Parlamento aprova hoje uso obrigatório de máscaras na rua por três meses

  • Lusa
  • 23 Outubro 2020

Diploma determina que é obrigatório o uso de máscara aos maiores de dez anos para o acesso, circulação ou permanência nos espaços e vias públicas. Regra será válida por três meses, mas é renovável.

O Parlamento vai debater e aprovar hoje um projeto-lei do PSD que impõe o uso obrigatório de máscara em espaços públicos durante pelo menos três meses, medida que poderá ser renovada.

O diploma, que deverá ter hoje votação na generalidade, especialidade e final global, conta com aprovação garantida com os votos favoráveis de, pelo menos, PSD, PS e CDS-PP.

Fonte do BE disse à Lusa que o partido viabilizará o diploma na generalidade porque, “desde o primeiro momento acompanha a necessidade do uso de máscara na rua, em contextos de aglomeração de pessoas” no âmbito da pandemia de Covid-19, e irá propor na especialidade a distribuição gratuita de máscaras para que a medida não penalize “os setores mais vulneráveis da população”.

O PCP irá abster-se, tal como o PEV, disseram à Lusa fontes dos dois partidos.

O deputado único e presidente do Chega, André Ventura, que tinha anunciado ser contra a medida, não irá votar o diploma, uma vez que se encontra em campanha nos Açores. Já a Iniciativa Liberal apenas adiantou que não votará favoravelmente.

A iniciativa do PSD surgiu na sequência da proposta de lei apresentada pelo Governo na semana passada, que pretendia tornar obrigatório quer o uso de máscara quer da aplicação informática StayAway Covid.

Depois das críticas generalizadas dos partidos – incluindo do PS – à obrigatoriedade de usar a app que foi anunciada há meses como voluntária, o presidente do PSD, Rui Rio, anunciou a intenção dos sociais-democratas apresentarem um projeto idêntico ao do Governo, mas apenas na parte relativa às máscaras, o que foi concretizado na passada sexta-feira.

Em entrevista à TVI na segunda-feira, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo iria “desagendar” a apreciação do seu diploma, ficando apenas a proposta “consensual” do PSD sobre a imposição do uso da máscara.

Em relação ao diploma do Governo, o PSD clarificou a vigência da lei – por 90 dias, renováveis – e criou um artigo que dá às Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores competência para modular a medida, além de retirar quaisquer referências à StayAway Covid.

Na quinta-feira, os sociais-democratas entregaram um texto substituído em relação ao seu diploma inicial, com alterações “transmitidas previamente” ao PS, que mereceram a concordância dos socialistas, e que, entre outras medidas, eliminam a possibilidade de a viseira ser usada como alternativa à máscara.

O diploma determina que é obrigatório o uso de máscara aos maiores de dez anos para o acesso, circulação ou permanência nos espaços e vias públicas “sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável”.

Pode haver dispensa desta obrigatoriedade “em relação a pessoas que integrem o mesmo agregado familiar, quando não se encontrem na proximidade de terceiros” ou mediante a apresentação de um atestado médico de incapacidade multiusos ou declaração médica que ateste que a condição clínica ou deficiência cognitiva não permitem o uso de máscaras.

Também não é obrigatório o uso de máscara quando tal “seja incompatível com a natureza das atividades que as pessoas se encontrem a realizar”.

A fiscalização “compete às forças de segurança e às polícias municipais” e o incumprimento do uso de máscara constitui contraordenação, sancionada com coima entre os 100 e os 500 euros.

Portugal contabiliza pelo menos 2.245 mortos associados à Covid-19 em 109.541 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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Impacto da F1 “será, no mínimo, de 30 milhões de euros”, diz Rita Marques

  • Jorge Girão
  • 23 Outubro 2020

A Fórmula 1 está de regresso a Portugal, 24 anos depois. Prova deverá gerar um retorno económico de 30 milhões de euros, mas impacto mediático é superior: vai chegar a 471 milhões de pessoas.

A Fórmula 1 regressa este fim de semana ao nosso país, após uma ausência de 24 anos, assumindo o Autódromo Internacional do Algarve o testemunho do Autódromo do Estoril.

A Secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, considera que o Grande Prémio de Portugal é um evento estratégico para a região do Algarve e para o país, não negando uma eventual manutenção da prova no futuro.

A categoria máxima do desporto automóvel estava afastada do nosso país desde 1996 e parecia continuar assim durante muitos mais anos, uma vez que os mais de 30 milhões de euros que são precisos desembolsar para os cofres da Formula One Management para ter o direito de organizar uma prova da categoria eram uma barreira intransponível para qualquer organizador privado que tivesse o sonho de edificar um Grande Prémio de Fórmula 1 no nosso país.

A elevada quantia exigida, mais as despesas decorrentes de uma prova deste género, mostravam-se difíceis de cobrir, quando a única fonte de rendimentos dos organizadores de uma prova do campeonato máximo do automobilismo são as receitas de bilheteiras.

Para percebermos o desafio que a Parkalgar, empresa que gere o Autódromo Internacional do Algarve, teria de enfrentar, com cem mil lugares no circuito, teria de assegurar que todos os bilhetes, com um custo médio de 300 euros, fossem vendidos apenas para não ter prejuízo relativamente à taxa para poder ter um Grande Prémio, faltando ainda os custos da edificação do evento.

Contudo, os tempos de crise trazem também oportunidades e, com a pandemia da Covid-19, abriu-se a possibilidade de a Fórmula 1 regressar a Portugal.

"Estamos a falar de um evento global que vai muito além das provas em si e é, por isso, muito importante que o destino anfitrião o saiba capitalizar.”

Rita Marques

Secretária de Estado do Turismo

Os responsáveis do Autódromo Internacional do Algarve aproveitaram o cenário que se lhes apresentava, mas o Governo de Portugal rapidamente percebeu que uma prova da categoria máxima do desporto automóvel poderia trazer benefícios ao país. “É uma prova que não passa por Portugal há 24 anos.

Por outro lado, é uma prova que se realizará no Algarve, geografia fortemente impactada (n.d.r.: economicamente) por esta pandemia.

Por fim, é um evento que ajudará à redução da sazonalidade.

“O Autódromo Internacional do Algarve concluiu que Portugal poderia ser uma localização interessante para a organização, também em resultado da auscultação do público internacional, que pediu que esta prova pudesse regressar a Portugal”, afirmou ao ECO Rita Marques.

