BE incentiva Governo a vetar proposta orçamental europeia
Catarina Martins deixou um apelo a que António Costa se oponha a Bruxelas e vete a proposta de orçamento da União Europeia, que diz ser "prejudicial" para Portugal.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) incentivou, este sábado, o primeiro-ministro a continuar a opor-se em Bruxelas e a vetar uma proposta de orçamento da União Europeia que considera ser “prejudicial” para Portugal.
“Esperamos que o Governo português não desista daquilo que afirmou na Assembleia da República e […] vete qualquer proposta de Orçamento europeu que” ponha em causa a coesão (ajuda das regiões mais ricas às mais pobres), disse Catarina Martins à margem do congresso da família europeia do Bloco, o Partido da Esquerda Europeia, que termina domingo, em Málaga, Espanha.
Para a líder bloquista “é relevante que o Governo português se tenha oposto” à proposta que, segundo ela, “destrói a possibilidade das poucas políticas de coesão que existem na Europa”. “Estamos muito preocupados que o Eurogrupo e Mário Centeno [ministro das Finanças] insistam numa proposta que ataca o nosso país e as nossas políticas de investimento”, afirmou Catarina Martins.
A coordenadora do BE sublinhou a “situação um pouco estranha de Centeno contra Centeno” para referir o facto de a posição do responsável pelas finanças portuguesas, na sua qualidade de presidente do Eurogrupo, não ser a mesma da do Governo português.
O primeiro-ministro afirmou, este sábado, que “não há qualquer divergência” entre si e o ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, e salientou que o Governo português tem estado “mobilizado ativamente” em torno do orçamento da Zona Euro.
“Não há qualquer divergência entre mim e o MEF [ministro de Estado e das Finanças] Mário Centeno”, escreveu António Costa na sua conta oficial na rede social Twitter.
“Ontem, Mário Centeno, como lhe compete, apresentou a proposta do Eurogrupo e eu, como me compete, expressei a já conhecida posição nacional. Os trabalhos prosseguirão para termos o orçamento que a zona euro precisa”, escreveu também o primeiro-ministro. O chefe do Governo argumenta que “a criação de um orçamento da zona euro é essencial e tem mobilizado ativamente” o seu executivo.
“Foi dado um passo importante em outubro com a aprovação de uma proposta no Eurogrupo, que pode e deve ser agora melhorada no CE [Conselho Europeu]”, assinalou. Na sexta-feira, em Bruxelas, o primeiro-ministro tinha admitido divergências com Centeno, que é também presidente do Eurogrupo, sobre o orçamento da zona euro, devido à “fórmula mal desenhada” deste instrumento, mas afastou “constrangimentos”.
“Não há nenhum constrangimento entre o primeiro-ministro de Portugal e o presidente do Eurogrupo, visto que ao primeiro-ministro de Portugal compete representar os portugueses e os seus interesses e ao presidente do Eurogrupo compete representar a vontade geral do Eurogrupo”, declarou António Costa, falando aos jornalistas no final de uma cimeira do euro, em Bruxelas, na qual foi discutido o instrumento orçamental para a convergência e competitividade da zona euro (BICC, na sigla inglesa).
Negando mal-estar com Centeno, Costa realçou que “não é a primeira vez que entre Portugal e o Eurogrupo não existe uma posição conjunta”. Na sua edição deste sábado, o jornal semanário Expresso noticia que o assunto motivou uma discussão entre Costa e Centeno no Conselho Europeu.
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