N26 triplica clientes em Portugal. Afinal só cumpre meta dos 100 mil clientes este ano
O banco digital N26 "mais do que triplicou" o número de clientes em Portugal no ano passado. Prevê alcançar 100 mil clientes na primeira metade de 2020.
As comissões cobradas pela banca tradicional têm levado muitos portugueses a apostarem nos bancos digitais. E apesar de ainda não substituírem totalmente as contas nos grandes bancos, o certo é que estas startups do setor financeiro têm crescido em Portugal nos últimos anos.
Um desses bancos digitais é o alemão N26, que “mais do que triplicou” o número de clientes em Portugal no ano passado, revelou fonte oficial. A empresa tem recusado divulgar o tamanho da base de clientes neste mercado, mas o ECO sabe que a empresa falhou o objetivo anunciado de ter 100 mil contas no país até final de 2019. A previsão é alcançar esta meta no primeiro semestre de 2020.
Para este crescimento tem contribuído o sistema de referências, em que os utilizadores podem obter benefícios por recomendarem o banco aos amigos. “Não divulgamos o nosso número exato de clientes em Portugal. Temos cinco milhões de clientes nos nossos 26 mercados. O que podemos dizer é que as recomendações de amigos têm um enorme impacto no nosso crescimento em Portugal”, assume Sarunas Legeckas, diretor-geral na Europa.
Este fator ajudou a colocar o mercado português entre os países onde o crescimento da N26 é mais acelerado, sendo “um dos territórios” nos quais a aplicação cresceu “mais rapidamente” no ano passado. Não apenas na Europa, mas “a nível global”, garante o responsável. Os mais jovens são também dos maiores fãs, prova o facto de o grupo etário que mais cresceu ter sido “a faixa dos 18 aos 24 anos”. Ainda assim, “mais de 40%” dos clientes portugueses têm mais de 35 anos, revela.
“Queremos acolher ainda mais clientes portugueses este ano e vamos continuar a proporcionar ferramentas de banking inovadoras”, promete Sarunas Legeckas. Isto depois de um ano em que a N26 reformulou a sua aplicação para telemóveis e anunciou, pelo menos, uma parceria com uma marca mainstream — a Glovo, uma app de estafetas e entrega de refeições ao domicílio.
Contas do N26 entram na declaração do IRS. Banco fala em “discriminação”
Os clientes dos bancos digitais foram surpreendidos no ano passado, quando o Fisco revelou que as contas nestas aplicações são consideradas contas bancárias domiciliadas no estrangeiro, pelo que têm de ser declaradas no IRS. E, à semelhança de 2019, os portugueses vão ter novamente de declarar o IBAN da N26 nas suas declarações de rendimentos este ano.
A fintech alemã reconhece esse facto: “Na sua declaração anual de IRS, um cliente N26 deve declarar uma conta estrangeira que tenha aberto ou encerrado e fornecer toda a informação necessária sobre essa conta”, diz Sarunas Legeckas.
Mas apesar de não estar obrigada a ter de ajudar os clientes a cumprirem obrigações fiscais, a N26 quer ser proativa nesta questão: “Para garantir que oferecemos a experiência de banking mais harmoniosa, continuamos à procura de formas inovadoras para ajudar os nossos clientes a compreender melhor este processo”, garante.
Por ser considerado uma instituição de crédito pelo Banco de Portugal (BdP), os clientes da N26 têm de declarar o IBAN às Finanças desde 2016, uma situação em que não se encontra, por exemplo, a concorrente Revolut, por não ser considerada instituição de moeda eletrónica pelo banco central português.
Ora, a N26 transparece insatisfação perante a obrigação de se ter de declarar uma conta estrangeira ao Fisco, em detrimento das contas nacionais. Fala mesmo em “descriminação”, num enquadramento de uma economia cada vez mais globalizada.
“Na banca, a regulamentação não avançou à mesma velocidade que a inovação, nos últimos anos. Como empresa global, defendemos um alinhamento cada vez maior da regulamentação a nível global”, aponta Sarunas Legeckas.
Por isso, apesar de a N26 funcionar com um Passaporte Europeu (“uma licença bancária concedida pelo BaFin e pelo Banco Central Europeu”, explica o diretor-geral), falta um “alinhamento” em toda a Europa, considera. “O mesmo se aplica a tópicos de compliance, como a discriminação do IBAN. Ainda que haja um padrão europeu, vemos clientes a passar por alguma discriminação, como é o caso de Portugal”, critica o diretor-geral da empresa no mercado europeu.
Atualmente, a empresa tem 24 colaboradores portugueses e faz a gestão das operações a partir de Berlim. As contas básicas são gratuitas e é possível pedir um cartão de débito, à semelhança dos serviços da Revolut e Monese, entre outros.
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