Concorrente do Nasdaq dispara 520% na estreia na China

  • Lusa
  • 22 Julho 2019

Inspirado no norte-americano NASDAQ, o STAR Market reflete o desejo do Partido Comunista Chinês de canalizar capital privado para os seus planos de desenvolvimento.

O novo mercado para emissão de títulos de tecnológicas chinesas abriu esta segunda-feira, em Xangai, a subir até 520%, na sessão de estreia, com os investidores animados para comprar ações das primeiras 25 empresas listadas.

Inspirado no norte-americano NASDAQ, o STAR Market reflete o desejo do Partido Comunista Chinês de canalizar capital privado para os seus planos de desenvolvimento, dando aos pequenos investidores chineses uma oportunidade de comprar títulos em indústrias de tecnologia que até agora se voltaram para Wall Street.

No arranque da sessão, as primeiras ações subiram até 520%, face à cotação nas ofertas públicas iniciais.

Mais de 140 empresas de tecnologia e ciência em toda a China inscreveram-se para negociar as suas ações no novo mercado, que é administrado pela Bolsa de Valores de Xangai, a principal praça financeira do continente chinês.

As 25 empresas que começaram a negociar já arrecadaram 37 mil milhões de yuan (4,8 mil milhões de euros).

O novo mercado é o único na China com incentivos para empresas de tecnologia, incluindo ações de duas classes, o que garante aos fundadores que mantêm controlo sobre as empresas.

O novo índice é também o único na China continental que permite vendas curtas (“short selling”), prática que pretende tirar partido da queda do valor das ações: os investidores pedem ações emprestadas para as vender no mercado e, posteriormente, adquiri-las a um preço mais baixo.

O valor das ações no novo mercado pode oscilar até 30%, antes de os reguladores imporem uma suspensão de 10 minutos. Nas principais praças financeiras chinesas, os títulos deixam de ser negociados durante o resto da sessão, caso subam ou desçam 10%.

Empresas como a fabricante de módulos de células solares Anji e a fabricante de chips Montage Technology subiram até 520% e 285%, respetivamente, beneficiando da ausência de limites na oscilação dos preços, durante os primeiros cinco dias de negociação.

Durante a sessão da manhã, seis das 25 ações subiram mais de 200% e todas as ações avançaram mais de 100%.

A Star exige que as empresas listadas aloquem pelo menos metade das suas ações listadas para fundos mútuos, previdenciários ou de seguro, e limitam a negociação a investidores com um saldo de pelo menos 500.000 de yuan (mais de 64 mil euros) e dois anos de experiência a negociar em bolsa.

As bolsas de valores da China, em Xangai e Shenzhen, foram criadas no início dos anos 90 para arrecadar dinheiro para a indústria estatal, e passaram mais tarde a incluir empresas privadas, mas continuam a ser dominadas por empresas sob tutela do governo, como a PetroChina Ltd. e a China Mobile Ltd.

Privadas como os gigantes do comércio eletrónico Alibaba e JD.com, ou o motor de busca Baidu, emitiram milhares de milhões de dólares em títulos em Wall Street, numa operação inconveniente e cara para empresas mais pequenas.

As empresas que ainda não registaram lucros podem negociar no novo mercado se gastarem pelo menos 15% das suas receitas em pesquisa e desenvolvimento ou se tiverem drogas ou outras tecnologias num estágio avançado de desenvolvimento.

O novo mercado surge numa altura de disputas comerciais entre China e Estados Unidos, devido à política de Pequim para o setor tecnológico.

Em causa está o plano “Made in China 2025”, impulsionado pelo Estado chinês, e que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA condenam a transferência forçada de tecnologia por empresas estrangeiras, em troca de acesso ao mercado, a atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa.

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