É evidente que, para os adeptos do automobilismo, ter um Grande Prémio de Fórmula 1 no seu país é algo de muito emotivo, quase visceral, pesando a racionalidade muito pouco.

Mas quem decide a realização de um Grande Prémio analisa aturadamente todos os dados, alguns objetivos e, outros nem tanto.

Contudo, a Secretária de Estado do Turismo sublinha que o retorno esperado do Grande Prémio de Portugal justifica plenamente o investimento realizado. “Estamos a falar de um evento global que vai muito além das provas em si e é, por isso, muito importante que o destino anfitrião o saiba capitalizar”.

Existe, assim, forte expectativa de impacto no que concerne à sua projeção mediática em meios de comunicação social internacional e ao seu contributo para a notoriedade e para o posicionamento de Portugal enquanto destino turístico palco de grandes eventos desportivos de âmbito internacional, para a dinamização da economia local e para a redução da sazonalidade do destino Algarve.

“Relativamente ao Turismo, acreditamos que o impacto será no mínimo de 30 milhões de euros, o que inclui receitas provenientes de alojamento, alimentação e agências de viagens”, apontou Rita Marques.

Mas se o impacto financeiro é importante, o que um Grande Prémio de Fórmula 1 pode fazer pela imagem do país é mais duradouro, graças a uma audiência de 471 milhões de pessoas, só via televisão, distribuídos por 200 países diferentes. “Trata-se de uma das modalidades mais mediáticas e que move milhões globalmente”.

Trata-se, portanto, de uma oportunidade única para Portugal, enquanto destino turístico de excelência, de retirar partido deste volume de seguidores para promoção e reforço da posição enquanto melhor destino do mundo, nunca descurando as medidas de segurança sanitária que a pandemia impõe”, afirmou a nossa interlocutora.

Relativamente ao Turismo, acreditamos que o impacto será no mínimo de 30 milhões de euros, o que inclui receitas provenientes de alojamento, alimentação e agências de viagens.

Rita Marques

Secretária de Estado do Turismo

Face a estes números, o investimento direto do estado é quase irrelevante. “Tratando-se de um evento de grande impacto internacional, o Turismo de Portugal apoiará a prova de F1 com um montante na ordem dos 1,5 milhões de euros, valor que resulta da orçamentação efetuada para a repavimentação do autódromo”, sublinhou a Secretária de Estado do Turismo.

Mas e o futuro? Haverá a possibilidade de a Fórmula 1 visitar o Algarve e Portugal nos próximos anos?

Rita Marques prefere não dar uma resposta direta, apontando que, antes de mais, é preciso garantir o sucesso do Grande Prémio de Portugal de 2020, mas o seu silêncio quanto à possível continuidade da prova não coloca de parte uma presença sustentada do Autódromo Internacional do Algarve no calendário da categoria máxima do desporto automóvel. “Estamos inteiramente focados no sucesso desta edição, uma edição com muitos desafios, pelo contexto global que vivemos”, concluiu a Secretária de Estado do Turismo.

Com a expansão do número de Grandes Prémios que se prevê nos próximos anos, Portugal poderá emergir como uma possibilidade para um “calendário da nova normalidade”, desde que o Estado assegure o seu apoio, até porque a quantia exigida para a organização de uma prova de Fórmula 1, mais de 30 milhões de euros, é facilmente recuperável através do retorno direto.

Segundo diversos estudos, o impacto económico local de um Grande Prémio de Fórmula 1 ronda os 100 milhões de euros, o que significa receitas para o estado de vinte e três milhões de euros só em IVA…

A manutenção do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 é, portanto, uma questão de oportunidade e vontade política.

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“Há moda 100% sustentável a ser criada e produzida a partir de Portugal”

Este "segredo" nacional estará em destaque na conferência Sustainable Fashion Business, com exemplos de "criadores e marcas em busca de soluções sustentáveis e cadeias de valor transparentes" no país.

Alan Crocetti é um nome incontornável no design de joias e as suas criações de luxo são usadas por famosos como o rapper Travis Scott ou as cantoras Miley Cyrus e Dua Lipa. O que eles podem não saber, quando posam com uma das joias de Crocetti para a capa da Vogue Internacional, ou de outra revista de moda, é que o criador brasileiro passa quatro meses por ano em Gondomar, a desenvolver as suas coleções, com uma pequena indústria portuguesa de ourivesaria, e as peças a serem criadas em conjunto com o próprio artesão.

O mesmo acontece muito provavelmente com quem usa os pijamas e as toalhas da marca Tommy Hilfiguer, produzidos em Portugal pela Scoop a partir de excedentes de tecidos de coleções anteriores, num processo de upcycling.

Estes são apenas alguns dos exemplos do que de melhor se faz por cá em termo de moda sustentável, na opinião de Catarina Santos Cunha, CEO da Kind Purposes e project leader da conferência internacional Sustainable Fashion Business, que tem lugar esta sexta-feira no âmbito da Lisboa Capital Verde Europeia.

“As grandes marcas de moda conhecem as mais-valias de Portugal na produção sustentável. Estamos na vanguarda e ninguém sabe. O país tem de mostrar que está alinhado com a moda responsável a nível social e ambiental. É um local onde se produz moda de forma sustentável e por isso procurado pelas grandes marcas internacionais, onde há oportunidade de negócio. É isto que vamos mostrar na conferência”, disse Catarina Santos Cunha em entrevista ao ECO/Capital Verde.

A organizadora do evento, que foi desafiada pelo vereador da Câmara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes, a desenvolver um projeto relevante para o futuro da moda e dos têxteis em Portugal, expondo os casos de sucesso internacional e desconhecidos a nível nacional, explica que o principal objetivo da conferência Sustainable Fashion Business é “celebrar Portugal como o melhor local para desenvolvimento e produção das marcas de moda internacionais, que procuram para os seus negócios soluções sustentáveis e cadeias de valor transparentes. Para isso será apresentada uma seleção de casos de marcas e negócios, que demonstram o sucesso por trás do made in Portugal”.

Catarina Santos Cunha garante que Portugal tem um “segredo” que ninguém sabe: “No Norte estamos neste momento a trabalhar grandes marcas internacionais na vertente de sustentabilidade e as pessoas não conhecem minimamente estes projetos. Há moda 100% sustentável a ser criada e produzida a partir de Portugal e é um negócio em que temos de apostar”.

