Tensão aumenta depois do Irão anunciar incumprimento de acordo nuclear
Teerão anuncia que o limite de enriquecimento de urânio será ultrapassado. A China apontou a "intimidação" exercida pelos EUA como a causa pela atual crise no Irão e a Rússia apela ao diálogo.
Depois da escalada da tensão entre os Estados Unidos e o Irão que se seguiu à decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar unilateralmente o seu país do acordo nuclear e de restabelecer sanções contra o Irão, Teerão anunciou que irá retomar o enriquecimento de urânio a uma taxa de concentração superior a 3,67%, quebrando assim um dos principais compromissos assumidos no acordo nuclear com várias potências mundiais.
Esta decisão do Irão coloca ainda mais pressão sobre a China e os países europeus signatários, após a retirada unilateral dos Estados Unidos. Este anúncio já começou a provocar um aumento da tensão entre os países que exigem ao Irão reduções no programa nuclear.
“Se certos países que fizeram parte do acordo (sobre energia nuclear do Irão) se comportarem de forma estranha e incompreensível, nós ultrapassaremos todas as etapas seguintes (do plano de redução) e passaremos à última etapa”, afirmou o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Moussavi, durante uma conferência de imprensa em Teerão.
Relativamente à possibilidade de o Irão abandonar o acordo de Viena e sair do Tratado de Não Proliferação Nuclear, Moussavi repetiu que Teerão considera que todos os cenários estão em aberto. “Todas as opções são possíveis no futuro, mas nenhuma decisão foi tomada”, salientou Moussavi.
Por seu lado, Moscovo mostrou a sua preocupação com a decisão de Terrão de começar a enriquecer urânio a um nível que foi proibido pelo acordo internacional de 2015 e apela à “continuação do diálogo” com os iranianos. “A Rússia quer acima de tudo continuar o diálogo e os esforços na frente diplomática”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusando os Estados Unidos de serem responsáveis pelas atuais tensões.
A China concorda e aponta a “intimidação” exercida pelos Estados Unidos como a causa pela atual crise no Irão. “A pressão máxima exercida pelos Estados Unidos sobre o Irão é a fonte da crise nuclear iraniana”, disse Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, em conferência de imprensa.
Três países signatários reagiram ao anúncio iraniano, com Londres e Berlim a pedirem a Teerão que reconsidere, e Paris a expressar “grande preocupação”, apelando a que o Irão suspenda todas as atividades que “não respeitem o acordo”.
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