Projeto de infraestrutura verde nasce debaixo de postes de energia
Debaixo dos postes linhas de transporte de energia, Palmela-Évora e Estremoz-Divor, foram criadas verdadeiras “ilhas de biodiversidade”, no âmbito do projeto Life Lines.
“O Projeto Life Lines-Redes de Infraestruturas Lineares com Soluções Ecológicas, é um projeto português, pioneiro na Europa, que pretende implementar uma série de medidas minimizadoras dos impactes ecológicos das infraestruturas lineares (estradas, ferrovias, linhas elétricas) e contribuir para criação de uma Infraestrutura Verde de suporte ao incremento e conservação da biodiversidade”, refere António Mira, professor auxiliar no Departamento de Biologia na Universidade de Évora e coordenador do projeto Life Lines.
Acrescenta que António Mira ainda o grande potencial que os espaços marginais seminaturais frequentemente associados às diferentes infraestruturas como as bermas, as base dos apoios de linhas elétricas, etc., têm para funcionar como refúgios e corredores para várias espécies. A sua gestão integrada pode contribuir para uma maior biodiversidade a um nível alargado na paisagem.
O Life Lines é uma parceria entre a Universidade de Évora, que é a entidade coordenadora, e a empresa Infraestruturas de Portugal, as câmaras municipais de Évora e Montemor-o-Novo, a Marca, que é uma Associação de Desenvolvimento Local, a Universidades de Aveiro e a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Teve início em agosto de 2015, com um financiamento de três milhões de euros de fundos da União Europeia, num total superior a cinco milhões de euros.
Foi neste âmbito que surgiu a colaboração entre a REN – Redes Energéticas Nacionais e a Universidade de Évora para o estudo e conservação de comunidades de animais debaixo das linhas de transporte de energia.
As ilhas de diversidade
No âmbito do projeto Life Lines foram criadas verdadeiras “ilhas de biodiversidade”, debaixo dos postes linhas de transporte de energia, Palmela-Évora e Estremoz-Divor, tendo contado com a colaboração dos proprietários dos terrenos atravessados pelas infraestruturas.
O projeto começou pela plantação, sementeira e vedação com rede ovelheira de um conjunto sequencial de cinco apoios, localizados numa área aberta sujeita a pastoreio intensivo, que fazem ligação entre duas áreas de montado denso. Estes apoios servem como refúgio de biodiversidade e corredor de ligação (tipo stepping stones) entre as duas áreas de montado, como explicou António Mira.
Num dos apoios foi ainda realizada uma depressão no solo com vista à acumulação de água de forma a promover um pequeno charco temporário, disponibilizando assim um recurso importante para toda a fauna e um local de postura para algumas espécies de anfíbios, como por exemplo o sapo-corredor.
Depois fez-se uma avaliação da pertinência da realização de plantações e sementeiras com plantas autóctones. Para este objetivo foram selecionados cinco conjuntos de três apoios cada, totalizando quinze apoios, para intervenção/monitorização. Estes apoios localizam-se em áreas abertas sujeitas a pastoreio. Em cada um dos cinco conjuntos, um apoio foi semeado, plantado e vedado; outro foi apenas vedado, e o outro não sofreu qualquer intervenção.
Nestes locais está a ser monitorizada a evolução da vegetação e a ocorrência de várias espécies de microfauna, incluindo borboletas e pequenos mamíferos como ratos, musaranhos e toupeiras. Pela comparação da presença e abundância das espécies alvo em cada dos três tipos de apoio espera-se conseguir avaliar a sua importância como refúgio e a extensão das ações de gestão necessárias à promoção destes refúgios.
Este trabalho conjunto surgiu através da Cátedra REN em Biodiversidade com a Universidade do Porto, “que acompanhará a análise de dados que serão obtidos desta parceria com a Universidade de Évora”, salientou António Mira.
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