O motor desta “revolução”, garante, é o consumidor. “É quem manda. Há cada vez mais consumidores preocupados em conhecer a origem e o caminho da sua roupa. Questionam tudo e começaram a questionar a moda também, o que força toda a indústria a ajustar-se. Inicialmente a moda sustentável era um nicho de mercado muito reduzido, mas hoje já não. As grandes marcas estão a dar resposta a essa realidade, mas reagem mais lentamente. Por isso há cada vez mais projetos e um crescimento das marcas independentes”, avalia a líder de projeto. Na sua opinião, no futuro já nem sequer se falará em sustentabilidade no mundo da moda porque “vai ser algo normal”.

Quanto aos preços e ao tabu de que o sustentável é caro, Catarina Santos Cunha diz que existe e que “há quem se aproveite disso para subir os preços. Mas depende acima de tudo do comportamento do consumidor. Precisamos mesmo de 10 t-shirts a 1 euro? Podemos ter 2 ou 3 melhores, que sabemos como foram feitas, de onde vêm”.

Catarina Santos Cunha, CEO da Kind Purposes e project leader da conferência internacional Sustainable Fashion Business,

 

Consumidores querem estar na moda e serem sustentáveis

Na base da conferência Sustainable Fashion Business está a premissa de que a indústria da moda é muito mais do que roupa, sapatos ou acessórios. Este é um setor económico de peso na economia global e por ano gera 2,5 mil milhões de dólares em todo o mundo. Em Portugal, o setor representa cerca de 5% do PIB nacional.

E se os consumidores querem estar a par das últimas tendências de moda, também querem cada vez mais que as peças que usam reflitam as suas preocupações de sustentabilidade.

Este foi aliás um dos índices de compra que mais aumentou na valorização dos consumidores norte-americanos e europeus, após o início da pandemia: cerca de 15%, segundo um estudo desenvolvido pelo Business of Fashion e pela consultora McKinsey & Company. Segundo o relatório 2020 Resale Report, da plataforma ThredUp, a venda online de roupa em segunda mão deverá crescer 414% nos próximos 5 anos.

Ao mesmo tempo, dados da Fundação Ellen MacArthur mostram que produzimos hoje o dobro da roupa do que há 20 anos e que apenas 1% da roupa que utilizamos é reciclada, enquanto cerca de 75% é queimada ou depositada em aterros. São ainda necessários 342 milhões de barris de petróleo, por ano, para produzir toda a roupa que ainda inclui plástico na sua composição, de acordo com a mesma organização. No que diz respeito ao consumo de água, 7500 litros é a quantidade média necessária para produzir um único par de jeans, o que equivale à quantidade que um adulto consome durante 7 anos. Segundo a UNCTAD, das Nações Unidas, toda a água usada pela indústria da moda durante um ano dava para combater as carências de água de cerca de 5 milhões de pessoas em todo o mundo.

“Aliar estas duas realidades é um caminho que será tomado por cada vez mais marcas, tornando-se um negócio cada vez mais rentável e um investimento seguro”, refere a organização da conferência em comunicado.

No evento vão estar presentes marcas relevantes a nível internacional como a Pangaia, Tommy Hilfiger e a Farfetch, entre outras. Juntam-se projetos inovadores de criativos como Alan Crocetti, designer de joias, Thomas Berry, diretor de sustentabilidade da Farfetch, Laura Balmond, responsável pelo projeto Make Fashion Circular da Fundação Ellen MacArthur, e Priya Ahluwalia, vencedora do Prémio LVMH 2020. E também nomes nacionais que têm revolucionado a produção de moda sustentável, como é o caso de Mafalda Mota Pinto, CEO da Scoop, Elsa Parente, CEO da RDD Grupo Valérius e Alexandra Pinho, CEO da LMA.

A conferência conta, ainda, com a presença de João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética, e José Sá Fernandes, Vereador do Ambiente, Clima, Energia e Estrutura Verde da Câmara Municipal de Lisboa.

Ao longo do dia serão discutidos temas como: o lugar de Portugal na produção de moda sustentável, a importância da economia circular, o financiamento Capital Verde a empresas com foco na sustentabilidade. Além das experiências de produção sustentáveis apresentadas na primeira pessoa, será ainda possível conhecer alguns projetos através de uma exposição que irá decorrer na Academia de Ciências.

“Fomos desafiados pelo vereador Sá Fernandes responsável da Lisboa Capital Europeia Verde a desenvolver um projeto singular e relevante para o futuro da moda e dos têxteis no nosso país, expondo os casos de sucesso internacional e desconhecidos a nível nacional. A SFB irá trazer a Portugal marcas de referência no mundo da moda internacional, através do seu testemunho, e apresentar Portugal como pioneiro e parceiro estratégico para o sucesso do negócio, bem como o futuro da moda sustentável”, revela Catarina Santos Cunha, citada em comunicado.

A conferência Sustainable Fashion Business está integrada no programa da Lisboa Capital Verde Europeia 2020 e será uma conferência híbrida.

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“Não faz sentido” e “não vale a pena” fechar fronteiras na UE

  • Lusa
  • 23 Outubro 2020

Secretária de Estado dos Assuntos Europeus defende que nesta segunda vaga da pandemia haja “mecanismos de cooperação" entre países. Está contra fecho de fronteiras.

Na segunda fase da pandemia “não faz sentido” e “não vale a pena” voltar a fechar fronteiras na União Europeia, mas antes apostar na coordenação e na cooperação, defendeu a secretária de Estado dos Assuntos Europeus.

Ana Paula Zacarias, ouvida em comissão parlamentar sobre as conclusões do Conselho Europeu da semana passada, explicou aos deputados a recomendação adotada pelos líderes dos 27 que estabelece critérios para eventuais restrições à circulação no espaço europeu.

A questão marcou a “primeira fase” da pandemia provocada pelo novo coronavírus, com vários Estados-membros a determinarem a proibição de entrada de viajantes de outros países europeus considerados de risco com base em critérios desiguais.

Da Cimeira europeia de 15 e 16 de outubro, explicou a secretária de Estado, saiu “finalmente uma recomendação do Conselho aos Estados-membros estabelecendo critérios para terem em conta sempre que haja esta possibilidade de impor restrições à liberdade de circulação”.

