Governo pode avançar com serviços mínimos na greve dos motoristas às horas extraordinárias
É possível definir serviços para uma greve dos motoristas às horas extraordinárias? Fonte do Governo garante ao ECO que sim.
Na greve do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) que decorreu na semana passada, o Governo definiu serviços mínimos de 50% para as bombas de gasolina e gasóleo normais, de 75% para alguns transportes prioritários e de 100% para serviços essenciais.
Este nível elevado de serviços mínimos, superior ao da greve de abril, ajudou a amenizar o impacto da paralisação e provocou muitas críticas dos sindicatos que falaram em “serviços máximos”.
Depois de desconvocada a greve e de terem regressado à mesa das negociações, patrões e sindicatos anunciaram na noite desta terça-feira uma nova rutura que deverá culminar com a apresentação, esta quarta-feira, de mais um pré-aviso de greve por parte dos sindicatos. Será o quarto este ano, como recordava ontem Pedro Nuno Santos.
Mas este eventual novo pré-aviso tem uma diferença face à greve da semana passada. Desta vez os sindicatos não vão avançar para uma greve geral, mas para uma greve “às horas extraordinárias, fins de semana e feriados”.
Poderá o Governo, neste cenário, avançar com serviços mínimos? Rafael Campos Pereira, advogado e membro da comissão executiva da CIP (Confederação Empresarial de Portugal), dizia esta terça-feira ao Observador que, “por definição”, uma greve ao trabalho suplementar “não coloca em causa as necessidades impreteríveis”, “nem é suscetível de fazer perigar” quaisquer atividades essenciais, uma vez que a atividade da empresa “se desenrola no período normal de trabalho”.
Como tal, defende que “está posta fora de causa a fixação de serviços mínimos, por extensão uma requisição civil e em última análise a designação de motoristas dos militares para substituir trabalhadores em incumprimento”, ressalvando porém que, desde a greve da passada segunda-feira, o país “entrou num novo paradigma acerca da lei da greve”.
O Governo não tem esta interpretação. Ao ECO, fonte do Governo garantiu que é possível aplicar os serviços mínimos, mesmo estando em causa apenas uma greve às horas suplementares. Esta fixação de serviços mínimos vai depender naturalmente da avaliação que o Governo fizer dos estragos que poderão ser provocados por esta nova greve.
Obrigando a um pré-aviso, e tendo em conta o prazo de 10 dias definido por lei, a greve poderá acontecer no início de setembro, altura em que muitos portugueses regressam de férias e em que os alunos começam as aulas. Neste contexto, uma greve, mesmo ao trabalho suplementar, poderia provocar muitas perturbações.
O ECO apurou também que a Antram deixou esta terça-feira um aviso aos motoristas que pertencem ao sindicato de transporte de matérias perigosas: se avançarem para a greve ao trabalho suplementar, não receberão o subsídio que remunera as horas extra. Isto significa que os motoristas arriscam a perder, em média, 298,46 euros.
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