitais de campanha, para onde vão ser conduzidas os 89.000 desalojados (um número que tem crescido todos os dias) que estão nos centros de acolhimento improvisados.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Idai: População afetada em Moçambique cresce 50% para 794 mil com 447 mortos
{{ noCommentsLabel }}