Trata-se de uma recomendação, pelo que não tem caráter obrigatório, mas, frisou, “tem um peso político muito maior em termos da coordenação existente”.

“Os critérios definidos são a taxa cumulativa das notificações ocorridas nos últimos 14 dias, ou seja, o número de casos novos identificados por cada 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, a taxa de positividade dos testes de despistagem, ou seja, a percentagem de testes de despistagem positivos no conjunto de todos os testes realizados na última semana, e a taxa da despistagem, ou seja, o número de testes realizados por 100 mil habitantes na última semana”, disse.

Vão ser esses os critérios usados “para definir as famosas zonas vermelhas, verdes e amarelas, e também as medidas que sejam consideradas de restrições à livre circulação, bem como às zonas de risco elevado que têm que cumprir um período de quarentena”.

Ana Paula Zacarias considerou contudo que “nesta segunda fase não faz sentido fechar fronteiras”.

“Estamos todos a ficar pior, […] alguns países declaram mesmo que perderam o controlo das suas cadeias de contágio. Nestas circunstâncias vale a pena fechar as fronteiras, não vale a pena, o que temos é que trabalhar todos em conjunto para melhorar a situação”, sublinhou.

A secretária de Estado apontou a necessidade de “mecanismos de cooperação que permitam fazer com que haja mais cooperação”, citando exemplos ocorridos na primeira fase da pandemia como o transporte de doentes de França ou Itália para tratamento na Alemanha ou o envio de médicos da Roménia para reforçar a assistência em Espanha ou Itália.

“Realmente acho que os cidadãos europeus olham para a Europa e vão ver a Europa de uma maneira ou de outra conforme nós conseguirmos responder a esta matéria”, disse, acrescentando que embora a Saúde seja da competência dos Estados-membros, a UE tem “uma responsabilidade acrescida” de coordenação e cooperação.

Ana Paula Zacarias defendeu também como “extremamente importante” a necessidade de “alicerçar as políticas públicas na ciência” para uma “credibilização das medidas” de saúde pública, que permita “o estabelecimento de critérios rigorosos […] aceites por todos”.

“Porque se não for assim, se não for a ciência à frente, virá a desinformação, virão ideias que não trazem nada de bom para o trabalho que temos que fazer”, advertiu.

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Empresas de concelhos mais afetados pela Covid concordam com confinamento e temem quebra de atividade

Empresários concordam com as medidas mais restritivas que vão ser aplicadas nos concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira. Maior receio seria um cerco sanitário.

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros medidas mais restritivas que vão ser aplicadas a partir desta sexta-feira em Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, concelhos onde existe atualmente uma maior incidência de casos de Covid-19. Os empresários destes concelhos mais afetados concordam com as restrições aplicadas pelo Executivo, querem evitar um confinamento total e temem uma quebra de atividade.

“Nestes concelhos o caso está complicado, mais vale fazer uma restrição já, do que ficarmos perante um confinamento total”, destaca o diretor geral da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário (APIMA), que estão sobretudo concentradas em Paços de Ferreira, tida como a capital do móvel. “Neste momento não temos grande alternativa”, admite Gualter Morgado, acrescentando que as “medidas que tentem evitar um confinamento total serão sempre bem recebidas”.

São muitas as medidas especiais que vão aplicar-se a estes três concelhos, como a obrigatoriedade dos cidadãos permanecerem no domicílio nestes três concelhos, proibição de quaisquer celebrações e eventos com mais de cinco pessoas (salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar), obrigatoriedade de os estabelecimentos encerrarem às 22h00, com algumas exceções. Ficou ainda definido o teletrabalho obrigatório para todas as funções que o permitam, independentemente do vínculo laboral.

João Sousa, presidente do conselho de administração da IMO, empresa localizada em Felgueiras que produz mobiliário hospital, concorda com estas medidas e destaca que “é uma forma de controlar o surto”. “E só existe essa forma de o fazer”, acrescenta.

O presidente da APIMA alerta que, “por muitos cuidados que as empresas tenham e mesmo com todos os planos de contingência, ao existir um número muito elevado de casos, o vírus acaba por se propagar e as empresas sofrem com isso indiretamente”. É o caso da empresa de confeções Marfel, localizada em Felgueiras. Emprega 200 colaboradores e está atualmente a laborar com metade da equipa. Suspeitas de Covid-19 e baixas são alguns dos motivos que originaram a quebra. O administrador da empresa, António Guedes Moura, diz que este risco de contágio já está a afetar a empresa.

“Neste momento, temos poucas pessoas para as poucas encomendas que temos. Metade desta empresa está em casa, por precaução ou porque têm filhos, ou porque tiveram em contacto com alguém que esteve em contacto com Covid-19. As pessoas ficam em casa e só passado dez ou 15 dias é que vão fazer o teste. Estou sem metade da equipa e continuo a ter todos os encargos e a sobrecarregar os colaboradores que estão a trabalhar neste momento”, conta ao ECO António Moura Guedes, presidente da Triple Marfel.

Todavia, mesmo com a equipa reduzida a metade, o presidente da Triple Marfel diz que prefere que as pessoas fiquem em casa por uma questão de precaução em vez de “irem para a empresa contaminar as pessoas”. “A saúde está primeiro”, afirma António Moura Guedes.

Nestes concelhos o caso está complicado, mais vale fazer uma restrição já que ficarmos perante um confinamento total. Neste momento não temos grande alternativa.

Gualter Morgado

Diretor geral da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário

Apesar dos empresário da região concordarem com as medidas impostas, o presidente de Felgueiras defende medidas diferentes para cada concelho. Nuno Fonseca refere que as medidas sobre o dever de permanência no domicílio “poderiam ter sido feitas de outra forma”, tendo em conta os diferentes números de contágio nos três concelhos abrangidos.

“São medidas que temos de respeitar, que vêm do Conselho de Ministros, mas que poderiam ter sido feitas de outra forma, porque há diferença naquilo que é a propagação entre os concelhos, que é bastante mais significativa em Paços de Ferreira”, disse o presidente da Câmara de Felgueiras, em declarações à RTP3. Por outro lado, Nuno Fonseca diz perceber que “foram os números, as preocupações e as projeções [das autoridades de saúde], apontadas para as próximas semanas, que levaram, certamente, a esta decisão do Conselho de Ministros”. “Aquilo que nos cabe agora é respeitar essas decisões e pô-las em prática junto da nossa comunidade”, conclui o autarca.

