Banco de Espanha prevê contração económica de até 13,6% em 2020
Em 2021, a recuperação será "significativa mas não completa", antecipa o Banco de Espanha. O défice este ano aumenta para um valor entre 7% e 11% do PIB e a dívida pública para entre 110% e 120%.
O Banco de Espanha prevê uma contração económica “sem precedentes” este ano, como resultado da epidemia do coronavírus e das medidas adotadas, que pode chegar a 13,6% do PIB, se o confinamento for prolongado por doze semanas.
Num relatório publicado esta segunda-feira, a instituição analisa o impacto da pandemia na economia e nas contas públicas do país, prevendo uma queda do PIB “sem precedentes na História recente” de Espanha, que será seguida, em 2021, por uma recuperação “significativa mas não completa” da atividade e do emprego que se esperava antes da pandemia.
O confinamento e o encerramento de certas atividades, explica, já teve um impacto no emprego e no rendimento das famílias e das empresas, agravado pela fragilidade do mercado externo, pela perturbação das cadeias de abastecimento mundiais e pelo “encerramento” do setor do turismo.
Face a esta situação e apesar da incerteza que persiste – tanto em relação à duração do confinamento como às circunstâncias que se manterão quando for levantado, que não espera que sejam “totalmente normais” –, o Banco de Espanha faz uma série de estimativas de impacto económico com base em várias metodologias e cenários.
Utilizando uma metodologia pelo lado da oferta, a queda no PIB este ano seria entre 6,6 e 8,7% se o confinamento durasse oito semanas – dependendo se a atividade voltasse ao normal após esse período ou no final do ano – e 13,6% se durar 12 semanas, um cenário em que as atividades ligadas ao lazer e hotelaria não voltariam ao normal mesmo no final do ano.
Utilizando a metodologia ligada ao modelo trimestral do Banco de Espanha, que a instituição considera ser mais adequada para medir o impacto e o efeito a médio prazo das políticas económicas, a contração situa-se entre 6,8% e 9,5% com oito semanas de confinamento – dependendo da existência de empresas afetadas por problemas de solvência –, seguida de uma recuperação de 5,5% ou 6,1% em 2021, respetivamente.
No caso de uma contenção de 12 semanas, a contração seria de até 12,4% com esta metodologia, o que pressupõe que uma certa proporção das empresas não seria capaz de evitar que a sua falta de liquidez levasse a problemas de solvência.
No que diz respeito às contas públicas, o Banco de Espanha estima que as medidas adotadas irão aumentar o défice este ano para um valor entre 7% e 11% do PIB e a dívida pública para entre 110% e 120% do PIB.
O relatório especifica que apenas os subsídios de desemprego e de cessação de atividade por conta própria, juntamente com as medidas excecionais dos processos de ‘lay-off’ – Expediente de Regulamentação Temporário do Emprego (ERTE) –, terão um custo de cerca de 6.000 milhões de euros, uma estimativa que considerada conservadora, dado que se baseia em números que já foram ultrapassados.
O Banco de Espanha também publicou um inquérito às empresas, que revela que quase 80% delas viram a sua atividade reduzida pela crise sanitária e que dois terços acreditam que o seu nível de atividade após o confinamento será inferior ao que era antes da pandemia.
As razões para esta queda na atividade são a menor procura, problemas de oferta e dificuldades na recolha de pagamentos dos clientes, bem como a falta de liquidez e financiamento.
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