Centeno. BE e PCP deixaram-se ultrapassar pela direita. Partidos colocam “manhosamente” despesa no futuro
O ministro das Finanças diz que a decisão dos partidos de aprovar a contagem integral do tempo de serviço foi irresponsável e coloca "manhosamente" despesa no futuro.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse esta sexta-feira que a esquerda se deixou ultrapassar pela direita para aprovar algo irresponsável e que não estava nas posições comuns assinadas entre o Governo e o Bloco de Esquerda e o PCP. Mário Centeno acusou os partidos de esconderem o impacto da aprovação da contagem integral do tempo de serviço e de colocarem “manhosamente” esta despesa no futuro.
“O que a esquerda fez foi abster-se em boa parte do diploma para deixar passar. De certa forma, o que ontem vimos foi a esquerda desviar-se e deixar-se ultrapassar pela direita e apresentar algo que não estava nas nossas posições comuns”, afirmou o ministro numa entrevista à SIC.
Arrisco até a dizer que o [José] Mourinho e o [Pep] Guardiola, quando treinavam o Real Madrid e o Barcelona, discutiam mais as táticas das suas equipas que aqueles partidos discutiram a educação em Portugal no seu conjunto. Não têm nada a ver uns com os outros.
Mário Centeno disse que o que se viu na reunião de ontem, onde as propostas foram aprovadas na especialidade, foi que os “partidos não tinham preparado o trabalho que tinham para fazer na comissão de Educação” e que acabaram por aprovar uma proposta “de tal maneira irresponsável que esconde a despesa, que manhosamente coloca no futuro e uma discussão que se colocaria todos os anos com elevadíssimo custo na escola pública”.
O ministro foi mais longe e acusou os partidos de “taticismo total e absoluto” e de, depois, tentar “esconder durante todo o dia de hoje de forma absolutamente extraordinária os impacto” das propostas, que aprovaram “sem cuidar do futuro dos portugueses, sem cuidar sequer do futuro da carreira dos professores”.
“Arrisco até a dizer que o [José] Mourinho e o [Pep] Guardiola, quando treinavam o Real Madrid e o Barcelona, discutiam mais as táticas das suas equipas que aqueles partidos discutiram a educação em Portugal no seu conjunto. Não têm nada a ver uns com os outros“, disse.
Sobre o impacto nas contas públicas, Mário Centeno contradisse as afirmações dos vários responsáveis partidários e disse que esta aprovação vai ter impacto no défice deste ano, mesmo que o pagamento seja feito apenas em 2020, porque é assumido um compromisso para este ano, em alusão à forma como se calcula o défice na ótica da contabilidade nacional (a que conta para Bruxelas).
“O défice deste ano na versão que existe e foi aprovada na comissão de Educação tem um impacto orçamental claríssimo adicional de 200 milhões de euros no saldo orçamental de 2019, porque é assumido um compromisso desde 1 de janeiro de 2019, mesmo que ele não possa ser satisfeito, ou seja pago, coisa que não está prevista no diploma. O diploma não tem nenhum faseamento”, explicou.
Mário Centeno lembrou ainda que a condicionalidade que existia nas propostas dos partidos da direita, mas que desapareceu na versão final.
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