A realização de feiras e mercados de levante também estão proibidas nestes três concelhos, onde passam ainda a estar suspensas as visitas a lares de idosos, a unidades de cuidados continuados integrados da Rede Nacional de Cuidados Integrados e noutras respostas dedicadas a pessoas idosas, bem como as atividades de centro de dia. Mas, de acordo com Mariana Vieira da Silva, as medidas tomadas para estes três concelhos serão reavaliadas na próxima semana. “Não é confinamento obrigatório, é dito para as pessoas estarem em casa, com exceção de algumas atividades”, disse a ministra de Estado e da Presidência, frisando que, embora as medidas não sejam iguais para todo o país, a lógica de dever de recolhimento deveria ser adotada por todos.

O presidente da IMO concorda com o autarca do seu concelho e destaca que “os números são diferentes e as regras foram impostas para todos por igual”. João Sousa lembra que em “Felgueiras os números têm aumentado 30%, enquanto Paços de Ferreira tem o dobro ou o triplo dos casos. A nossa situação não nos parece muito diferente de concelhos vizinhos como Vizela, Guimarães, Fafe. Se olharmos para esses concelhos, o crescimento é similar”, acrescenta o empresário.

“Concordo com as restrições para reduzir a liberdade de circulação social. Mas fechar tudo e confinar uma cidade porque tem mais casos que o vizinho do lado não faz sentido. Acaba por limitar a livre circulação das empresas que são fundamentais para a economia e para o país”, destaca o presidente da IMO.

Para além destas medidas mais apertadas nestes três concelhos, o Governo proibiu a circulação entre concelhos de 30 de outubro a 3 novembro. Para as empresas este não é um grande constrangimento, tendo em conta que é temporário. O diretor-geral da APIMA destaca que esta restrição “não vai afetar as empresas porque é por um curto espaço de tempo”.

A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, explicou que esta restrição à circulação entre concelhos é semelhante à que vigorou na Páscoa, mas que existem exceções para os trabalhadores. As entidades empregadoras têm de emitir uma declaração para os colaboradores caso o concelho de residência não coincida com o do local de trabalho. Para o presidente da IMO, que emprega 70 pessoas, esta medida acarreta ainda mais burocracia para as empresas. “Estas restrições criam-nos mais burocracias a nível de colaboradores, como por exemplo a declaração das deslocações. Isso é um constrangimento”, diz João Sousa.

Empresas concordam com medidas, mas têm receio de um cerco sanitário

Com Portugal a atingir um número recorde de infetados por Covid-19 e com um agravamento significativo na região do Norte, os empresários ouvidos pelo ECO têm receio que seja implementado um cerco sanitário nos concelhos mais afetados, à semelhança do que aconteceu em Ovar, em abril, para conter a pandemia. Na ótica de Gualter Morgado não são as restrições que entrarem em vigor que podem prejudicar as empresas, mas sim a possibilidade de um cerco sanitário. “Um cerco sanitário é que pode estrangular a retoma das empresas”, alerta Gualter Morgado.

“Temos receio que isso possa acontecer e existe sempre essa possibilidade. Caso isso aconteça seria dramático e isso sim iria afetar muito os compromissos que temos tanto com os hospitais portugueses como lá fora”, refere o presidente do conselho de administrador da IMO.

Também o presidente da Triple Marfel, tem receio de um cerco sanitário. “Tendo em conta os números que estamos a ouvir diariamente já não digo nada”.

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Wall Street fecha em alta graças a resultados e apesar do impasse negocial

  • Lusa
  • 22 Outubro 2020

Gregori Volokhine, presidente da Meeschaert Financial Services, compara discussões entre democratas e republicanos sobre novas propostas com um “jogo das cadeiras”.

A bolsa nova-iorquina encerrou esta quinta-feira em alta, com os investidores incentivados por resultados de empresas globalmente positivos, apesar de continuarem a aguardar o resultado das negociações de um novo conjunto de apoios e estímulos económicos.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average avançou 0,55%, para os 28.363,66 pontos. Da mesma forma, o tecnológico Nasdaq progrediu 0,19%, para as 11.506,01 unidades, e o alargado S&P500 subiu 0,52%, para as 3.453,49.

Para Gregori Volokhine, presidente da Meeschaert Financial Services, as discussões entre democratas e republicanos, sobre um novo conjuntos de propostas de ajudas orçamentais para famílias e empresas, são comparáveis ao “jogo das cadeiras”.

Na sua opinião, “ninguém quer ficar com a responsabilidade do fracasso das negociações, quando todos estão convencidos que não vai ser possível alcançar um acordo antes das eleições”, em 3 de novembro.

A presidente democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, não obstante, hoje declarou-se otimista e voltou a reunir-se com o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin. Os operadores do mercado vão seguir esta noite o último debate presidencial entre Donald Trump e o seu adversário democrata, Joe Biden.

Bem acolhidos foram os resultados divulgados por várias empresas cotadas. A Coca-Cola valorizou 1,38%, apesar de ter divulgado uma baixa do volume de negócios em 9%, entre julho de setemapbro.

Também em alta, e apesar de terem apresentado perdas trimestrais de milhares de milhões de dólares, as ações das transportadoras aéreas American Airlines e Southwest avançaram 3,18% e 5,25%, respetivamente, o que foi atribuído ao facto de terem dado a entender que esperavam melhorias na procura até ao final do ano.

Ao contrário, o grupo norte-americano de produtos de higiene de grande consumo Kimberly-Clark recuou 6,93%, penalizado por lucros dececionantes. A Tesla, que divulgou resultados na quarta-feira depois do encerramento da sessão, subiu 0,75%, após ter apresentado lucros pelo quinto trimestre consecutivo.

Entre os outros títulos do dia, o Goldman Sachs ganhou 1,23%, apesar de uma filial deste banco de investimento se ter declarada culpada no vasto escândalo de corrupção que envolve o fundo soberano 1MDB, uma novidade na história desta instituição, que também vai pagar uma multa de três mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros) para obter o encerramento de inquéritos judiciais nos EUA.

Na frente dos indicadores, as inscrições semanais no desemprego nos EUA voltaram a descer, recuando mais do que previsto, segundo os números divulgados hoje pelo Departamento de Trabalho. Na semana entre 11 e 17 de outubro, houve 787 mil inscrições no desemprego, abaixo das 860 mil esperadas pelos analistas.

