Banco da China: É difícil encontrar bons projetos para investir em Portugal
Num mercado com enorme liquidez, Banco da China tem vários fundos para investir em Portugal. O problema, dizem, é a falta de projetos com qualidade.
A diretora-geral do Departamento de Instituições Financeiras do Banco da China disse à Lusa que é difícil encontrar bons projetos e oportunidades de investimento em Portugal, apesar de as empresas chinesas terem liquidez e vontade de investir.
“Estamos à procura de investimentos em Portugal, mas há um problema; o nosso mercado é muito líquido e não há muitas oportunidades, ou seja, temos o dinheiro e queremos investir mas é muito difícil para nós encontrar bons projetos e boas oportunidades” em Portugal, lamentou Wendy Sun Min.
Em entrevista à Lusa na sede do Banco da China Macau, a responsável pela ligação entre este banco chinês e as instituições financeiras internacionais acrescentou que, ainda assim, o objetivo é “fazer mais investimentos em Portugal”, usando os vários fundos que têm sido criados nos últimos anos para este efeito.
“Temos um fundo sino-português, fundado pelo Governo chinês e também com algum financiamento disponibilizado por Macau, que tem várias fases, mas que já tem um capital inicial de 500 milhões de dólares [448 milhões de euros], e faseadamente, irá aumentando”, acrescentou.
“Há outros fundos soberanos, como o Fundo de Cooperação da China, que também pode investir em Portugal, há muitos fundos disponíveis à procura de oportunidades para investir; aqui no Bank of China Macau também podemos financiar empresas, sejam públicas ou privadas, que estejam interessadas em investir nos países de língua portuguesa, e Macau pode ser um centro de apoio para esse investimento”, apontou a responsável.
O aprofundamento da relação financeira da China com Portugal, especialmente visível nos últimos anos, mede-se também noutros aspetos da atividade do banco, que vão além do financiamento, disse Wendy Sun Min, apontando como exemplo deste aprofundamento das relações o recrutamento de mais pessoas que falam português fluente, que se juntam às cinco atuais, e o aumento da periodicidade das viagens para Portugal, que deixarão de ser anuais para passarem a ser trimestrais.
“Vamos começar a ir mais vezes a Lisboa, dantes íamos uma vez por ano e agora vamos começar a ir trimestralmente, para termos uma comunicação mais frequente com os bancos portugueses e com o mercado chinês, porque como vamos frequentemente à China, podemos passar e partilhar informações” que depois podem resultar em negócios e investimentos, disse.
“Vamos também promover oportunidades de investimento na China, porque com o passar da crise financeira e a recuperação económica em Portugal, as empresas já têm capacidade para exportar e se internacionalizarem, e contactam os seus banqueiros privados para encontrar oportunidades de investimento; estes bancos falam connosco e nós passamos a informação aos nossos clientes e parceiros na China continental”, disse.
Para facilitar esta comunicação, Wendy Sun Min anunciou ainda o lançamento de uma plataforma eletrónica de comércio para resolver problemas de comunicação entre as entidades empresariais e financeiras dos dois países.
“A comunicação, no passado, não era feita presencialmente, mas sim através de correio eletrónico e telefonemas, e isto por vezes não é muito eficiente; estamos a tentar resolver isto lançando uma plataforma de e-commerce, na qual vamos publicar informações e oportunidades financeiras e de investimento, para que não seja preciso preocuparem-se com a diferença horária, a comunicação e a língua, porque podem usar a plataforma para saber mais sobre os projetos”, concluiu a responsável.
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