Hard Brexit pode tirar 1,2% ao PIB português
Um estudo de um instituto próximo do Ifo alemão defende que os impactos do Brexit podem ser maiores do que o previsto até agora porque há uma integração intensa da rede de produção na UE.
O hard Brexit é um cenário que ganha cada vez mais força à medida que a União Europeia se aproxima do dia 31 de outubro. O Governo português começa a partir da próxima semana a contactar “uma a uma” as 3.871 empresas que no ano passado exportaram para o Reino Unido. O objetivo é acautelar que os negócios destas empresas não são afetados pela saída do Reino Unido da UE, mas o impacto que esta decisão dos britânicos tem na economia portuguesa pode ser mais transversal do que se pensava.
Um estudo publicado pelo CESifo, uma rede de investigação ligada ao Ifo alemão, sediada em Munique, revela que perante um cenário de hard Brexit a economia portuguesa perde 1,2% e o emprego recua 0,7%, o equivalente a mais de 29 mil postos de trabalho. O mesmo estudo mostra ainda que o impacto será mais forte no setor têxtil.
No conjunto da União Europeia, as perdas na riqueza produzida chegam a 1,5% (maiores que as esperadas para Portugal), enquanto no mercado de trabalho o estudo prevê uma redução de 0,6%.
Tanto no PIB como no emprego, em Portugal, a passagem de um cenário de soft Brexit para um hard Brexit equivale a multiplicar por mais de quatro as consequências negativas do acontecimento.
No estudo, os autores argumentam que os impactos económicos do Brexit são superiores ao que se pensava até agora. Esta conclusão encontra explicação no método de trabalho utilizado Hylke Vandenbussche, William Connell, Wouter Simons, três professores do departamento de Economia da Universidade de Leuven, na Bélgica.
“A principal razão é que nossa abordagem incorpora todas as ligações internacionais de entrada e saída a nível setorial de cada país, tanto em bens como em serviços. Tendo em conta que as redes de produção da UE 27 apresentam uma integração estreita, as mudanças nas tarifas não afetam apenas os fluxos comerciais entre qualquer país da UE 27 e o Reino Unido, mas também fluxos comerciais indiretos através de países terceiros”, justificam os autores do estudo.
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