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Sonae Capital investe 75 milhões para comprar seis centrais de cogeração em Espanha

Negócio envolveu o pagamento de 62 milhões de euros já e o investimento do restante nos próximos cinco anos.

A Sonae Capital comprou seis centrais de cogeração em Espanha. O negócio envolve um enterprise value de 75 milhões de euros, dos quais 62 milhões de euros já foram pagos e o restante será investido nos próximos cinco anos, segundo comunicou esta quinta-feira ao mercado a empresa do universo detido pela família Azevedo.

“A Sonae Capital, SGPS, S.A. informa que celebrou nesta data, através da sua participada Capwatt Power España, um contrato nos termos do qual adquiriu à sociedade Ignis Capital, SL, um portefólio de seis centrais de cogeração localizadas em Espanha, nas regiões da Catalunha, Aragon e Castilla y Leon”, anunciou.

As centrais de cogeração em questão atuam no tratamento de resíduos provenientes de suiniculturas, desempenhando uma “importante função ambiental”. Todas as cogerações trabalham em exclusivo com gás natural, sendo a energia térmica produzida consumida, na totalidade, no tratamento dos resíduos. Em complemento às receitas provenientes da energia elétrica produzida, estas centrais têm ainda proveitos associados à desidratação dos resíduos e à sua incorporação em fertilizantes.

Os ativos adquiridos possuem uma capacidade global instalada de 88 MW, correspondente a aproximadamente 24% da capacidade de cogeração instalada em Espanha no setor do tratamento de resíduos provenientes de suiniculturas.

Esta aquisição enquadra-se na estratégia de crescimento da Capwatt como promotor de soluções integradas de Energia, permitindo à empresa mais do que duplicar a atual potência instalada (que passará de 77 MW, para 165 MW), ao mesmo tempo que permitirá à CapWatt reforçar a sua presença no mercado Espanhol”, diz a Sonae Capital, acrescentando que “a aquisição foi financiada com um mix adequado de capitais próprios e capitais alheios”.

(Notícia atualizada às 21h40)

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Quase 30 mil sócios gerentes já receberam apoio de 25,3 milhões de euros

  • Lusa
  • 22 Outubro 2020

Questionado pelos deputados sobre os atrasos nos apoios a empresas e trabalhadores, Siza Vieira justificou com o contexto da crise pandémica.

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, disse esta quinta-feira que medidas como a redução do IRC e apoios fiscais à criação de emprego não são “a melhor forma de apoiar as empresas”.

“Tem sido alegado que o Orçamento do Estado tem muito poucas medidas de apoio as empresas” como reduções de IRC e incentivos fiscais a criação de emprego, lembrou o governante, durante uma audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

Discordo que seja por via fiscal a melhor forma de ajudar as empresas este ano e no próximo”, salientou, indicando que este ano estas medidas não “seriam eficazes”, porque as empresas não vão dar lucro.

Questionado várias vezes pelos deputados sobre os atrasos nos apoios a empresas e trabalhadores, no âmbito da covid-19, o governante adiantou que “num contexto em que temos uma crise desta dimensão e ocorre rapidamente” é “óbvio que existirão atrasos”.

“Reconheço com humildade que nem tudo correu da melhor forma e pedi aos deputados e povo português que tivessem tolerância. Precisamos de capacitar a Administração Pública” em capacidade informática e de recursos humanos, justificou. O ministro revelou, ainda assim, que o apoio aos sócios gerentes já chegou a 29.562 membros de órgãos sociais, num valor de 25,3 milhões de euros.

Siza Vieira salientou que em 2021 uma das prioridades será a capitalização das empresas, admitindo “instrumentos híbridos” que robustecem os capitais dos grupos sem existir uma entrada de capital por outras entidades, pelo menos imediata. “Se não forem reembolsados, convertem-se em capital”, adiantou, respondendo, a uma pergunta do deputado Bruno Dias, do PCP, que podem ser “mini CoCos”, semelhantes aos aplicados nos bancos.

O ministro admitiu ainda apoios diferenciados por setores, adiantando que iria lançar uma linha de crédito para o setor das microempresas que apoiam o turismo, como ‘stands’, feiras ou iluminação em que 20% do crédito concedido pode ser a fundo perdido “se houver manutenção de emprego no próximo ano”.

Questionado sobre a falta de acesso aos apoios de empresas que já estavam numa situação complicada, antes da pandemia, Siza Vieira disse “que as condições de acesso aos benefícios públicos não são determinadas pelo Governo português e sim pela Comissão Europeia, porque são auxílios de Estado”. Por isso, as “empresas destinatárias tinham de ser solventes e viáveis antes da crise, e eu acho que é uma condição razoável e sensata”, indicou.

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Resseguradoras alemãs avisam que preços sobem na próxima época de renovações

  • ECO Seguros
  • 22 Outubro 2020

A Fitch notou que as perdas acumuladas com catástrofes subiram no 3ºT. Munich Re e Hannover Re advertem para mais disciplina na subscrição de risco, antevendo que preços subam nas renovações.

A Munich Re prevê que a época de renovações de contratos, em janeiro, traga um endurecimento dos preços, nos seguros e no resseguro, uma vez que o setor precisa de voltar a focar-se na questão da rentabilidade.

“Queremos apoiar os nossos clientes de forma fiável no longo prazo, suportados pela nossa capacidade financeira e o nosso conhecimento dos riscos. Na Munich Re dedicamos muita atenção à subscrição, bem como aos preços, termos e condições adequados”, comentou Doris Höpke, membro do Conselho de Administração e responsável pelos mercados da Europa e América Latina.

A resseguradora considera que as baixas taxas de juro estão a ter impacto nos lucros do resseguro e, ao mesmo tempo, a pandemia COVID-19 e o consequente contexto de confinamento estão a gerar alertas na indústria relativamente a riscos sistémicos. Os preços devem adequar-se aos riscos e é por isso que a Munich Re está focada em manter disciplina na atividade de subscrição na próxima campanha de renovações de contratos, explicou a companhia.

No mesmo sentido, a E+S Rückversicherung, filial da Hannover Re, assume a perspetiva de um aumento de preços e melhores condições nas renovações de resseguro no mercado germânico. De acordo com a companhia, a tendência na contração global da capacidade de resseguro também está a fazer-se sentir na Alemanha.

