Há 347 mil famílias em incumprimento no crédito ao consumo
O número de devedores em falha com pagamento do crédito ao consumo era de quase 347 mil no final de 2019. Ou seja, mais 43,6 mil do que no período homólogo.
Após seis anos consecutivos de alívio, o incumprimento no crédito ao consumo voltou a crescer. No ano passado, a lista de portugueses em falha com o pagamento das prestações do crédito ao consumo engordou em quase 43,6 mil.
Dados disponibilizados pela entidade liderada por Carlos Costa apontam para a existência de 346.975 devedores em falha no pagamento dos respetivos encargos com o crédito ao consumo em dezembro do ano passado. Este número representa uma subida de 43.581 em comparação com os 303.394 devedores que estavam em situação similar um ano antes.
O aumento do número de incumpridores com o crédito ao consumo, em 2019, acontece após seis aos consecutivos de quebras, e enquadra-se num contexto de aceleração da nova concessão com esse fim. No ano passado, os bancos disponibilizaram 5.245 milhões de euros em crédito ao consumo. Trata-se de um aumento de 12,55% face a 2018, e o montante mais elevado desde 2005.
Evolução do incumprimento no crédito ao consumo
Banco de Portugal | ECO
Após constatar uma aceleração da taxa de crescimento da concessão de crédito ao consumo na fase final de 2019, o Banco de Portugal decidiu mesmo reforçar a sua medida macroprudencial para o crédito, focando agora as suas atenções precisamente no crédito ao consumo. No final de janeiro anunciou a criação, no âmbito da recomendação, de um teto máximo às maturidades no crédito pessoal e a limitação da concessão em empréstimos com taxas de esforço mais elevadas. A medida entra em vigor a 1 de abril.
Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, não se mostra surpreendida com o acréscimo de situações de incumprimento no crédito ao consumo registada no ano passado. “É algo que também temos vindo a verificar”, diz, explicando que há um aumento do montante do crédito pessoal que está envolvido nos pedidos de ajuda de consumidores que têm sido feitos àquela associação. De recordar que, em 2019, mais de 29 mil sobreendividados pediram ajuda à Deco.
“O que verificamos é que se tratam de créditos contratados recentemente“, alerta a responsável da Deco, revelando preocupação sobre a forma como esses financiamentos estão a ser concedidos. Natália Nunes diz que, pela primeira vez, o grosso dos pedidos de ajuda de consumidores que chegaram ao seu gabinete não se deveu a situações de desemprego, mas à precariedade do mercado de trabalho e à degradação das condições laborais.
“Parece-nos que a análise da solvabilidade no que concerne ao crédito pessoal, e muito nos cartões de crédito, é feita com alguma ligeireza“, considera assim Natália Nunes. A especialista diz ainda que o regulador — o Banco de Portugal — não tem prestado a devida atenção ao tema dos cartões de crédito. “Nos cartões de crédito, nós verificamos que tem vindo a aumentar o peso que estes têm e que muitas vezes não é feita a avaliação da solvabilidade dos consumidores.
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