Empresas antecipam desaceleração das exportações em 2019. Revisão em baixa não acontecia desde 2016
Mais de 3.100 empresas, responsáveis por 90% das exportações de bens em Portugal, estão menos animadas quanto à evolução das exportações em 2019. Desaceleração de perspetivas não acontecia desde 2016.
As empresas exportadoras de bens presentes em Portugal antecipam uma desaceleração das vendas para o exterior em 2019 face ao registado em 2018, mas também face ao que antecipavam em novembro passado, mostram os resultados do segundo Inquérito sobre Perspetivas de Exportação de Bens, esta quinta-feira divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O inquérito foi realizado em maio e envolveu 3.151 empresas, que representam cerca de 90% das exportações de bens, e obteve uma taxa de resposta de 96%.
De acordo com a análise dos técnicos do INE aos resultados do inquérito, “as empresas exportadoras de bens perspetivam um crescimento nominal de 4,0% das suas exportações em 2019”, o que compara com o crescimento de 5,3% na venda de bens ao exterior registado ao longo do ano passado. Ou seja, “a confirmarem-se estas expectativas, deverá assim registar-se uma desaceleração das exportações relativamente a 2018, em que as exportações aumentaram 5,3%”.
As previsões das empresas exportadoras variam consoante se tratem de vendas dentro do espaço comunitário ou fora, perspetivando um crescimento de 4,2% nas vendas para a União Europeia e de 3,4% para fora. Variações que se mantêm constantes mesmo excluindo a rubrica ‘combustíveis e lubrificantes’, salienta o INE.
“Por Grandes Categorias Económicas (CGCE) destacam-se as perspetivas de aumento das exportações de ‘Material de transporte e acessórios’, tanto para países Extra-UE como para países Intra-UE (+14,1% e +6,8%, respetivamente)”, referem ainda os resultados do inquérito.
Nas respostas entregues ao INE pelas empresas auscultadas, a justificação para um menor otimismo em relação à evolução das vendas de bens no mercado internacional surge sobretudo das pequenas e médias empresas (PME), “que apontaram como principais motivos para essa revisão em baixa, o pior comportamento que o esperado na generalidade dos mercados de destino já clientes e em mercados específicos“, destaca o instituto de estatística.
Desaceleração incomum
Os resultados divulgados esta quinta-feira pelo INE dizem respeito à segunda edição do inquérito sobre Perspetivas de Exportação de Bens para 2019, inquérito este que é realizado em maio. A primeira auscultação aos empresários exportadores de bens presentes em Portugal sobre as perspetivas para um novo ano realiza-se normalmente em novembro. E este ano os resultados do segundo inquérito trazem uma inversão de tendência.
Tanto em 2017, como em 2018, o entusiasmo dos empresários face à evolução das exportações de bens cresceu entre o primeiro e o segundo inquérito, levando a revisões em alta das perspetivas aquando do segundo inquérito.
Para 2017 e 2018, as primeiras previsões do tecido empresarial exportador antecipavam crescimentos de 5,3% e 5,7% para cada um dos anos, respetivamente. Contudo, e entrados no ano em questão, na segunda edição do inquérito, os empresários acabaram por rever estas previsões para 7,5% e 6,4%, respetivamente para 2017 e 2018.
Já os resultados do segundo inquérito este ano evoluíram de forma distinta, mostrando um arrefecimento nas expetactivas que já não se verificava desde 2014. Em novembro passado, as empresas previam um crescimento de 4,3% nas exportações em 2019, valor agora revisto em baixa para 4%. A última vez que os ânimos dos empresários tinham arrefecido de novembro para maio foi em 2016, mas apenas com um ligeiro acerto — de 1,4% para 1,3%.
Para encontrar uma desaceleração mais pronunciada que a atual, de -0,3 pontos percentuais, é preciso recuar até 2014, quando os exportadores de bens passaram de uma previsão de 1,2% de crescimento para 0,5% durante o período que separa os dois inquéritos.
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