O efeito combinado da covid-19 com o ambiente de taxas de juro baixas estão a suportar uma inversão de tendências em seguros e resseguros, conduzindo a preços mais elevados, disse a resseguradora. “Juntamente com os impactos diretos da pandemia, o declínio renovado das taxas de juro está a ter um impacto nos lucros da indústria seguradora. Por isso, os aumentos de preços nas seguradoras primárias são absolutamente fundamentais, sendo igualmente necessários ajustamentos do lado do resseguro”, explicou Michael Pickel, Diretor Executivo da E+S Rück.

Comentário da Fitch aponta perdas acumuladas com catástrofes

Num comentário sem qualquer efeito nas classificações de rating, a Fitch estima que as perdas com sinistros catastróficos do 3º trimestre (3ºT) podem elevar-se a, pelo menos, 25 mil milhões de dólares, fixando período de maior prejuízo desde o 3ºT de 2017, impulsionada por uma elevada frequência de eventos durante os meses de julho a setembro de 2020, em particular no mercado dos EUA.

Embora a maioria das seguradoras e resseguradoras esteja muito bem posicionada para absorver estas perdas, uma vez que os respetivos balanços são fortes e os programas de resseguro são robustos, a agência de rating nota que algumas companhias estão agora a relatar impactos materiais, tornando o terceiro trimestre um período de custos excecionalmente elevados devido a eventos como os furacões Isaias, Laura, e Sally, a tempestade de vento Derecho no Midwest norte americano, e incêndios florestais na Califórnia e no Oregon.

Além dos gastos acumulados com as catástrofes naturais, algumas resseguradoras globais terão ainda de fazer frente aos custos da explosão no porto de Beirute, lê-se no comentário da agência de notação financeira.

Com as perdas da tempestade Laura, geralmente estimadas num intervalo entre os 11 mil milhões e os 15 mil milhões de dólares, a Fitch explica que, considerando os restantes eventos, as perdas com catástrofes naturais poderão elevar-se a cerca de 25 mil milhões de dólares no trimestre, uma estimativa que coloca 2020 acima da média de perdas catastróficas até à data.

“Espera-se que esta acumulação de perdas ultrapasse muitos orçamentos de catástrofes individuais das empresas e uma maior pressão sobre os lucros do ano 2020”, observa a Fitch notando que a estimativa exclui as perdas da pandemia da Covid-19, que provavelmente continuarão a pressionar alguns seguradores.

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Insurtech que otimiza gestão de sinistros vence campeonato de Inovação da Zurich

  • ECO Seguros
  • 22 Outubro 2020

Duas norte-americanas e uma insurtech australiana são as vencedoras do concurso anual de Inovação conduzido pelo Zurich Insurance Group.

A ClaimFlo, uma plataforma de inteligência artificial (machine learning) desenvolvida pela Safekeep para processamento de participações de sinistros no ramo P&C (propriedade e acidentes), conquistou o galardão de ouro da edição anual do Zurich Innovation Championship, anunciou a seguradora suíça.

“As start-ups premiadas apresentaram ideias que procuram resolver alguns dos maiores desafios que a sociedade enfrenta, melhorando também para a proteção face a riscos emergentes”, introduz uma nota da instituição suíça. A ClaimFlo, solução vencedora do campeonato, “tem o potencial de aumentar a eficiência e a relação custo-eficácia na identificação e processamento de reclamações para investigações e recuperação,” lê-se numa das comunicações divulgadas pela Zurich ao longo do concurso.

Dos outros dois finalistas do 2º concurso de inovação Zurich, ambos em segundo lugar, a Pops! Diabetes Care (Austrália) é inovadora na área de testes de glicemia (medição de açúcar no sangue). A startup construiu uma aplicação alternativa que permite, em tempo real, monitorizar níveis de glicose no sangue e promover o treino de doentes através de dispositivos móveis, um projeto que otimiza a gestão de produtos e serviços no ramo de Saúde.

Já a Jupiter Intelligence, ex aequo em prata com a Pops!, desenvolveu uma solução para gerir riscos catastróficos, utilizando a modelação de fatores associados às alterações climáticas. A Safekeep, de Nova Iorque, e a Jupiter Intelligence, sediada na Califórnia, estavam entre as 16 startups inicialmente selecionadas pela Zurich North America. Em julho, passaram à condição de finalistas.

“O potencial das ideias introduzidas durante o campeonato de Inovação da Zurique deste ano foi muito impressionante”, disse Stuart Domingos, responsável pela área de Inovação no grupo Zurich. “Esperamos aprofundar o nosso trabalho com os vencedores e continuar a colaboração com os outros finalistas, explorando soluções para o nosso negócio, as nossas comunidades e clientes, tendo em mente um futuro mais sustentável e eficiente“, comentou Domingos.

Os vencedores, nomeados depois dos pitch final seguido pelo Comité Executivo do Grupo Zurich, foram escolhidos de entre oito projetos selecionados no verão para trabalharem com a seguradora global em provas de conceito. As propostas vencedoras representam soluções “que alinham com as prioridades da companhia no estabelecimento de confiança e responsabilidade” quando se trata de gerir e manusear dados numa sociedade digital, justifica entidade num comunicado.

Embora não tenham chegado ao pódio, os outros cinco selecionados conquistaram reconhecimento por terem apresentado soluções “potencialmente importantes para a companhia e os seus clientes”. O quinteto é composto pela Mellow (Hong Kong), Parametrix (Israel) , Wenalyze (Espanha); DeepAgro (Argentina), DESCIFRA (México).

O Innovation Championship da Zurich, que agora conclui a sua segunda edição anual, foi pensado para criar colaborações com insurtechs de todo o mundo, promovendo a aceleração de ideias inovadoras e desenvolvimento de produtos e serviços com potencial para o futuro da indústria seguradora.

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Ministro das Finanças diz ter margem no OE 2021 para reforçar medidas de apoio ao emprego

  • Lusa
  • 22 Outubro 2020

João Leão afirmou que o Governo tem margem para aumentar as verbas destinadas ao apoio às políticas ativas de emprego se a pandemia da covid-19 se prolongar ou agravar no país.

O ministro de Estado e das Finanças afirmou esta quinta-feira que o Governo tem margem para aumentar as verbas destinadas ao apoio às políticas ativas de emprego se a pandemia da covid-19 se prolongar ou agravar no país.

