Na Zurich há “Conversas com o CEO” todos os dias, mas à distância. E “luta-se pelo negócio”
António Bico, CEO da Zurich em Portugal, diz que tendências em progresso se tornaram definitivas. Digital é o presente, ajudando ao trabalho remoto. Para estar presente, criou as "Conversas com o CEO"
“Tudo vai ser diferente daqui para a frente”, diz António Bico, CEO da Zurich em Portugal. Esta pandemia irá “alterar o paradigma e marcará, com certeza, um momento de mudança na sociedade e no mundo”. O responsável máximo pela seguradora suíça é um dos muitos portugueses que estão a trabalhar a partir de casa
e foi entrevistado para Gestores em Teletrabalho, a nova rubrica diária do ECO.
Para o gestor aconteceu “uma viragem definitiva para três realidades, antes em progresso e agora definitivas: a era digital, isto é, a tecnologia provou ser capaz; o modelo de trabalho a partir de casa que se afirmou indubitavelmente; e a confiança no digital”.
O CEO trabalha a partir de casa, tal como os quase 500 colaboradores da Zurich. “Apesar de o trabalho remoto não ser um conceito novo para a Zurich, nunca o tínhamos feito com todas as equipas em simultâneo”, diz. Instituiu as “Conversas com o CEO”, que reúne remotamente a maioria dos colaboradores da Zurich e onde, em sessões de 30 minutos que acontecem ao longo de vários dias, vai conseguir “estar mais próximo dos colaboradores, ouvindo-os e partilhando com eles as medidas que vamos implementando para garantir o serviço de qualidade aos nossos parceiros de negócio e clientes”.
As primeiras medidas implementadas na Zurich para conter a propagação do Covid-19 foram tomadas ainda em meados de fevereiro, em alinhamento com as orientações da Organização Mundial da Saúde, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças e da Direção Geral da Saúde. “Focámo-nos em intensificar a proteção e bem-estar dos nossos colaboradores e parceiros de negócio, através do reforço dos produtos de higiene e segurança nas nossas instalações, da aquisição de máscaras hospitalares que distribuímos pelos nossos edifícios e da preparação de salas de isolamento, cancelámos todas as viagens profissionais internacionais e nacionais e também as formações e os eventos que estavam agendados”, refere António Bico.
Numa segunda fase, quase imediata à primeira, a Zurich substituiu as reuniões presenciais por teleconferências foi tomada a decisão de colocar os colaboradores no local mais seguro, em casa. “Progressivamente, fomos assistindo ao aumento do número de colaboradores a trabalhar a partir de casa”, nota o CEO.
Atualmente a Zurich tem praticamente 100% dos colaboradores a trabalhar a partir de casa e a responder em pleno, segundo Bico. “O Zurich Help Point, que é o nosso call center que presta apoio a parceiros de negócio e assistência aos clientes, está totalmente operacional com a equipa a trabalhar a partir de casa. O mesmo para a equipa de gestão de sinistros”.
Atualmente a questão é gerir as mudanças mentais: “O que estamos a fazer agora é cuidar das nossas pessoas, ao nível da saúde, do equilíbrio emocional, da vida saudável e da continuação do desenvolvimento de competências”, afirma o CEO acrescentando que “as consultas médicas presenciais que antes tínhamos nos edifícios foram substituídas por teleconsultas, com alargamento ao agregado familiar”, sendo esta uma forma de garantir que os nossos colaboradores não precisam de sair de casa.
Ainda para o “equilíbrio emocional, vida saudável e desenvolvimento de competências”, a Zurich lançou o programa “Be Connected”, que inclui a sessão aberta de 30 minutos com os colaboradores, visa fomentar as relações pessoais e profissionais, demonstrando que “mesmo a trabalhar remotamente, a partir de casa, com a família, conseguimos estar ligados uns aos outros”, conclui.
Entretanto, a A Zurich continua em contacto com as entidades parceiras da Missão Azul, o clube de voluntariado, no sentido de, mesmo à distância, “dar-lhes o devido suporte”.
