Capital Criativo reinventa-se para seduzir investidores estrangeiros. Quer levantar capital no Reino Unido e Espanha
Aos dez anos de existência, sociedade de capital de risco fez uma operação de rebranding para focar internacionalização. Admite que a pandemia condiciona os retornos, mas quer fazer parte da solução.
A sociedade de capital de risco Capital Criativo vai dar lugar, a partir desta segunda-feira, à C2 Capital Partners. O novo nome e o rebranding após uma década de atividade tem como objetivo seduzir investimento estrangeiro. Ao ECO, o sócio fundador Nuno Gaioso Ribeiro explica estar a preparar uma ronda de financiamento junto de investidores internacionais.
“Nesta nova fase, em que consolidámos a nossa presença no mercado nacional, que tem uma dimensão reduzida e um estrangulamento das fontes de financiamento da nossa indústria, o que pretendemos é levantar algum capital em investidores institucionais de outros mercados“, diz Gaioso Ribeiro. Espanha e Reino Unido são os mercados preferenciais, mas estão abertos também a capital brasileiro.
Com 430 milhões de euros sob gestão e participações no capital de 25 empresas, a sociedade gestora já tem em carteira empresas com presença em países da União Europeia, EUA, América do Sul e Médio Oriente. Mas quer reforçar a exposição. “Consideramos a possibilidade de, em setores de atividade muito específicos, realizarmos investimentos diretos em empresas estrangeiras”, explica, apontando para Espanha com prioritário.
"Historicamente, temos duplicado os ativos sob gestão a cada ciclo de três anos. Considerando que temos hoje cerca de 430 milhões de euros em seis fundos, o nosso objetivo é atingir os 1.000 milhões de ativos sob gestão em 2023.”
A captação de investimento vai acontecer através da criação de um novo fundo que terá um terço de exposição internacional, mas cujo valor total ainda não está fechado. Atualmente, os investimentos da sociedade estão distribuídos por seis fundos e o objetivo é duplicar o montante nos próximos anos.
“O nosso objetivo é atingir os 1.000 milhões de ativos sob gestão em 2023. Claro que, mais importante do que este objetivo geral, é conseguir um retorno dos investimentos adequado à política de investimento de cada fundo e às metas estabelecidas com os investidores”, aponta Gaioso Ribeiro. Apesar de os objetivos variarem, num fundo clássico, a meta anual é superior a 10%. “Atualmente, nos desinvestimentos que realizámos na carteira de capital de expansão, até à crise pandémica, conseguimos cumprir os objetivos de retorno”, diz.
Capital de risco pode ser alternativa à banca na retoma
A nova marca e nova imagem assinalam os dez anos da sociedade, bem como a nova etapa mais focada na diversificação de investidores. “O que não tínhamos planeado era fazer o rebranding em plena crise pandémica. Mas como estava a ser preparado desde setembro do ano passado, decidimos fazê-lo na mesma nesta conjuntura, é também o nosso pequeno sinal de que o mundo não pode parar“, conta o sócio fundador.
O capital de risco está a ser afetado pela pandemia, com a rentabilidade dos investimentos a cair e estratégias de desinvestimento a terem de ser adiadas. No caso da C2 Capital Partners, a exposição a turismo, eventos e hospitalidade e restauração (mais de metade da carteira) obrigou a ajustamentos, mas a sociedade manteve a estratégia de longo prazo.
“Como somos investidores de longo prazo, esperamos recuperar destes efeitos conjunturais, mas sabemos que nestas indústrias isso pode demorar bastante tempo. Claro que todos estes efeitos são totalmente extensíveis, em graus diferentes (consoante a exposição setorial), à indústria de capital de risco como um todo”, aponta o gestor.
"Não podemos compensar a destruição de capital e a seca de liquidez apenas com empréstimos. A dívida bancária terá que ser combinada e complementada com medidas de capitalização.”
E acredita que o setor poderá fazer parte da retoma pós-Covid. Com as empresas descapitalizadas e a enfrentar problemas de tesouraria, como nunca, Gaioso Ribeiro considera que o capital de risco pode ser uma alternativa ao endividamento bancário, defendendo um movimento de capitalização das empresas em grande escala.
“Não podemos compensar a destruição de capital e a seca de liquidez apenas com empréstimos. A dívida bancária terá que ser combinada e complementada com medidas de capitalização“, diz o responsável pela sociedade gestora. “A indústria de capital de risco vai certamente ter uma função muito importante na retoma da economia, em Portugal e em muitos outros países”.
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