Esta posição de João Leão foi transmitida numa reunião com o Grupo Parlamentar do PS que está a decorrer na Assembleia da República sobre a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2021.

Fontes da bancada socialista afirmaram à agência Lusa que o titular da pasta das Finanças classificou a vertente do apoio às políticas ativas de emprego como “um compromisso muito forte deste Governo” face à atual crise sanitária, económica e social.

No seu discurso, de acordo com as mesmas fontes, João Leão salientou a recusa do Governo “em seguir uma via austeritária” de resposta à atual crise e adiantou que o executivo minoritário socialista “tem margem para ir mais longe” ao nível das dotações destinadas às políticas ativas de emprego, sobretudo num cenário de agravamento da atual pandemia.

Perante os deputados socialistas, destacou também “o compromisso” do Governo de proceder a um novo aumento extraordinário das pensões, medida que estimou abranger cerca de um milhão de cidadãos.

Outro ponto da sua intervenção inicial relacionou-se com a projetada descida do défice de 7,3% este ano para 4,3% em 2021, em resultado do crescimento económico previsto para o próximo ano, o que, na sua perspetiva, deixará o país a comparar bem no conjunto dos Estados-membros da União Europeia.

Na reunião, João Leão foi depois confrontado com um aviso do deputado socialista Marcos Perestrello sobre a necessidade de serem reforçadas as verbas para entidades empenhadas no combate à corrupção, dando como exemplo o caso da Polícia Judiciária (PJ).

O ex-secretário de Estado da Defesa fez mesmo questão de salientar que esse reforço de meios humanos e financeiros para a PJ “é essencial até do ponto de vista político” para o PS e para o Governo, numa alusão às recentes polémicas em torno da nomeação da procuradora europeia e da substituição do presidente do Tribunal de Contas.

Depois de uma intervenção marcadamente técnica por parte do ministro das Finanças, o deputado socialista Ascenso Simões fez antes uma intervenção de caráter político, considerando que do ponto de vista teórico, “à partida, esta proposta de Orçamento deveria ser apoiada por todas as forças à esquerda do PS, mas isso não está a acontecer”.

“Qual a razão para isso não estar a acontecer? O que antecipa esta realidade em relação ao futuro? Que condições de governabilidade vamos ter?”, interrogou-se o deputado do PS eleito por Vila Real, citado por um seu colega de bancada.

Perante os sinais de afastamento do Bloco de Esquerda e do PCP em relação ao Governo, Ascenso Simões defendeu que o PS e o executivo devem começar a dramatizar a questão do Orçamento em termos de governabilidade.

“O comportamento dos partidos à nossa esquerda deixa tudo numa situação dificílima. Tem de haver dramatismo político. Temos de ter condições para uma maioria absoluta”, sustentou Ascenso Simões, numa alusão ao cenário de eleições legislativas antecipadas.

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PSD encurta uso obrigatório de máscara na rua para três meses e elimina viseiras do diploma

  • Lusa
  • 22 Outubro 2020

PSD altera diploma que impõe a obrigatoriedade do uso de máscaras na rua, retirando a possibilidade de estas serem substituídas por viseiras e encurtando o período de vigência da medida para 3 meses.

O PSD alterou esta quinta-feira o diploma que impõe a obrigatoriedade do uso de máscaras na rua, retirando a possibilidade de estas serem substituídas por viseiras e encurtando o período de vigência da medida de quatro para três meses, renováveis.

O diploma que tornará obrigatório o uso de máscaras em espaços públicos será votado na sexta-feira e o PSD irá pedir a votação simultânea na generalidade, especialidade e final global, disse à Lusa o vice-presidente da bancada Carlos Peixoto.

De acordo com Carlos Peixoto, as alterações introduzidas no texto, que deram entrada esta quinta-feira no Parlamento, foram “transmitiram previamente” ao PS e contam com a concordância dos socialistas, tendo o diploma aprovação garantida com os votos favoráveis das duas maiores bancadas.

Entre as alterações ao texto entregue, conta-se também uma nova exceção para a dispensa do uso de máscaras em espaços públicos “sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável”: estas não são necessárias “em relação a pessoas que integrem o mesmo agregado familiar, quando não se encontrem na proximidade de terceiros”.

As restantes exceções mantêm-se idênticas, com o diploma a determinar que pode haver dispensa desta obrigatoriedade – que se aplica a pessoas com mais de 10 anos – “mediante a apresentação de atestado médico de incapacidade multiusos ou declaração médica, no caso de se tratar de pessoas com deficiência cognitiva, do desenvolvimento e perturbações psíquicas” ou ainda de “declaração médica que ateste que a condição clínica da pessoa não se coaduna com o uso de máscaras”. Também não é obrigatório o uso de máscara quando tal “seja incompatível com a natureza das atividades que as pessoas se encontrem a realizar”.

Quanto à fiscalização, o PSD simplifica a formulação do texto, dizendo que “compete às forças de segurança e às polícias municipais”, quando na versão inicial se detalhava que competia “à Guarda Nacional Republicana, à Polícia de Segurança Pública, à Polícia Marítima e às polícias municipais”.

O novo diploma explicita que a obrigatoriedade do uso de máscara é “excecional” e retira, em relação ao primeiro texto, a referência às viseiras como alternativa ao uso de máscaras. “O disposto na presente lei vigora por um período de 90 dias, contados a partir do dia seguinte ao da sua publicação, sem prejuízo da sua eventual renovação”, refere a nova versão do diploma, que antes falava em 120 dias.

Mantém-se inalterado o regime sancionatório, que prevê que o incumprimento do uso de máscara constitui contraordenação, sancionada com coima entre os cem e os 500 euros.

A iniciativa do PSD surgiu na sequência da proposta de lei apresentada pelo Governo na semana passada, que pretendia tornar obrigatório quer o uso de máscara quer da aplicação informática StayAway Covid.

Depois das críticas generalizadas dos partidos – incluindo do PS – à obrigatoriedade de usar a app que foi anunciada há meses como voluntária, o presidente do PSD, Rui Rio, anunciou a intenção dos sociais-democratas apresentarem um projeto idêntico ao do Governo, mas apenas na parte relativa às máscaras, o que foi concretizado na passada sexta-feira. Em entrevista à TVI na segunda-feira, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo iria “desagendar” a apreciação do seu diploma, ficando apenas a proposta “consensual” do PSD sobre a imposição do uso da máscara na rua

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