Por último a Zurich vai dar aulas virtuais de exercício físico para colaboradores e suas famílias, sessões de mindfulness e um conjunto de webinars sobre temas que vão desde a auto motivação à alimentação saudável. Vai ainda proporcionar um conjunto de formações e-learning para que as nossas pessoas continuem a somar competências profissionais.
Planos de contingência à escala global
Países onde a presença da Zurich tem forte expressão estão com graves problemas relacionados com a pandemia. Suíça, claro, onde está a sede, mas também Espanha e Itália.
“Existem princípios do Modelo de Governação do Grupo Zurich que ganham evidência global em tempos desafiantes como este, ou seja, todos os países estão a lidar com esta pandemia de forma muito similar e com os mesmos objetivos”, explica António Bico, “tal como nós em Portugal, as equipas da Zurich em países afetados encontram-se todas a trabalhar a partir de casa”.
Os imprevistos podem acontecer? “Perante tempos tão extraordinários, não estamos isentos a que surjam questões e obstáculos, mas temos sabido ultrapassá-los, graças ao grande empenho e enorme esforço de todos os colaboradores”. A Zurich conta, há muitos anos, com planos de contingência, de resiliência e de continuidade de negócio para diferentes cenários de crise que possam pôr em causa a integridade física dos colaboradores e parceiros de negócio e a normalidade do negócio. “Para nos prepararmos, fazemos simulacros com regularidade ao longo do ano que nos ajudam a perceber quais os melhores caminhos para atuar em situações reais”, conta o CEO, mas uma rápida adaptação só foi possível porque “ao longo dos últimos anos temos vindo a desenvolver um conjunto de plataformas digitais com vista a facilitar, agilizar e inovar o dia-a-dia dos nossos colaboradores e parceiros de negócios”, conclui.
E o negócio? Está a cair
“Ainda é cedo para avaliar o impacto que esta pandemia terá no negócio, mas é possível constatar a diminuição do tráfego, o encerramento de várias atividades económicas ou a diminuição da atividade em muitas outras”, diz António Bico. Com as famílias nas suas casas e a atividade económica e de lazer diminuída, a Zurich nota um pequeno decréscimo nas participações de sinistros. No entanto, “podemos esperar uma redução da sinistralidade mas, igualmente, uma diminuição proporcional nos prémios, isto é nas receitas”, alerta o CEO.
A companhia teve muitos pedidos de esclarecimento de mediadores e clientes para saber como estavam seguros em saúde, automóvel, Vida. “O momento atual é de extrema sensibilidade para os portugueses, pelo que a prioridade da Zurich é garantir a proteção que as pessoas esperam de nós”, refere Bico, “o nosso contacto com os parceiros de negócio é diário e, desde o início de março, temos vindo a partilhar todo o tipo de informação com os nossos parceiros, apoiando-os e esclarecendo-os, para que, por sua vez, possam clarificar e confortar os clientes. Quanto aos clientes, a Zurich criou uma área dedicada ao Covid-19 no website, em formato de pergunta e resposta, onde os clientes encontram toda a informação relacionada com os efeitos da declaração de pandemia e decreto de estado de emergência na cobertura dos seguros.
O futuro será diferente para o mundo e para António Bico
António Bico não arrisca prazos para que a vida retome a normalidade “para bem de todos, espero que a possamos retomar o quanto antes e com poucos danos para os portugueses, mas vai de certeza ser um mundo diferente do que vivemos até então”.
Que mudanças vai trazer ao gestor: “Estava longe de todos nós vivenciarmos uma experiência destas. Na minha vida de gestor já experimentei alguns momentos que mudaram o mundo: O ataque às Torres Gémeas, a crise financeira de 2008 e agora a pandemia Covid-19. Segundo o gestor estes factos mudaram-me enquanto gestor e enquanto pessoa e “o gestor e a pessoa são indissociáveis”, confirma.
Por tudo conclui: “Esta pandemia vai mudar a sociedade, vai mudar a nossa tolerância e flexibilidade para com o outro, a nossa entrega e disponibilidade. Depois deste período tão desafiante, seremos maioritariamente pessoas diferentes”, conclui.
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